segunda-feira, 22 de junho de 2009

Piotr Kropotkin


Pyotr Alexeyevich Kropotkin, em russo Пётр Алексе́евич Кропо́ткин, (Moscou, 9 de dezembro de 1842Dmitrov, 8 de fevereiro de 1921) foi um escritor russo

Biografia
Seu pai, príncipe de Smolensk, Alexei Petrovich Kropotkin, afirmava pertencer a antiga casa real de Rurik que governara Moscou antes dos Romanov. Sua mãe, Yekaterina Nikolaevna Sulima, filha de um general do exército russo, tinha dotes artísticos (gostava de ler, escrever e pintar) e inclinações pelos ideais liberais.
Na infância, época em que viveu numa casa de campo em Kaluga, teve contato com leituras de Pushkin, Nekrasov, Chernyshevsky (jornalista radical), tudo graças a tutores que cuidaram de sua educação nesta época.
Com quinze anos foi matriculado no Corpo de Pagens, a mais exclusiva escola militar da Rússia czarista, por ordens do próprio Nicolau I, onde eram educados somente 150 garotos na sua maioria filhos da realeza palaciana. Nesta época, entre 1857 e 1861 Kropotkin viu florescer uma atividade intelectual forte em seu país e passou a receber influências da nova literatura liberal revolucionária. Demonstrou grande interesse pelos enciclopedistas franceses assim como pela história deste povo. Com o passar dos anos também dirigiu sua atenção às condições do campesinato russo.
Em 1862 foi promovido para o exército. Como membro do corpo de pagens tinha possibilidades de escolher o regimento em que gostaria de servir, tendo optado pelo dos Cossacos Siberianos no recém conquistado distrito de Amur. Lá tinha perspectivas de conseguir um cargo administrativo. Sua condição de Sargento da Corporação implicava em, por um ano, ter sido pagem pessoal do então czar, Alexandre II.
Na Sibéria fez vistorias aos cárceres e à situação dos condenados daquela divisa. As condições deploráveis e o descaso das autoridades impressionavam-no.
Sua reputação como geógrafo se deu em grande parte pelas viagens que realizou nesta época pelo oriente siberiano onde percorreu cerca de 50 mil milhas a fim de explorar um terreno ainda muito virgem. Fez observações e desenvolveu teorias sobre as estruturas das cadeias montanhosas e platôs da Ásia Oriental. Contribuiu também para o conhecimento da história da Terra.

Kropotkin foi um dos principais anarquistas da Rússia e um dos defensores do que ele mesmo chamava de "comunismo libertário".
A base de tal concepção encontra-se na idéia de que o critério para o consumo (tanto de bens quanto de serviços) dos indivíduos não seja o trabalho, mas a necessidade. Kropotkin advogava assim um sistema de distribuição livre da produção, conceito este que está ligado ao raciocínio de que não é possível medir a contribuição isolada de um indivíduo na produção social, e que, portanto, uma vez realizada, toda ela deva ser desfrutada socialmente.
Kropotkin vê, socialista que é, a coletivização dos meios de produção como o objetivo da transformação social, mas, diferentemente de alguns, infere que a este fenômeno seguiriam como consequência inevitável a distribuição livre e a extinção de qualquer sistema de salários.
Numa tal sociedade a produção seria orientada para o consumo e não para o lucro. E Kropotkin vai além em suas considerações sobre esta outra forma de sociabilidade ao vislumbrar uma ciência dedicada a descobrir meios para conciliar e satisfazer as necessidades de todos.
Ao problema que se levanta quando se pensa a distribuição livre, Kropotkin não vê aí uma abertura para a instauração de um governo revolucionário, pelo contrário, diz ser a cooperação voluntária o substituto tanto para a propriedade privada quanto para a desigualdade, categorias nas quais se fundamentam o Estado. Neste sentido, Kropotkin defende um sistema de administração pública fundada na idéia de comuna não apenas enquanto unidade administrativa mais próxima do povo e de suas preocupações imediatas, mas também enquanto associação voluntária que reúne os interesses sociais representados por grupos de indivíduos diretamente ligado a eles.
A união destas comunas produziria uma rede de cooperações que substituiria o Estado.
Por causa de seu título e sua proeminência como um anarquista no final do século XIX e começo do XX, ele foi conhecido por alguns como "o Príncipe Anarquista", título que refutou durante toda sua vida.
Cronologia de vida
1842 – Nasceu em Moscou, Rússia, em 9 de dezembro.
1857 – Entrou para o "Corps of Pages", onde começou a desenvolver uma reputação de rebelde.
1858 – Seus primeiros escritos mostraram interesses em economia política e estatística; iniciou os primeiros contatos com camponeses "de verdade".
1861 – Foi para a prisão pela primeira vez como resultado por participar de um protesto estudantil.
1862 – Tornou-se desiludido com a realeza quando, como page de chambre para o tsar, testemunhou as extravagâncias da vida na corte.
1862-1867 – Por pedido próprio, serviu como militar na Sibéria. Testemunhou as condições de vida lá, e a falta de vontade da administração corrupta para fazer qualquer coisa a fim de melhorá-las.
1868-1870 – Buscou conhecimento sobre agrimensura e geografia.
1871 – Tornou-se interessado no movimento trabalhista e em acontecimentos acerca da Comuna de Paris.
1872 – Viajou para a Suíça, onde entrou para a Internacional Socialista; voltou para a Rússia com vários escritos Socialistas proibidos.
1873 – Como membro do Círculo de Tchaikovsky, ajudou reescrevendo panfletos de uma forma que pudesse ser lida pelos com menos educação; ele mostrou grande habilidade para se comunicar com os trabalhadores.
1874 – Foi preso na Fortaleza de Pedro e Paulo por causa de suas atividades revolucionárias. Com a intervenção da Sociedade Geográfica, ele ganhou dispensa especial para trabalhar num jornal.
1876 – Fugiu do hospital militar e se mudou para a Inglaterra.
1877 – Retornou à Suíça para trabalhar com a Federação Jura. Foi ao último encontro da Internacional Socialista em Gante.
1881 – Foi à Internacional Anarquista em Londres. Deu suporte ao assassinato do Czar Alexandre II, com base no fato de que uma explosão é bem mais efetiva do que um voto para encorajar os trabalhadores à revolução. Isso o expulsou da Suíça. O governo Russo ficou constrangido quando ele descobriu um plano para assassiná-lo em Londres.
1882 – Logo depois de se mudar para a França, foi preso por seu trabalho na Primeira Internacional Socialista e sentenciado a cinco anos na prisão. Ele ficou lá até 1886, quando foi solto sob a condição de que deixasse a França.
1886 – Voltou à Inglaterra. Descobriu que seu Irmão Alexander havia cometido suicídio no exílio por atividades políticas na Sibéria.
1890-1900 – Passou a maior parte de seu tempo escrevendo. Visitou o Canadá e os Estados Unidos em 1897. O Atlantic Monthly concordou em publicar suas memórias. Nos seus livros, ele tentou desenvolver uma visão de sociedade Anarco-comunista.
1901-1909 – Escreveu materiais em russo para leitores de sua terra natal. Ficou muito desapontado com o fracasso da Revolução de 1905.
1909-1914 – Voltou à Suíça sob a condição de refrear suas atividades anarquistas. Tentou tornar de conhecimento público o massacre de 270 trabalhadores nas Minas de Lena, mas sua atividade foi cortada por causa da Primeira Guerra Mundial. Então, ele se mudou para o Reino Unido, onde passou algum tempo em Brighton.
1914-1917 – Deu suporte ativo à guerra contra a Alemanha como uma guerra contra o Estado. Essa posição, estranha e questionável para um anarquista, fez com que muitos companheiros se afastassem dele, em particular Errico Malatesta.
1917 – Voltou a São Petersburgo, onde ajudou o governo de Kerensky a formular políticas. Parou suas atividades quando os Bolcheviques tomaram o poder.
1921 – Seu funeral no Cemitério de Novodevichy, com a aprovação de Lenin, tornou-se a última grande reunião de anarquistas na Rússia.

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