A Revolta de Kronstadt foi uma insurreição de marinheiros contra o governo russo (bolchevique). Foi o último confronto armado de importância da Guerra Civil Russa.A revolta aconteceu nas primeiras semanas de Março de 1921, em Kronstadt, uma fortaleza naval localizada na ilha de Kotlin, no Golfo da Finlândia. Tradicionalmente, Kronstadt servia de base para a frota báltica russa e de defesa marítima para a cidade de São Petersburgo (mais tarde chamada Petrogrado, depois Leningrado e então São Petersburgo novamente, que é seu atual nome), a 35 milhas de distância.
Causas da revolta
Ao final da Guerra Civil Russa, o país estava exausto e arruinado. As secas de 1920 e 1921 e a fome dos anos subseqüentes foram o capítulo final do desastre. Nos anos que se seguiram à Revolução de Outubro, epidemias, fome, guerra civil, execuções, e o desabamento econômico e social custaram por volta de 20 milhões de vidas. Um milhão de pessoas deixaram o país. Grande parte desses emigrados eram de alta escolaridade.
O comunismo de guerra ajudou o governo bolchevique a alcançar vitórias na Guerra Civil Russa, mas ele devastou a economia. Com a iniciativa privada e o comércios proscritos e o recém formado Estado incapaz de realizar essas funções adequadamente, grande parte da economia russa parou. Estima-se que a produção fabril e mineira tenha caído em 1921 para 20% dos níveis de pré-guerra, com muitos itens essenciais tendo um declínio ainda mais drástico. A produção de algodão, por exemplo, caiu para 5% e de ferro para 2% dos níveis de pré-guerra. Os camponeses responderam à expropriação de sua produção recusando-se a cultivar o solo. Em 1921 a extensão das terras cultivadas encolheu para 62% da área de pré-guerra, e a colheita era apenas 37% do normal. O número de cavalos declinou de 35 milhões em 1916 para 24 milhões em 1920, e o gado caiu de 58 para 37 milhões de cabeças durante o mesmo período. O câmbio do dólar americano, que havia sido de dois Rublos em 1914, subiu para 1.200 em 1920.
Essa situação insustentável levou a insurreições no interior, como a Revolta de Tambov, e a greves e distúrbios nas fábricas. Em algumas áreas urbanas, ocorreu uma onda de greves espontâneas.
O comunismo de guerra ajudou o governo bolchevique a alcançar vitórias na Guerra Civil Russa, mas ele devastou a economia. Com a iniciativa privada e o comércios proscritos e o recém formado Estado incapaz de realizar essas funções adequadamente, grande parte da economia russa parou. Estima-se que a produção fabril e mineira tenha caído em 1921 para 20% dos níveis de pré-guerra, com muitos itens essenciais tendo um declínio ainda mais drástico. A produção de algodão, por exemplo, caiu para 5% e de ferro para 2% dos níveis de pré-guerra. Os camponeses responderam à expropriação de sua produção recusando-se a cultivar o solo. Em 1921 a extensão das terras cultivadas encolheu para 62% da área de pré-guerra, e a colheita era apenas 37% do normal. O número de cavalos declinou de 35 milhões em 1916 para 24 milhões em 1920, e o gado caiu de 58 para 37 milhões de cabeças durante o mesmo período. O câmbio do dólar americano, que havia sido de dois Rublos em 1914, subiu para 1.200 em 1920.
Essa situação insustentável levou a insurreições no interior, como a Revolta de Tambov, e a greves e distúrbios nas fábricas. Em algumas áreas urbanas, ocorreu uma onda de greves espontâneas.
Uma lista de exigências
Em 26 de Fevereiro, em resposta a essas condições e confrontados com boatos de greves e insurreição em Petrogrado, veiculados pelo jornal Isvestia de Kronstadt, as tripulações dos navios de guerra Petropavlovsk e Sebastopol realizaram uma reunião de emergência que aprovou uma resolução com quinze exigências:
1. Novas eleições imediatas para os sovietes. Os presentes sovietes não mais expressam os desejos dos trabalhadores e camponeses. As novas eleições devem ocorrer sob voto secreto, e devem ser precedidas de livre propaganda eleitoral.
2. Liberdade de expressão e de imprensa para trabalhadores e camponeses, para os anarquistas, e para partidos socialistas de esquerda.
3. Direito à reunião, e liberdade para sindicatos e organizações camponesas.
4. A organização, no mais tardar até o dia 10 de Março de 1921, de uma conferência de trabalhadores, soldados e marinheiros de Petrogrado, Kronstadt e do distrito de Petrogrado não militantes do Partido.
5. A libertação de todos os presos políticos dos partidos socialistas, e de todos os trabalhadores, camponeses, soldados e marinheiros militantes de organizações operárias e camponesas atualmente presos.
6. A eleição de uma comissão para estudar os dossiers de todos os detidos em prisões e campos de concentração.
7. A abolição de todas as seções políticas dentro das forças armadas. Nenhum partido político deve ter privilégios para a propagação de suas idéias, ou receber subsídios do Estado para este fim. No lugar de seções políticas vários grupos culturais devem ser criados, tomando recursos do Estado.
8. A abolição imediata das barreiras militares criados entre as cidades e o campo.
9. A isonomia de rações para todos os trabalhadores, exceto para os que executam funções perigosas ou insalubres.
10. A abolição dos destacamentos de combate do Partido em todos os grupos militares. A abolição dos guardas do Partido nas fábricas e empresas. Se guardas fazem-se necessários, eles devem ser nomeados, levando-se em consideração as opiniões dos trabalhadores.
11. A concessão aos camponeses de liberdade de ação sobre seu próprio solo, e do direito de possuir gado, contanto que sejam diretamente responsáveis por aqueles e que não utilizem mão de obra assalariada.
12. Nós pedimos que todas as unidades militares e grupos de cadetes aspirantes se juntem a esta resolução.
13. Nós exigimos que a imprensa dê publicidade adequada a esta resolução.
14. Nós exigimos a instituição de grupos de controle operário móveis.
15. Nós exigimos que a produção artesanal seja autorizada desde que não utilize mão de obra assalariada.
Das quinze exigências, apenas duas estavam relacionadas com o que os marxistas chamam de "pequena burguesia", os camponeses e artesãos relativamente ricos. Estes exigiam "libertade plena de ação" para todos os camponeses e artesãos que não empregavam mão de obra assalariada. Como os trabalhadores de Petrogrado, os marinheiros de Kronstadt exigiam a isonomia de salários e o fim das barreiras nas estradas que restringiam tanto viagens quanto a capacidade dos trabalhadores de trazer comida para as cidades.
Finalmente, em Março de 1921, a base naval de Kronstadt se levantou em revolta contra o domínio bolchevique. Os marinheiros e outros rebeldes exigiam sovietes livres e a realização de uma assembléia constituinte. O governo bolchevique respondeu com um ultimato em 2 de Março. Este afirmava que a revolta havia sido "certamente preparada pela contra-inteligência francesa" e que a resolução de Petropavlovsk era uma resolução da "Centúria Negra-SR" (SR significava "Socialistas Revolucionários", um partido socialista democrata que havia sido maioria nos sovietes antes do retorno de Lenin, cuja direita havia se negado a apoiar os bolcheviques; a "Centúria Negra" eram uma força reacionária, proto-fascista, anterior à revolução, que atacava judeus, militantes trabalhistas e radicais, entre outros). Eles também chegaram a afirmar que a revolta havia sido organizada por oficiais ex-Tzaristas liderados pelo ex-general Kozlovsky (ironicamente, ele havia sido enviado ao forte por Trotsky). Essa era a versão oficial durante toda a revolta.
1. Novas eleições imediatas para os sovietes. Os presentes sovietes não mais expressam os desejos dos trabalhadores e camponeses. As novas eleições devem ocorrer sob voto secreto, e devem ser precedidas de livre propaganda eleitoral.
2. Liberdade de expressão e de imprensa para trabalhadores e camponeses, para os anarquistas, e para partidos socialistas de esquerda.
3. Direito à reunião, e liberdade para sindicatos e organizações camponesas.
4. A organização, no mais tardar até o dia 10 de Março de 1921, de uma conferência de trabalhadores, soldados e marinheiros de Petrogrado, Kronstadt e do distrito de Petrogrado não militantes do Partido.
5. A libertação de todos os presos políticos dos partidos socialistas, e de todos os trabalhadores, camponeses, soldados e marinheiros militantes de organizações operárias e camponesas atualmente presos.
6. A eleição de uma comissão para estudar os dossiers de todos os detidos em prisões e campos de concentração.
7. A abolição de todas as seções políticas dentro das forças armadas. Nenhum partido político deve ter privilégios para a propagação de suas idéias, ou receber subsídios do Estado para este fim. No lugar de seções políticas vários grupos culturais devem ser criados, tomando recursos do Estado.
8. A abolição imediata das barreiras militares criados entre as cidades e o campo.
9. A isonomia de rações para todos os trabalhadores, exceto para os que executam funções perigosas ou insalubres.
10. A abolição dos destacamentos de combate do Partido em todos os grupos militares. A abolição dos guardas do Partido nas fábricas e empresas. Se guardas fazem-se necessários, eles devem ser nomeados, levando-se em consideração as opiniões dos trabalhadores.
11. A concessão aos camponeses de liberdade de ação sobre seu próprio solo, e do direito de possuir gado, contanto que sejam diretamente responsáveis por aqueles e que não utilizem mão de obra assalariada.
12. Nós pedimos que todas as unidades militares e grupos de cadetes aspirantes se juntem a esta resolução.
13. Nós exigimos que a imprensa dê publicidade adequada a esta resolução.
14. Nós exigimos a instituição de grupos de controle operário móveis.
15. Nós exigimos que a produção artesanal seja autorizada desde que não utilize mão de obra assalariada.
Das quinze exigências, apenas duas estavam relacionadas com o que os marxistas chamam de "pequena burguesia", os camponeses e artesãos relativamente ricos. Estes exigiam "libertade plena de ação" para todos os camponeses e artesãos que não empregavam mão de obra assalariada. Como os trabalhadores de Petrogrado, os marinheiros de Kronstadt exigiam a isonomia de salários e o fim das barreiras nas estradas que restringiam tanto viagens quanto a capacidade dos trabalhadores de trazer comida para as cidades.
Finalmente, em Março de 1921, a base naval de Kronstadt se levantou em revolta contra o domínio bolchevique. Os marinheiros e outros rebeldes exigiam sovietes livres e a realização de uma assembléia constituinte. O governo bolchevique respondeu com um ultimato em 2 de Março. Este afirmava que a revolta havia sido "certamente preparada pela contra-inteligência francesa" e que a resolução de Petropavlovsk era uma resolução da "Centúria Negra-SR" (SR significava "Socialistas Revolucionários", um partido socialista democrata que havia sido maioria nos sovietes antes do retorno de Lenin, cuja direita havia se negado a apoiar os bolcheviques; a "Centúria Negra" eram uma força reacionária, proto-fascista, anterior à revolução, que atacava judeus, militantes trabalhistas e radicais, entre outros). Eles também chegaram a afirmar que a revolta havia sido organizada por oficiais ex-Tzaristas liderados pelo ex-general Kozlovsky (ironicamente, ele havia sido enviado ao forte por Trotsky). Essa era a versão oficial durante toda a revolta.
A revolta é derrotada
Os trabalhadores de Petrogrado estavam sob lei marcial e impossibilitados de oferecer apoio a Kronstadt. O governo bolchevique começou seu ataque em 7 de Março. Depois de 10 dias de ataque contínuo, durante o qual muitas unidades do Exército Vermelho foram forçadas a recuar sob fogo, e onde algumas até se juntaram à rebelião, a revolta de Kronstadt foi esmagada. O Exército Vermelho utilizou por volta de 50 mil soldados sob o comando de Mikhail Tukhachevsky, dos quais mais de 10 mil morreram antes da queda de Kronstadt em 17 de Março. Embora não hajam estimativas precisas para as baixas rebeldes durante a batalha, historiadores estimam que milhares foram executados nos dias que se seguiram à rendição, e um número semelhante foi enviado a campos de trabalho forçado siberianos. Um grande número de rebeldes mais afortunados conseguiram fugir para a Finlândia. Ironicamente, no dia seguinte à rendição de Kronstadt, os bolcheviques celebraram o 50 aniversário da Comuna de Paris.
A despeito da supressão impiedosa da insurreição pelo Exército Vermelho, a insatisfação geral com o estado das coisas não poderia ter sido mais claramente expressa. Nessa atmosfera de descontentamento, Lenin, que também concluiu que a revolução mundial não era iminente, substituiu na primavera de 1921 o Comunismo de Guerra pela sua Nova Política Econômica.
A despeito da supressão impiedosa da insurreição pelo Exército Vermelho, a insatisfação geral com o estado das coisas não poderia ter sido mais claramente expressa. Nessa atmosfera de descontentamento, Lenin, que também concluiu que a revolução mundial não era iminente, substituiu na primavera de 1921 o Comunismo de Guerra pela sua Nova Política Econômica.
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