sábado, 31 de outubro de 2009

Pesadelo assombra os produtores de soja transgênica

Um fantasma percorre os campos do Chaco, norte da Argentina. Após meses de investigação e acaloradas disputas, confirmou-se a existência de uma variedade de sorgo (Sorghum halepense – também conhecido no Brasil como capim Massambará, Pasto Russo ou Erva de São João) resistente ao herbicida glifosato, na província de Salta. É o primeiro caso de uma variedade de sorgo resistente ao glifosato desde que esse herbicida começou a ser usado no mundo, há três décadas. A difusão desta erva daninha através das colheitadeiras que circulam por todos os lados após cada safra não é um bom augúrio.

A presença do sorgo resistente ao glifosato já foi reconhecida pelo principal organismo encarregado de vigiar as ervas daninhas resistentes a herbicidas (www.weedscience.org). Essa descoberta é um pesadelo que se tornou realidade para os produtores de soja transgênica. É também uma lição para a Sagarpa (organização mexicana de proteção fitossanitária), que acaba de autorizar ilegalmente as primeiras plantações experimentais de milho transgênico no México. É o primeiro passo no caminho para autorizar a plantação comercial e consolidar a liberação do milho geneticamente modificado no México, centro de origem deste cultivo de importância mundial.

Vamos por partes. O Sorghum halepense é uma das dez principais ervas daninhas que afetam a agricultura de climas temperados. É uma erva daninha perene, dotada de grande capacidade de reprodução e sobrevivência ao controle por meios mecânicos. A ironia é que em muitos países, incluindo a Argentina, foi introduzido como uma espécie forrageira, por sua alta produtividade e capacidade de adaptação. Em poucos anos, converteu-se em uma praga cujo combate com agentes químicos teve grandes custos para os agricultores e para a biodiversidade.

Na luta contra essa “erva daninha perfeita” vinha se usando o glifosato, herbicida de amplo espectro que destrói, em plantas superiores, a capacidade de sintetizar três aminoácidos essenciais. É o herbicida seletivo de maior venda no mundo e sua expansão acelerou-se com os cultivos transgênicos como os da soja Roundup Ready, da Monsanto, geneticamente modificada para aumentar sua resistência ao glifosato. Hoje, a soja transgênica é plantada em cerca de 18 milhões de hectares na Argentina. Esse cultivo transformou a paisagem rural do pampa, transtornando as relações sociais que permitiam a pequena agricultura e abrindo as portas para o agronegócio em grande escala. As exportações de soja são o principal sustento da política fiscal Argentina: 18% da receita fiscal total vêm do imposto sobre as vendas de soja ao exterior. Mas o colapso desta bolha da soja é uma questão de tempo. A aparição do sorgo resistente ao glifosato é só um aviso. A soja transgênica usa um pacote tecnológico de plantio direto (ou lavragem mínima), onde se deixa o mato cobrir a terra para protegê-la da chuva e do vento. Isso reduz os riscos de erosão, mas deve ser acompanhado de um incremento no uso de herbicidas. Esse tipo de cultivo está associado a um crescimento espetacular do uso destes insumos: em apenas dez anos, o consumo de glifosato passou de 15 a 200 milhões de litros.

O resultado, no final do caminho, era de se esperar: cedo ou tarde, apareceriam espécies resistentes às estratégias desenhadas e implementadas por este modelo de agricultura comercial. Com a difusão do pacote tecnológico da soja transgênica, essa resistência apareceria mais rapidamente, pois o processo de co-evolução (que, no fundo, é o que rege esse fenômeno) iria se acelerando. É o que acontecerá também com o milho transgênico cujo plantio está sendo autorizado agora no México. A aparição de insetos resistentes à toxina produzida nos cultivos transgênicos Bt é uma questão de tempo.

Ainda não há registro de grandes populações resistentes à toxina Bt, mas em parte isso se deve à estratégia que consiste em deixar refúgios de plantas não transgênicas nas áreas plantadas. Nos Estados Unidos, essa prática tem sido acompanhada pelo uso complementar de inseticidas. Mas a advertência de ecólogos e agrônomos segue vigente: essas estratégias só retardam o processo de aparição de insetos resistentes ao Bt, não o detém. O cultivo de milho transgênico no México aumentará a probabilidade de surgimento de populações de insetos resistentes ao Bt em um menor espaço de tempo. Esse não é o único problema, mas o exemplo do sorgo na Argentina é um sinal que não devemos ignorar.

A trajetória tecnológica dos cultivos geneticamente modificados nos conduz a um beco sem saída. É claro que, para as empresas e seus cúmplices no governo, este é um bom instrumento para tornarem-se donas do campo, transformando-o em seu espaço de rentabilidade. Para a Sagarpa e o governo (falando aqui do caso mexicano) nada deve se interpor entre as companhias transnacionais e a rentabilidade, nem sequer a débil legislação sobre biossegurança que foi desenhada para servir aos interesses dessas mesmas empresas.

Alejandro Nadal é economista, professor pesquisador do Centro de Estudos Econômicos, no Colégio do México. Colaborador do jornal La Jornada, onde este artigo foi publicado originalmente dia 20 de outubro.

www.agenciacartamaior.com.br

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Toda solidariedade à Federação Anarquista Gaúcha - FAG

Solidariedade com a Federação Anarquista Gaúcha - FAG

Neste exato momento - 5a, 29 de outubro de 2009, a partir das 16 horas - a Polícia Civil do RS sob o comando da governadora Yeda Crusius promove diligência na sede da Federação Anarquista Gaúcha (FAG). O mandado de segurança do governo busca apreender material de propaganda política contra o governo acusado de corrupção. Os cartazes abordam o empréstimo junto ao Banco Mundial e o assassinato do sem-terra Eltom Brum. Este ato é pura provocação do Executivo gaúcho, atravessado por atos de corrupção e situações até hoje sem explicação, como a morte de Marcelo Cavalcante em fevereiro desse ano. Conclamamos as forças vivas da esquerda gaúcha para reagirmos de forma unificada contra mais esse desmando.



Solidariamente, Federação Anarquista Gaúcha

terça-feira, 27 de outubro de 2009

A América Latina e o período histórico atual

I. O período histórico atual foi aberto pela confluência de três viradas, todas elas de caráter regressivo:

- a passagem de um mundo bipolar a um mundo unipolar, sob hegemonia imperial norteamericana;

- a passagem de um ciclo longo expansivo do capitalismo a um ciclo longo de caráter recessivo;

- a passagem da hegemonia de um modelo regulador – ou keynesiano ou de bem-estar social, como se queria chamá-lo – a um modelo neoliberal, desregulador, de livre mercado.

O triunfo do bloco sob direção norteamericana levou, depois de muitas décadas, a um mundo unipolar, com uma hegemonia inquestionável de uma única superpotência e a derrota e desaparição da outra – situação nunca antes vivida no mundo. Todo o papel de freio relativo à expansão imperial dos EUA deixou de existir, foram possíveis as guerras das duas últimas décadas – algumas chamadas de “guerras humanitárias”, violando a soberania de países, o que não acontecia desde o fim da primeira guerra mundial.

A irrupção de um mundo unipolar permite a apropriação militar e econômica pelo bloco ocidental e, em particular, pelos EUA, que puderam estender a economia de mercado a territórios insuspeitados como a China, a Rússia e os países do leste europeu. Permitiu incorporar à União Européia e à Otan a países antes membros do Pacto de Varsóvia. Configura-se assim um sistema mundial único, nos planos econômico, político e militar, sob direção norteamericana. Um único império mundial, mesmo se com contradições e disputas internas, reina no mundo. As guerras se dão desse bloco dominante contra zonas de resistência à sua dominação – Iugoslávia, Iraque, Afeganistão.

A passagem do ciclo longo expansivo – o de maior desenvolvimento capitalista, que Eric Hobsbawn caracterizou como a “era de ouro” desse sistema – ao ciclo longo recessivo tem repercussões importantes. Aquela ciclo teve a convergência dos três vetores fundamentais da economia mundial – os EUA (com a Alemanha e o Japão crescendo ao mesmo tempo que os EUA, fenômeno único), o campo socialista e economias da periferia (como México, Argentina e Brasil). Na sua convergência, produziram o maior ritmo de crescimento da economia mundial. Foi também o período de consolidação da hegemonia econômica norteamericana e do bloco ocidental.

A passagem ao ciclo longo recessivo não apenas significou a diminuição radical dos ritmos de crescimento, mas também a substituição do tema central do período anterior – o crescimento econômico – pelo de estabilização. De uma pata desenvolvimentista, a uma conservadora. Ao mesmo tempo que foi introduzida a temática da “ingovernabilidade” como central. Esta expressaria o conflito entre condições de produção da economia e demandas, como reflexo do ciclo longo recessivo e dos direitos acumulados ao longo das décadas de expansão econômica.

Esse conflito foi também o responsável pela irrupção de crises inflacionarias, especialmente nos países da periferia. Foi nesse hiato que se insinuou o FMI, com empréstimos em troca de cartas de intenções, que impunham duros ajustes fiscais, que preparam o caminho para Estados mínimos e políticas neoliberais.

O terceiro fator, a hegemonia de modelos neoliberais, com uma abrangência mundial que nenhum outro modelo tinha conseguido, teve a ver com essa transição de ciclo longo. Os programas neoliberais consolidaram uma nova relação de forças em escala mundial, iniciada com o fim da bipolaridade. A globalização e seus programas de desregulação, de abertura das economias, de privatizações, de precarização das relações de trabalho, de Estado mínimo, alteraram de forma radical a relação de forças entre os países do centro e da periferia, e entre as classes sociais dentro de cada país.

Intensificou-se a concentração econômica e de poder a favor das potências globalizadoras, em detrimento dos países da periferia. Estes, com Estados vítimas de acelerados processos de abertura econômica, viveram crises de caráter neoliberal, como foram os casos do México, da Rússia, dos países do sudeste asiático, do Brasil e da Argentina, em particular.

Modificou-se também radicalmente a correlação interna entre as classes em cada país, a favor das elites dominantes, com políticas neoliberais de precarização das relações de trabalho, com o aumento do desemprego aberto e da fragmentação do mundo do trabalho.

2. Na sua confluência de todos esses fatores essa mudança de período representa uma alteração de grandes proporções nas relações de força em escala mundial, com seus reflexos em cada região e em cada país. É preciso detalhar mais algumas das suas conseqüências.

A hegemonia dos EUA como superpotência representou que ele se tornou a única potência política mundial, que tem interesses em todas as partes do mundo, tem políticas para todos os temas e lugares. Sua superioridade militar se tornou incomensurável. A vitória na guerra fria significou também o triunfo ideológico da interpretação do mundo do campo vencedor.

Para o campo socialista o enfrentamento central da nossa época se dava entre o socialismo e o capitalismo. Para o campo imperialista, se daria entre totalitarismo e democracia. Teria sido derrotado o totalitarismo nazista e fascista, em seguida teria sido derrotado o totalitarismo comunista, agora se buscaria derrotar o totalitarismo islâmico e terrorista.

Com o triunfo do campo ocidental, desapareceram as alternativas no horizonte histórico contemporâneo, as propostas anticapitalistas. Cuba entrou no seu “período especial” diante do fim do campo socialista e da URSS, buscando evitar retrocessos. A China optou pela via de uma economia de mercado.

Democracia liberal passou a sintetizar democracia, economia capitalista se dissolveu no marco de uma suposta economia internacional ou economia de mercado. Foi uma vitória de uma visão do mundo e de uma forma determinada de vida – “o modo de vida norteamericano”. Este se transformou no elemento de mais força na hegemonia dos EUA no mundo, praticando não deixando intacto nenhum rincão do mundo – da China à periferia das grandes metrópoles – imune à sua influência.

Se esse é o elemento de maior força, a esfera econômica está entre seus pontos mais débeis. A desregulação econômica promovida pelo neoliberalismo, propiciou a hegemonia acelerada e generalizada do capital financeiro sob sua forma especulativa, tendo como resultado a financeirização das economias. Esse processo costuma marcar as fases finais dos modelos hegemônicos, que desembocam em fases de hegemonia do capital financeiro, característico de momentos de estagnação, como o atual ciclo longo recessivo da economia. Uma hegemonia que é difícil de reverter, uma vez enfraquecidos os estímulos para os investimentos produtivos, o que define um horizonte econômico de instabilidade e de estagnação ou de baixos níveis de crescimento.

A crise atual, que afeta profunda e extensamente a economia dos EUA e se estendeu pelo resto do mundo, nasceu exatamente dessas debilidades – da hegemonia do capital financeiro – para depois se manifestar como recessão econômica aberta. Uma crise que produz uma recessão longa e profunda na economia dos EUA e dos países do centro do capitalismo, sem que tenha a capacidade de reverter a sua raiz – a financeirização da economia.

Ao mesmo tempo, apesar de ter se transformado em única superpotência, com forte predominância no plano militar, os EUA não conseguem resolver duas guerras ao mesmo tempo – Iraque e Afeganistão.

Nenhuma outra potência ou conjunto de potências consegue rivalizar com os EUA, apesar das debilidades que este apresenta. Da mesma forma que, apesar do seu esgotamento, o modelo neoliberal, como não é simplesmente uma política de governo, passível de ser mudada de um momento a outro, mas de um modelo hegemônico, que inclui valores, ideologia, cultura, além de profundas e extensas raízes econômicas, tampouco se divisa outro modelo, por enquanto, que possa sucedê-lo.

Assim, entramos em um período de enfraquecimento relativo da capacidade hegemônica dos EUA, e esgotamento do modelo neoliberal, sem que alternativas tenham ainda capacidade de se impor. Porque no momento em que o capitalismo revela mais claramente seus limites, suas vísceras, ao mesmo tempo os chamados “fatores subjetivos” de construção de alternativas para a sua superação, também sofreram grandes retrocessos.

Instaura-se assim uma crise hegemônica, em que o velho não se resigna a morrer e o novo morrer e o novo tem dificuldades para nascer e substituí-lo. Como busca sobreviver o velho? Baseado em dois eixos: as políticas internacionais de livre comércio, com as instituições que os multiplicam,como o FMI, o Banco Mundial, a OMC. E, dentro de cada país, na ideologia do consumo, do shopping-center, do mercado.

Mas tem contra si a hegemonia do capital financeiro sob sua forma especulativa, que não apenas bloqueia a possibilidade de retomada de um novo ciclo expansivo da economia, como promove instabilidade, pela livre circulação dos capitais financeiros. Mas, ao mesmo tempo, não surge um modelo alternativo ao modelo neoliberal.

A construção de alternativas se choca assim com uma estrutura econômica, comercial e financeira, internacional, que reproduz o livre comércio, propicio às políticas neoliberais. E como ideologias consolidadas nas formas de comportamento e de busca e acesso a bens de consumo na vida cotidiana das pessoas.

Pode-se prever assim que estamos em período mais ou menos longo de instabilidade e de turbulências, tanto políticas, quanto econômicas, até que se forjem as condições de hegemonia de um modelo pósneoliberal e de uma hegemonia política mundial alternativa a dos Estados Unidos.

3. A América Latina sofreu diretamente a passagem ao novo período histórico. Praticamente todos os seus países foram vítimas das crises das dívidas, entrando na espiral viciosa de crise fiscal, empréstimo e cartas de intenções do FMI, enfraquecimento do Estado e das políticas sociais, hegemonia do capital financeiro, retração do desenvolvimento econômico, substituído pelo tema da estabilidade monetária e dos ajustes fiscais. Afetados centralmente por essas transformações, a América Latina passou a ser o continente privilegiado dos experimentos neoliberais.

As ditaduras militares em alguns desses países, entre os que se situam aqueles de maior força, até então do campo popular, como o Brasil, o Chile, a Argentina, o Uruguai, haviam quebrado a capacidade de resistências dos movimentos populares a políticas concentradoras de renda. Isso preparou o caminho para a hegemonia de políticas neoliberais.

Essas políticas foram se impondo, desde o Chile do Pinochet e a Bolívia do MNR, passando pela adesão de forças nacionalistas, como no México e na Argentina, até chegar a partidos social-democratas, como os casos da Venezuela, do Chile, do Brasil, quase que generalizando-se a todos o espectro político. A década de 1990 foi a do predomínio generalizado de governos neoliberais, alguns prolongados no tempo – como os do PRI no México, de Carlos Menem na Argentina, de FHC no Brasil, de Albertu Fujimori no Peru, no Chile de Pinochet e da Concertação (PS-DC); outros entrecortados por movimentos populares que derrubaram presidentes, como na Bolívia e no Equador, ou que fracassaram, como na Venezuela (com AD e com COPPEI).

Paralelamente foram se dando crises nas principais economias da região: México 1994, Brasil 1999, Argentina 2001-2002. Até que começaram a surgir governos eleitos pelo voto de rejeição do neoliberalismo, começando com a eleição de Hugo Chavez em 1998, seguida pelas de Lula em 2002, de Tabaré Vazquez em 2003, pela de Nestor Kirchmer em 2003, de Evo Morales em 2005, de Rafael Correa em 2006, de Mauricio Funes em 2009.

Revelando como o continente sofria as conseqüências dos governos neoliberais, houve um claro deslocamento para a esquerda no voto nos distintos países que foram tendo eleições. Nunca o continente, nem qualquer outra região do mundo teve simultaneamente tantos governos progressistas ao mesmo tempo.

O que unifica a esses governos, além do voto que derrotou governos neoliberais – de Carlos Menem a Carlos Andrés Perez, de FHC a Lacalle, de Sanchez de Losada a Lucio Gutierrez – há dois aspectos comuns: a opção pelos processos de integração regional ao invés dos Tratados de Livre Comércio e a prioridade das políticas sociais. São os dois pontos de maior fragilidade dos governos neoliberais, cuja lógica de abertura das economias, privilegiou as políticas de livre comércio e os Tratados de Livre Comércio com os Estados Unidos, e a prioridade do ajuste fiscal e da estabilidade monetária, sobre as políticas sociais. São as políticas sociais que dão legitimidade a esses governos, que sofrem, todos, forte oposição dos monopólios da mídia privada, mas conseguiram até aqui se reeleger pelo voto popular, dos setores , mais pobres das nossas sociedades.

Esses governos têm diferenças entre si, embora se unifiquem pela prioridade dos processos de integração regional e das políticas sociais. Nesse marco comum, se diferenciam porque alguns deles – Venezuela, Bolívia, Equador – avançam mais claramente na direção da construção de modelos alternativos ao neoliberalismo. Já na estratégia que os levou ao governo, combinaram sublevações populares, saída eleitoral, mas depois se propuseram a refundar o Estado, apontando para uma nova estratégia da esquerda latinoamericana, nem a tradicional de reformas, nem a luta armada, mas a combinação das duas numa síntese nova.

No outro campo estão os países que privilegiam os Tratados de Livre Comércio - como o México, o Chile, o Peru, a Colômbia, a Costa Rica. O primeiro pais a seguir esse caminho, o México, assinou um Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos e com o Canadá, no entanto o privilegio aberto foi com os EUA, com quem o México passou a ter mais de 90% do seu comércio exterior.

A crise econômica atual permite medir o significado das duas formas distintas de inserção no mercado internacional. O México, por exemplo, país paradigmático por ter sido o primeiro – e, originalmente, deveria ser o caminho que os EUA apontavam para todos os países do continente – teve a pior regressão econômica entre todas as economias, com cerca de 10% menos no primeiro semestre deste ano. Paga um preço caro por ter privilegiado o comércio com os EUA, epicentro da crise, que tem uma recessão profunda e prolongada, com todas suas repercussões negativas para o México.

Enquanto que um país como o Brasil, com uma economia mais ou menos similar que a mexicana, pôde sair de forma mais ou menos rápida da crise, por ter diversificado o comércio internacional, a ponto que o principal parceiro comercial do Brasil já não os EUA, mas a China. Ao mesmo tempo o país intensificou o comércio intraregional – mais concentradamente com a Argentina e a Venezuela, mas intensificado com todos os países que participam dos processos de integração regional -, e principalmente, expandiu enormemente o mercado interno de consumo popular. Este foi o principal responsável pela superação rápida da crise, fazendo com que, pela primeira vez, durante uma crise, as políticas de redistribuição de renda e de extensão dos direitos sociais, se mantivessem, mesmo na recessão.

Depois de uma fase de relativamente rápida expansão de governos progressistas no continente, a direita recuperou capacidade de iniciativa e busca reconquistar governos, para colocar em prática governos de restauração conservadora. Desde a tentativa de golpe de Estado na Venezuela, em 2002, passando por ofensivas contra os governos do Brasil, da Bolívia, da Argentina, a direita tenta colocar sua força econômica e midiática a serviço da recomposição de sua força política, derrotada pelos governos progressistas.

Podemos prever que a crise hegemônica se prolongará por um bom tempo no continente, entre um mundo velho superado, mas que insiste em sobreviver - o dos programas neoliberais – e um mundo novo que tem dificuldades para sobreviver – o de governos posneoliberais. As próximas eleições – especialmente as do Brasil, Bolívia, Uruguai, Argentina, - definirão se esses governos são um parênteses na longa sequência de governos conservadores ou se consolidarão e aprofundarão os processos de construção de alternativas pós neoliberais, de que a América Latina é um cenário privilegiado.

Emir Sader

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A verdade sobre a maconha

A proibição da cannabis pode ter mais a ver com interesses morais, políticos e econômicos do que com argumentos científicos. Saiba mais sobre os efeitos dela e sua influência na história da civilização.
Por que a maconha é proibida? Porque faz mal à saúde. Será mesmo? Então, por que o bacon não é proibido? Ou as anfetaminas? E, diga-se de passagem, nenhum mal sério à saúde foi comprovado para o uso esporádico de maconha. A guerra contra essa planta foi motivada muito mais por fatores raciais, econômicos, políticos e morais do que por argumentos científicos. E algumas dessas razões são inconfessáveis. Tem a ver com o preconceito contra árabes, chineses, mexicanos e negros, usuários freqüentes de maconha no começo do século XX. Deve muito aos interesses de indústrias poderosas dos anos 20, que vendiam tecidos sintéticos e papel e queriam se livrar de um concorrente, o cânhamo. Tem raízes também na bem-sucedida estratégia de dominação dos Estados Unidos sobre o planeta. E, é claro, guarda relação com o moralismo judaico-cristão (e principalmente protestante-puritano), que não aceita a idéia do prazer sem merecimento - pelo mesmo motivo, no passado, condenou-se a masturbação.
Não é fácil falar desse assunto - admito que levei um dia inteiro para compor o parágrafo acima. O tema é tão carregado de ideologia e as pessoas têm convicções tão profundas sobre ele que qualquer convite ao debate, qualquer insinuação de que estamos lidando mal com o problema já é interpretada como "apologia às drogas" e, portanto, punível com cadeia. O fato é que, apesar da desinformação dominante, sabe-se muito sobre a maconha. Ela é cultivada há milênios e centenas de pesquisas já foram feitas sobre o assunto. O que tentei fazer foi condensar nestas páginas o conhecimento que a humanidade reuniu sobre a droga nos milênios em que convive com ela.

Por que é proibido?
"O corpo esmagado da menina jazia espalhado na calçada um dia depois de mergulhar do quinto andar de um prédio de apartamentos em Chicago. Todos disseram que ela tinha se suicidado, mas, na verdade, foi homicídio. O assassino foi um narcótico conhecido na América como marijuana e na história como haxixe. Usado na forma de cigarros, ele é uma novidade nos Estados Unidos e é tão perigoso quanto uma cascavel." Começa assim a matéria "Marijuana: assassina de jovens", publicada em 1937 na revista American Magazine. A cena nunca aconteceu. O texto era assinado por um funcionário do governo chamado _______________. Se a maconha, hoje, é ilegal em praticamente todo o mundo, não é exagero dizer que o maior responsável foi ele.
Nas primeiras décadas do século XX, a maconha era liberada, embora muita gente a visse com maus olhos. Aqui no Brasil, maconha era "coisa de negro", fumada nos terreiros de candomblé para facilitar a incorporação e nos confins do país por agricultores depois do trabalho. Na Europa, ela era associada aos imigrantes árabes e indianos e aos incômodos intelectuais boêmios. Nos Estados Unidos, quem fumava eram os cada vez mais numerosos mexicanos - meio milhão deles cruzaram o Rio Grande entre 1915 e 1930 em busca de trabalho. Muitos não acharam. Ou seja, em boa parte do Ocidente, fumar maconha era relegado a classes marginalizadas e visto com antipatia pela classe média branca.
Pouca gente sabia, entretanto, que a mesma planta que fornecia fumo às classes baixas tinha enorme importância econômica. Dezenas de remédios - de xaropes para tosse a pílulas para dormir - continham cannabis. Quase toda a produção de papel usava como matéria-prima a fibra do cânhamo, retirada do caule do pé de maconha. A indústria de tecidos também dependia da cannabis - o tecido de cânhamo era muito difundido, especialmente para fazer cordas, velas de barco, redes de pesca e outros produtos que exigissem um material muito resistente. A Ford estava desenvolvendo combustíveis e plásticos feitos a partir do óleo da semente de maconha. As plantações de cânhamo tomavam áreas imensas na Europa e nos Estados Unidos.
Em 1920, sob pressão de grupos religiosos protestantes, os Estados Unidos decretaram a proibição da produção e da comercialização de bebidas alcoólicas. Era a Lei Seca, que durou até 1933. Foi aí que Henry Anslinger surgiu na vida pública americana - reprimindo o tráfico de rum que vinha das Bahamas. Foi aí, também, que a maconha entrou na vida de muita gente - e não só dos mexicanos. "A proibição do álcool foi o estopim para o 'boom' da maconha", afirma o historiador inglês Richard Davenport-Hines, especialista na história dos narcóticos, em seu livro The Pursuit of Oblivion (A busca do esquecimento, ainda sem versão para o Brasil). "Na medida em que ficou mais difícil obter bebidas alcoólicas e elas ficaram mais caras e piores, pequenos cafés que vendiam maconha começaram a proliferar", escreveu.
Anslinger foi promovido a chefe da Divisão de Controle Estrangeiro do Comitê de Proibição e sua tarefa era cuidar do contrabando de bebidas. Foi nessa época que ele percebeu o clima de antipatia contra a maconha que tomava a nação. Clima esse que só piorou com a quebra da Bolsa, em 1929, que afundou a nação numa recessão. No sul do país, corria o boato de que a droga dava força sobre-humana aos mexicanos, o que seria uma vantagem injusta na disputa pelos escassos empregos. A isso se somavam insinuações de que a droga induzia ao sexo promíscuo (muitos mexicanos talvez tivessem mais parceiros que um americano puritano médio, mas isso não tem nada a ver com a maconha) e ao crime (com a crise, a criminalidade aumentou entre os mexicanos pobres, mas a maconha é inocente disso). Baseados nesses boatos, vários Estados começaram a proibir a substância. Nessa época, a maconha virou a droga de escolha dos músicos de jazz, que afirmavam ficar mais criativos depois de fumar.
Anslinger agarrou-se firme à bandeira proibicionista, batalhou para divulgar os mitos antimaconha e, em 1930, quando o governo, preocupado com a cocaína e o ópio, criou o FBN (Federal Bureau of Narcotics, um escritório nos moldes do FBI para lidar com drogas), ele articulou para chefiá-lo. De repente, de um cargo burocrático obscuro, Anslinger passou a ser o responsável pela política de drogas do país. E quanto mais substâncias fossem proibidas, mais poder ele teria.
Mas é improvável que a cruzada fosse motivada apenas pela sede de poder. Outros interesses devem ter pesado. Anslinger era casado com a sobrinha de Andrew Mellon, dono da gigante petrolífera Gulf Oil e um dos principais investidores da igualmente gigante Du Pont. "A Du Pont foi uma das maiores responsáveis por orquestrar a destruição da indústria do cânhamo", afirma o escritor Jack Herer, em seu livro The Emperor Wears No Clothes (O imperador está nu, ainda sem tradução). Nos anos 20, a empresa estava desenvolvendo vários produtos a partir do petróleo: aditivos para combustíveis, plásticos, fibras sintéticas como o náilon e processos químicos para a fabricação de papel feito de madeira. Esses produtos tinham uma coisa em comum: disputavam o mercado com o cânhamo.
Seria um empurrão considerável para a nascente indústria de sintéticos se as imensas lavouras de cannabis fossem destruídas, tirando a fibra do cânhamo e o óleo da semente do mercado. "A maconha foi proibida por interesses econômicos, especialmente para abrir o mercado das fibras naturais para o náilon", afirma o jurista Wálter Maierovitch, especialista em tráfico de entorpecentes e ex-secretário nacional antidrogas.
Anslinger tinha um aliado poderoso na guerra contra a maconha: William Randolph Hearst, dono de uma imensa rede de jornais. Hearst era a pessoa mais influente dos Estados Unidos. Milionário, comandava suas empresas de um castelo monumental na Califórnia, onde recebia artistas de Hollywood para passear pelo zoológico particular ou dar braçadas na piscina coberta adornada com estátuas gregas. Foi nele que Orson Welles se inspirou para criar o protagonista do filme Cidadão Kane. Hearst sabidamente odiava mexicanos. Parte desse ódio talvez se devesse ao fato de que, durante a Revolução Mexicana de 1910, as tropas de Pancho Villa (que, aliás, faziam uso freqüente de maconha) desapropriaram uma enorme propriedade sua. Sim, Hearst era dono de terras e as usava para plantar eucaliptos e outras árvores para produzir papel. Ou seja, ele também tinha interesse em que a maconha americana fosse destruída - levando com ela a indústria de papel de cânhamo.
Hearst iniciou, nos anos 30, uma intensa campanha contra a maconha. Seus jornais passaram a publicar seguidas matérias sobre a droga, às vezes afirmando que a maconha fazia os mexicanos estuprarem mulheres brancas, outras noticiando que 60% dos crimes eram cometidos sob efeito da droga (um número tirado sabe-se lá de onde). Nessa época, surgiu a história de que o fumo mata neurônios, um mito repetido até hoje. Foi Hearst que, se não inventou, ao menos popularizou o nome marijuana (ele queria uma palavra que soasse bem hispânica, para permitir a associação direta entre a droga e os mexicanos). Anslinger era presença constante nos jornais de Hearst, onde contava suas histórias de terror. A opinião pública ficou apavorada. Em 1937, Anslinger foi ao Congresso dizer que, sob o efeito da maconha, "algumas pessoas embarcam numa raiva delirante e cometem crimes violentos".
Os deputados votaram pela proibição do cultivo, da venda e do uso da cannabis, sem levar em conta as pesquisas que afirmavam que a substância era segura. Proibiu-se não apenas a droga, mas a planta. O homem simplesmente cassou o direito da espécie Cannabis sativa de existir.
Anslinger também atuou internacionalmente. Criou uma rede de espiões e passou a freqüentar as reuniões da Liga das Nações, antecessora da ONU, propondo tratados cada vez mais duros para reprimir o tráfico internacional. Também começou a encontrar líderes de vários países e a levar a eles os mesmos argumentos aterrorizantes que funcionaram com os americanos. Não foi difícil convencer os governos - já na década de 20 o Brasil adotava leis federais antimaconha. A Europa também embarcou na onda proibicionista.
"A proibição das drogas serve aos governos porque é uma forma de controle social das minorias", diz o cientista político Thiago Rodrigues, pesquisador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos. Funciona assim: maconha é coisa de mexicano, mexicanos são uma classe incômoda. "Como não é possível proibir alguém de ser mexicano, proíbe-se algo que seja típico dessa etnia", diz Thiago. Assim, é possível manter sob controle todos os mexicanos - eles estarão sempre ameaçados de cadeia. Por isso a proibição da maconha fez tanto sucesso no mundo. O governo brasileiro achou ótimo mais esse instrumento para manter os negros sob controle. Os europeus também adoraram poder enquadrar seus imigrantes.
A proibição foi virando uma forma de controle internacional por parte dos Estados Unidos, especialmente depois de 1961, quando uma convenção da ONU determinou que as drogas são ruins para a saúde e o bem-estar da humanidade e, portanto, eram necessárias ações coordenadas e universais para reprimir seu uso. "Isso abriu espaço para intervenções militares americanas", diz Maierovitch. "Virou um pretexto oportuno para que os americanos possam entrar em outros países e exercer os seus interesses econômicos."
Estava erguida uma estrutura mundial interessada em manter as drogas na ilegalidade, a maconha entre elas. Um ano depois, em 1962, o presidente John Kennedy demitiu Anslinger - depois de nada menos que 32 anos à frente do FBN. Um grupo formado para analisar os efeitos da droga concluiu que os riscos da maconha estavam sendo exagerados e que a tese de que ela levava a drogas mais pesadas era furada. Mas não veio a descriminalização. Pelo contrário. O presidente Richard Nixon endureceu mais a lei, declarou "guerra às drogas" e criou o DEA (em português, Escritório de Coação das Drogas), um órgão ainda mais poderoso que o FBN, porque, além de definir políticas, tem poder de polícia.

Maconha faz mal?
Taí uma pergunta que vem sendo feita faz tempo. Depois de mais de um século de pesquisas, a resposta mais honesta é: faz, mas muito pouco e só para casos extremos. O uso moderado não faz mal. A preocupação da ciência com esse assunto começou em 1894, quando a Índia fazia parte do Império Britânico. Havia, então, a desconfiança de que o bhang, uma bebida à base de maconha muito comum na Índia, causava demência. Grupos religiosos britânicos reivindicavam sua proibição. Formou-se a Comissão Indiana de Drogas da Cannabis, que passou dois anos investigando o tema. O relatório final desaconselhou a proibição: "O bhang é quase sempre inofensivo quando usado com moderação e, em alguns casos, é benéfico. O abuso do bhang é menos prejudicial que o abuso do álcool".
Em 1944, um dos mais populares prefeitos de Nova York, Fiorello La Guardia, encomendou outra pesquisa. Em meio à histeria antimaconha de Anslinger, La Guardia resolveu conferir quais os reais riscos da tal droga assassina. Os cientistas escolhidos por ele fizeram testes com presidiários (algo comum na época) e concluíram: "O uso prolongado da droga não leva à degeneração física, mental ou moral". O trabalho passou despercebido no meio da barulheira proibicionista de Anslinger.
A partir dos anos 60, várias pesquisas parecidas foram encomendadas por outros governos. Relatórios produzidos na Inglaterra, no Canadá e nos Estados Unidos aconselharam um afrouxamento nas leis. Nenhuma dessas pesquisas foi suficiente para forçar uma mudança. Mas a experiência mais reveladora sobre a maconha e suas conseqüências foi realizada fora do laboratório. Em 1976, a Holanda decidiu parar de prender usuários de maconha desde que eles comprassem a droga em cafés autorizados. Resultado: o índice de usuários continua comparável aos de outros países da Europa. O de jovens dependentes de heroína caiu - estima-se que, ao tirar a maconha da mão dos traficantes, os holandeses separaram essa droga das mais pesadas e, assim, dificultaram o acesso a elas.
Nos últimos anos, os possíveis males da maconha foram cuidadosamente escrutinados - às vezes por pesquisadores competentes, às vezes por gente mais interessada em convencer os outros da sua opinião. Veja abaixo um resumo do que se sabe:
Câncer
Não se provou nenhuma relação direta entre fumar maconha e câncer de pulmão, traquéia, boca e outros associados ao cigarro. Isso não quer dizer que não haja. Por muito tempo, os riscos do cigarro foram negligenciados e só nas últimas duas décadas ficou claro que havia uma bomba-relógio armada - porque os danos só se manifestam depois de décadas de uso contínuo. Há o temor de que uma bomba semelhante esteja para explodir no caso da maconha, cujo uso se popularizou a partir dos anos 60. O que se sabe é que o cigarro de maconha tem praticamente a mesma composição de um cigarro comum - a única diferença significativa é o princípio ativo. No cigarro é a nicotina, na maconha o tetrahidrocanabinol, ou THC. Também é verdade que o fumante de maconha tem comportamentos mais arriscados que o de cigarro: traga mais profundamente, não usa filtro e segura a fumaça por mais tempo no pulmão (o que, aliás, segundo os cientistas, não aumenta os efeitos da droga).
Em compensação, boa parte dos maconheiros fuma muito menos e pára ou reduz o consumo depois dos 30 anos (parar cedo é sabidamente uma forma de diminuir drasticamente o risco de câncer). Em resumo: o usuário eventual de maconha, que é o mais comum, não precisa se preocupar com um aumento grande do risco de câncer. Quem fuma mais de um baseado por dia há mais de 15 anos deve pensar em parar.
Dependência
Algo entre 6% e 12% dos usuários, dependendo da pesquisa, desenvolve um uso compulsivo da maconha (menos que a metade das taxas para álcool e tabaco). A questão é: será que a maconha é a causa da dependência ou apenas uma válvula de escape. "Dependência de maconha não é problema da substância, mas da pessoa", afirma o psiquiatra Dartiu Xavier, coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Escola Paulista de Medicina. Segundo Dartiu, há um perfil claro do dependente de maconha: em geral, ele é jovem, quase sempre ansioso e eventualmente depressivo. Pessoas que não se encaixam nisso não desenvolvem o vício. "E as que se encaixam podem tanto ficar dependentes de maconha quanto de sexo, de jogo, de internet", diz.
Muitos especialistas apontam para o fato de que a maconha está ficando mais perigosa - na medida em que fica mais potente. Ao longo dos últimos 40 anos, foi feito um melhoramento genético, cruzando plantas com alto teor de THC. Surgiram variedades como o skunk. No último ano, foram apreendidos carregamentos de maconha alterada geneticamente no Leste europeu - a engenharia genética é usada para aumentar a potência, o que poderia aumentar o potencial de dependência. Segundo o farmacólogo Leslie Iversen, autor do ótimo The Science of Marijuana (A ciência da maconha, sem tradução para o português) e consultor para esse tema da Câmara dos Lordes (o Senado inglês), esses temores são exagerados e o aumento da concentração de THC não foi tão grande assim.
Para além dessa discussão, o fato é que, para quem é dependente, maconha faz muito mal. Isso é especialmente verdade para crianças e adolescentes. "O sujeito com 15 anos não está com a personalidade formada. O uso exagerado de maconha pode ser muito danoso a ele", diz Dartiu. O maior risco para adolescentes que fumam maconha é a síndrome amotivacional, nome que se dá à completa perda de interesse que a droga causa em algumas pessoas. A síndrome amotivacional é muito mais freqüente em jovens e realmente atrapalha a vida - é quase certeza de bomba na escola e de crise na família.
Danos cerebrais
"Maconha mata neurônios." Essa frase, repetida há décadas, não passa de mito. Bilhões de dólares foram investidos para comprovar que o THC destrói tecido cerebral - às vezes com pesquisas que ministravam doses de elefante em ratinhos -, mas nada foi encontrado.
Muitas experiências foram feitas em busca de danos nas capacidades cognitivas do usuário de maconha. A maior preocupação é com a memória. Sabe-se que o usuário de maconha, quando fuma, fica com a memória de curto prazo prejudicada. São bem comuns os relatos de pessoas que têm idéias que parecem geniais durante o "barato", mas não conseguem lembrar-se de nada no momento seguinte. Isso acontece porque a memória de curto prazo funciona mal sob o efeito de maconha e, sem ela, as memórias de longo prazo não são fixadas (é por causa desse "desligamento" da memória que o usuário perde a noção do tempo). Mas esse dano não é permanente. Basta ficar sem fumar que tudo volta a funcionar normalmente. O mesmo vale para o raciocínio, que fica mais lento quando o usuário fuma muito freqüentemente.
Há pesquisas com usuários "pesados" e antigos, aqueles que fumam vários baseados por dia há mais de 15 anos, que mostraram que eles se saem um pouco pior em alguns testes, principalmente nos de memória e de atenção. As diferenças, no entanto, são sutis. Na comparação com o álcool, a maconha leva grande vantagem: beber muito provoca danos cerebrais irreparáveis e destrói a memória.
Coração
O uso de maconha dilata os vasos sangüíneos e, para compensar, acelera os batimentos cardíacos. Isso não oferece risco para a maioria dos usuários, mas a droga deve ser evitada por quem sofre do coração.
Infertilidade
Pesquisas mostraram que o usuário freqüente tem o número de espermatozóides reduzido. Ninguém conseguiu provar que isso possa causar infertilidade, muito menos impotência. Também está claro que os espermatozóides voltam ao normal quando se pára de fumar.
Depressão imunológica
Nos anos 70, descobriu-se que o THC afeta os glóbulos brancos, células de defesa do corpo. No entanto, nenhuma pesquisa encontrou relação entre o uso de maconha e a incidência de infecções.
Loucura
No passado, acreditava-se que maconha causava demência. Isso não se confirmou, mas sabe-se que a droga pode precipitar crises em quem já tem doenças psiquiátricas.
Gravidez
Algumas pesquisas apontaram uma tendência de filhos de mães que usaram muita maconha durante a gravidez de nascer com menor peso. Outras não confirmaram a suspeita. De qualquer maneira, é melhor evitar qualquer droga psicoativa durante a gestação. Sem dúvida, a mais perigosa delas é o álcool.

Maconha faz bem?
No geral, não. A maioria das pessoas não gosta dos efeitos e as afirmações de que a erva, por ser "natural", faz bem, não passam de besteira. Outros adoram e relatam que ela ajuda a aumentar a criatividade, a relaxar, a melhorar o humor, a diminuir a ansiedade. É inevitável: cada um é um.
O uso medicinal da maconha é tão antigo quanto a maconha. Hoje há muitas pesquisas com a cannabis para usá-la como remédio. Segundo o farmacólogo inglês Iversen, não há dúvidas de que ela seja um remédio útil para muitos e fundamental para alguns, mas há um certo exagero sobre seus potenciais. Em outras palavras: a maconha não é a salvação da humanidade. Um dos maiores desafios dos laboratórios é tentar separar o efeito medicinal da droga do efeito psicoativo - ou seja, criar uma maconha que não dê "barato". Muitos pesquisadores estão chegando à conclusão de que isso é impossível: aparentemente, as mesmas propriedades químicas que alteram a percepção do cérebro são responsáveis pelo caráter curativo. Esse fato é uma das limitações da maconha como medicamento, já que muitas pessoas não gostam do efeito mental. No Brasil, assim como em boa parte do mundo, o uso médico da cannabis é proibido e milhares de pessoas usam o remédio ilegalmente. Conheça alguns dos usos:
Câncer
Pessoas tratadas com quimioterapia muitas vezes têm enjôos terríveis, eventualmente tão terríveis que elas preferem a doença ao remédio. Há medicamentos para reduzir esse enjôo e eles são eficientes. No entanto, alguns pacientes não respondem a nenhum remédio legal e respondem maravilhosamente à maconha. Era o caso do brilhante escritor e paleontólogo Stephen Jay Gould, que, no mês passado, finalmente, perdeu uma batalha de 20 anos contra o câncer (veja mais sobre ele na página 23). Gould nunca tinha usado drogas psicoativas - ele detestava a idéia de que interferissem no funcionamento do cérebro. Veja o que ele disse: "A maconha funcionou como uma mágica. Eu não gostava do 'efeito colateral' que era o borrão mental. Mas a alegria cristalina de não ter náusea - e de não experimentar o pavor nos dias que antecediam o tratamento - foi o maior incentivo em todos os meus anos de quimioterapia".
Aids
Maconha dá fome. Qualquer um que fuma sabe disso (aliás, esse é um de seus inconvenientes: ela engorda). Nenhum remédio é tão eficiente para restaurar o peso de portadores do HIV quanto a maconha. E isso pode prolongar muito a vida: acredita-se que manter o peso seja o principal requisito para que um soropositivo não desenvolva a doença. O problema: a cannabis tem uma ação ainda pouco compreendida no sistema imunológico. Sabe-se que isso não representa perigo para pessoas saudáveis, mas pode ser um risco para doentes de Aids.
Esclerose múltipla
Essa doença degenerativa do sistema nervoso é terrivelmente incômoda e fatal. Os doentes sentem fortes espasmos musculares, muita dor e suas bexigas e intestinos funcionam muito mal. Acredita-se que ela seja causada por uma má função do sistema imunológico, que faz com que as células de defesa ataquem os neurônios. A maconha alivia todos os sintomas. Ninguém entende bem por que ela é tão eficiente, mas especula-se que tenha a ver com seu pouco compreendido efeito no sistema imunológico.
Dor
A cannabis é um analgésico usado em várias ocasiões. Os relatos de alívio das cólicas menstruais são os mais promissores.
Glaucoma
Essa doença caracteriza-se pelo aumento da pressão do líquido dentro do olho e pode levar à cegueira. Maconha baixa a pressão intraocular. O problema é que, para ser um remédio eficiente, a pessoa tem que fumar a cada três ou quatro horas, o que não é prático e, com certeza, é nocivo (essa dose de maconha deixaria o paciente eternamente "chapado"). Há estudos promissores com colírios feitos à base de maconha, que agiriam diretamente no olho, sem afetar o cérebro.
Ansiedade
Maconha é um remédio leve e pouco agressivo contra a ansiedade. Isso, no entanto, depende do paciente. Algumas pessoas melhoram após fumar; outras, principalmente as pouco habituadas à droga, têm o efeito oposto. Também há relatos de sucesso no tratamento de depressão e insônia, casos em que os remédios disponíveis no mercado, embora sejam mais eficientes, são também bem mais agressivos e têm maior potencial de dependência.
Dependência
Dois psiquiatras brasileiros, Dartiu Xavier e Eliseu Labigalini, fizeram uma experiência interessante. Incentivaram dependentes de crack a fumar maconha no processo de largar o vício. Resultado: 68% deles abandonaram o crack e, depois, pararam espontaneamente com a maconha, um índice altíssimo. Segundo eles, a maconha é um remédio feito sob medida para combater a dependência de crack e cocaína, porque estimula o apetite e combate a ansiedade, dois problemas sérios para cocainômanos. Dartiu e Eliseu pretendem continuar as pesquisas, mas estão com problemas para conseguir financiamento - dificilmente um órgão público investirá num trabalho que aposte nos benefícios da maconha.

O passado
O primeiro registro do contato entre o Homo sapiens e a Cannabis sativa é de 6 000 anos atrás. Trata-se da marca de uma corda de cânhamo impressa em cacos de barro, na China. O emprego da fibra, não só em cordas mas também em vários tecidos e, depois, na fabricação de papel, é um dos mais antigos usos da maconha. Graças a ele, a planta, original da região ao norte do Afeganistão, nos pés do Himalaia, tornou-se a primeira cultivada pelo homem com usos não alimentícios e espalhou-se por toda a Ásia e depois pela Europa e África.
Mas há um uso da maconha que pode ser tão antigo quanto o da fibra do cânhamo: o medicinal. Os chineses conhecem há pelo menos 2 000 anos o poder curativo da droga, como prova o Pen-Ts'ao Ching, considerado a primeira farmacopéia conhecida do mundo (farmacopéia é um livro que reúne fórmulas e receitas de medicamentos). O livro recomenda o uso da maconha contra prisão-de-ventre, malária, reumatismo e dores menstruais. Também na Índia, a erva já há milênios é parte integral da medicina ayurvédica, usada no tratamento de dezenas de doenças. Sem falar que ela ocupa um lugar de destaque na religião hindu. Pela mitologia, maconha era a comida favorita do deus Shiva, que, por isso, viveria o tempo todo "chapado". Tomar bhang seria uma forma de entrar em comunhão com Shiva.
O Hinduísmo não é a única religião a dar destaque para a cannabis. Para os budistas da tradição Mahayana, Buda passou seis anos comendo apenas uma semente de maconha por dia. Sua iluminação teria sido atingida após esse período de quase-jejum. Da Índia, a maconha migrou para a Mesopotâmia, ainda em tempos pré-cristãos, e de lá para o Oriente Médio. Portanto, ela já estava presente na região quando começou a expansão do Império Árabe. Com a proibição do álcool entre o povo de Maomé, iniciou-se uma acalorada discussão sobre se a maconha deveria ser banida também. Por séculos, consumiu-se cannabis abundantemente nas terras muçulmanas até que, na Idade Média, muitos islâmicos abandonaram o hábito. A exceção foram os sufi, membros de uma corrente considerada mais mística e esotérica do Islã, que, até bem recentemente, consideravam a cannabis fundamental em seus ritos.
Os gregos usaram velas e cordas de cânhamo nos seus navios, assim como, depois, os romanos. Sabe-se que o Império Romano tinha pelo menos conhecimento dos poderes psicoativos da maconha. O historiador latino Tácito, que viveu no século I d.C., relata que os citas, um povo da atual Turquia, tinham o costume de armar uma tenda, acender uma fogueira e queimar grande quantidade de maconha. Daí ficavam lá dentro, numa versão psicodélica do banho turco.
Graças ao contato com os árabes, grande parte da África conheceu a erva e incorporou-a aos seus ritos e à sua medicina - dos países muçulmanos acima do Saara até os zulus da África do Sul. A Europa toda também passou a plantar maconha e usava extensivamente a fibra do cânhamo, mas há raríssimos registros do seu uso como psicoativo naquele continente. Pode ser que isso se deva ao clima. O THC é uma resina produzida pela planta para proteger suas folhas e flores do sol forte. Na fria Europa, é possível que tenha se desenvolvido uma variação da Cannabis sativa com menos THC, já que não havia tanto sol para ameaçar o arbusto.
O fato é que, na Renascença, a maconha se transformou no principal produto agrícola da Europa. E sua importância não foi só econômica: a planta teve uma grande participação na mudança de mentalidade que ocorreu no século XV. Os primeiros livros depois da revolução de Gutemberg foram impressos em papel de cânhamo. As pinturas dos gênios da arte eram feitas em telas de cânhamo (canvas, a palavra usada em várias línguas para designar "tela", é uma corruptela holandesa do latim cannabis). E as grandes navegações foram impulsionadas por velas de cânhamo - segundo o autor americano Rowan Robinson, autor de O Grande Livro da Cannabis, havia 80 toneladas de cânhamo, contando o velame e as cordas, no barco comandado por Cristóvão Colombo em 1496. Ou seja, a América foi descoberta graças à maconha. Irônico.
Sobre as luzes da Renascença caíram as sombras da Inquisição - um período em que a Igreja ganhou muita força e passou a exercer o papel de polícia, julgando hereges em seu tribunal e condenando bruxas à fogueira. "As bruxas nada mais eram do que as curandeiras tradicionais, principalmente as de origem celta, que utilizavam plantas para tratar as pessoas, às vezes plantas com poderes psicoativos", diz o historiador Henrique Carneiro, especialista em drogas da Universidade Federal de Ouro Preto. Não há registros de que maconheiros tenham sido queimados no século XVI - inclusive porque o uso psicoativo da maconha era incomum na Europa -, mas é certo que cristalizou-se naquela época uma antipatia cristã por plantas que alteram o estado de consciência. "O Cristianismo afirmou seu caráter de religião imperial e, sob seus domínios, a única droga permitida é o álcool, associado com o sangue de Cristo", diz Henrique.
Em 1798, as tropas de Napoleão conquistaram o Egito. Até hoje não estão muito claras as razões pelas quais o imperador francês se aventurou no norte da África (vaidade, talvez). Mas pode ser que o principal motivo fosse a intenção de destruir as plantações de maconha, que abasteciam de cânhamo a poderosa Marinha da Inglaterra. O fato é que coube a Napoleão promulgar a primeira lei do mundo moderno proibindo a maconha. Os egípcios eram fumantes de haxixe, a resina extraída da folha e da flor da maconha constituída de THC concentrado. Mas a proibição saiu pela culatra. Os egípcios ignoraram a lei e continuaram fumando como sempre fizeram. Em compensação, os europeus ouviram falar da droga e ela rapidamente virou moda na Europa, principalmente entre os intelectuais. "O haxixe está substituindo o champagne", disse o escritor Théophile Gautier em 1845, depois da conquista da Argélia, que, na época, era outro grande consumidor de THC.
No Brasil, a planta chegou cedo, talvez ainda no século XVI, trazida pelos escravos (o nome "maconha" vem do idioma quimbundo, de Angola. Mas, até o século XIX, era mais usual chamar a erva de fumo-de-angola ou de diamba, nome também quimbundo). Por séculos, a droga foi tolerada no país, provavelmente fumada em rituais de candomblé (teria sido o presidente Getúlio Vargas que negociou a retirada da maconha dos terreiros, em troca da legalização da religião). Em 1830, o Brasil fez sua primeira lei restringindo a planta. A Câmara Municipal do Rio de Janeiro tornou ilegal a venda e o uso da droga na cidade e determinou que "os contraventores serão multados, a saber: o vendedor em 20 000 réis, e os escravos e demais pessoas, que dele usarem, em três dias de cadeia." Note que, naquela primeira lei proibicionista, a pena para o uso era mais rigorosa que a do traficante. Há uma razão para isso. Ao contrário do que acontece hoje, o vendedor vinha da classe média branca e o usuário era quase sempre negro e escravo.

O presente
Segundo dados da ONU, 147 milhões de pessoas fumam maconha no mundo, o que faz dela a terceira droga psicoativa mais consumida do mundo, depois do tabaco e do álcool. A droga é proibida em boa parte do mundo, mas, desde que a Holanda começou a tolerá-la, na década de 70, alguns outros países europeus seguiram os passos da descriminalização. Itália e Espanha há tempos aceitam pequenas quantidades da erva - embora a Espanha esteja abandonando a posição branda e haja projetos de lei, na Itália, no mesmo sentido. O Reino Unido acabou de anunciar que descriminalizou o uso da maconha - a partir do ano que vem, a droga será apreendida e o portador receberá apenas uma advertência verbal. Os ingleses esperam, assim, poder concentrar seus esforços na repressão de drogas mais pesadas.
No ano passado, Portugal endureceu as penas para o tráfico, mas descriminalizou o usuário de qualquer droga, desde que ele seja encontrado com quantidades pequenas. Porte de drogas virou uma infração administrativa, como parar em lugar proibido.
Nos últimos anos, os Estados Unidos também mudaram sua forma de lidar com as drogas. Dentro da tendência mundial de ver a questão mais como um problema de saúde do que criminal, o país, em vez de botar na cadeia, obriga o usuário a se tratar numa clínica para dependentes. "Essa idéia é completamente equivocada", afirma o psiquiatra Dartiu Xavier, refletindo a opinião de muitos especialistas. "Primeiro porque nem todo usuário é dependente. Segundo, porque um tratamento não funciona se é compulsório - a pessoa tem que querer parar", diz. No sistema americano, quem recusa o tratamento ou o abandona vai para a cadeia. Portanto, não é uma descriminalização. "Chamo esse sistema de 'solidariedade autoritária'", diz o jurista Maierovitch. O Brasil planeja adotar o mesmo modelo.

O futuro
Há possibilidades de uma mudança no tratamento à maconha? "No Brasil, não é fácil", diz Maierovitch, que, enquanto era secretário nacional antidrogas do governo de Fernando Henrique Cardoso, planejou a descriminalização. "A lei hoje em vigor em Portugal foi feita em conjunto conosco, com o apoio do presidente", afirma. A idéia é que ela fosse colocada em prática ao mesmo tempo nos dois países. Segundo Maierovitch, Fernando Henrique mudou de idéia depois. O jurista afirma que há uma enorme influência americana na política de drogas brasileira. O fato é que essa questão mais tira do que dá votos e assusta os políticos - e não só aqui no Brasil. O deputado federal Fernando Gabeira, hoje no Partido dos Trabalhadores, é um dos poucos identificados com a causa da descriminalização. "Pretendo, como um primeiro passo, tentar a legalização da maconha para uso médico", diz. Mas suas idéias estão longe de ser unanimidade mesmo dentro do seu partido.
No remoto caso de uma legalização da compra e da venda, haveria dois modelos possíveis. Um seria o monopólio estatal, com o governo plantando e fornecendo as drogas, para permitir um controle maior. A outra possibilidade seria o governo estabelecer as regras (composição química exigida, proibição para menores de idade, proibição para fumar e dirigir), cobrar impostos (que seriam altíssimos, inclusive para evitar que o preço caia muito com o fim do tráfico ilegal) e a iniciativa privada assumir o lucrativo negócio. Não há no horizonte nenhum sinal de que isso esteja para acontecer. Mas a Super apurou, em consulta ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual, que a Souza Cruz registrou, em 1997, a marca Marley - fica para o leitor imaginar que produto a empresa de tabaco pretende comercializar com o nome do ídolo do reggae.

Frases
"A popularidade da maconha explodiu em 1920, quando o álcool foi proibido"
"O consumo moderado de maconha não provoca nenhum dano sério à saúde"
"Das cordas às velas, havia 80 toneladas de cânhamo no navio de Colombo"

Para saber mais
Na livraria
O Grande Livro da Cannabis, Rowan Robinson, Jorge Zahar, 1999
A Maconha, Fernando Gabeira, Publifolha, 2000
Science of Marijuana, Leslie L. Iversen, Oxford, Ingleterra, 2000
The Pursuit of Oblivion: A Global History of Narcotics 1500-2000, Richard Davenport-Hines, Weidenfeld & Nicolson, Ingleterra, 2001
Diamba Sarabamba, Anthony Henman e Osvaldo Pessoa Jr. (organizações), Ground, 1986
Plantas de los Dioses, Richard Evans Schultes e Albert Hofmann, Fondo de Cultura Económica, México, 1982
The Emperor Wears no Clothes, Jack Herer, Green Planet Company, Inglaterra, 1994
Green Gold the Tree of Life, Chris Bennett, Lynn e Osbum, Judy Osbum, Access, EUA, 1995
Amores e Sonhos da Flora, Henrrique Carneiro, Xamã, 2002

Revista Superinteressante

A espera torturante

É chegada a hora da decisão
Vida, desejo, necessidade
Algumas horas e tudo se resolve
Salvação, redenção, liberdade
Foi-se muito tempo, muitas águas rolaram
Tudo que ficou está guardado
Amigos, experiências, emoções
A vida é fruto de escolhas
A vida é experiência vivida
Nada se perde tudo se aproveita
As horas passam, os minutos passam
Os segundos... Ah. Os segundos
A espera torturante
Eh vida complicada essa.

Rodrigo Bandeira

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Vestibular - Urbanização no Brasil

01. (FUVEST)



A recente urbanização brasileira tem características parcialmente representadas nas situações I e II dos esquemas acima. Considerando essas situações, é correto afirmar que, entre outros processos,
a) I representa a involução urbana de uma metrópole regional.
b) I representa a perda demográfica relativa da cidade central de uma Região Metropolitana.
c) II representa o desmembramento territorial e criação de novos municípios.
d) II representa a formação de uma região metropolitana, a partir do fenômeno da conurbação.
e) II representa a fusão político-administrativa de municípios vizinhos.

Letra D

02. (UFAL) Sobre o tema Urbanização, analise as afirmações a seguir.

1) Os fatores que funcionam como atrativos da urbanização, nos países subdesenvolvidos, estão ligados basicamente ao processo de industrialização.
2) A forte urbanização nos países subdesenvolvidos só ocorreu em face do processo de globalização verificado após o fim da URSS, quando houve um aumento de exportações dos produtos primários.
3) As cidades, nos países desenvolvidos, foram se estruturando para absorver os migrantes, havendo, então, melhorias na infra-estrutura urbana e um aumento da geração de empregos.
4) Nas áreas metropolitanas de países subdesenvolvidos, muitos desempregados, para garantir a sobrevivência, refugiam-se no subemprego da economia informal.

Estão corretas apenas:
a) 1 e 2
b) 2 e 4
c) 1 e 4
d) 2 e 3
e) 1, 3 e 4

Letra E

03. (UFAC) A intensa e acelerada urbanização brasileira resultou em sérios problemas sociais urbanos,
entre os quais podemos destacar:
a) Falta de infra-estrutura, limitações das liberdades individuais e altas condições de vida nos centros urbanos.
b) Aumento do número de favelas e cortiços, falta de infra-estrutura e todas as formas de violência.
c) Conflitos e violência urbana, luta pela posse da terra e acentuado êxodo rural.
d) Acentuado êxodo rural, mudanças no destino das correntes migratórias e aumento no número de favelas e cortiços.
e) Luta pela posse da terra, falta de infra-estrutura e altas condições de vida nos centros urbanos.

Letra B

04. (UEPB)

Saudosa maloca
Se o senhor não tá lembrado, dá licença de contar
Ali onde agora está este adifício arto
Era uma casa véia, um palacete assobradado
Foi aqui seu moço que eu, Mato Grosso e o Joca
Construimo nossa maloca
Mais um dia, nóis nem pode se alembrá
Veio os home com as ferramenta e o dono mandô derrubá
Peguemos todas nossas coisas e fumos pro meio da rua
Apreciá a demolição
Que tristeza que nóis sentia, cada tábua que caía
Doía no coração
Matogrosso quis gritar, mas por cima eu falei
Os home ta co’a razão, nóis arranja outro lugar
Só se conformemo quando o Joca falou
Deus dá o frio conforme o cobertor
E hojé nóis pega as paia nas grama do jardim
E pra esquecer nóis cantemos assim:
Saudosa maloca, maloca querida
Dim dim donde nóis passemo dias feliz da nossa vida.

Fonte: CD Reviver Adoniran Barbosa. Som Livre, 2002.

A letra da música de Adoniran Barbosa nos faz refletir, corretamente, que:
I - A segregação residencial no espaço urbano, é conseqüência de um espaço/mercadoria cujos valores de uso e de troca definem as formas de apropriação e de luta pelo direito de morar na cidade.
II - Terras vazias à espera de valorização pela especulação imobiliária são uma das causas de a população de baixa renda não ter acesso à moradia digna.
III - Os favelados resistem a quaisquer tentativas de melhoria habitacional e impedem a implantação de equipamentos urbanos adequados e eficazes que melhorem sua qualidade de vida.
IV - A reforma urbana é um bem necessário, já que poucos têm acesso à infra-estrutura e aos serviços públicos urbanos.

Estão corretas:

a) Apenas as proposições I e II
b) Apenas as proposições I, II e IV
c) Apenas as proposições I e III
d) Apenas as proposições II e III
e) Todas as proposições

Letra B

05. (FURG) Nas grandes cidades brasileiras, a falta de moradia e o aumento do desemprego estão
diretamente relacionados à existência de que tipos de habitação?

a) Favelas e condomínios.
b) Favelas e cortiços.
c) Mansões e vilas.
d) Vilas e bairros.
e) Lugarejos e condomínios.

Letra B

06. (CEFET) O processo de expansão da mancha urbana, cuja característica singular é a formação de subúrbios separados da mancha urbana contínua, denomina-se

a) aglomeração.
b) conurbação.
c) metrópole nacional.
d) periurbanização.

Letra D

07. (Ufscar) Analise a tabela e as afirmativas que a seguem.



I. Observa-se em todos os períodos um crescimento contínuo das grandes cidades, em detrimento das pequenas e médias.
II. As cidades médias – aquelas com populações entre 100 e 500 mil habitantes – vêm conhecendo um crescimento superior às demais.
III. As cidades que menos crescem são as menores, as localidades com até 20 mil habitantes.
IV. As cidades que mais crescem são as maiores, as metrópoles com mais de 500 mil habitantes.
São corretas as afirmativas:

a) I e II.
b) II e III.
c) I e IV.
d) I e III.
e) II e IV.

Letra B

08. (Fuvest)



A charge acima, satirizando uma situação problemática, comum às grandes cidades, sugere a
I. importância da circulação para a dinâmica das atividades urbanas, exigindo da municipalidade a produção de soluções.
II. hegemonia do automóvel particular frente ao transporte público coletivo, resultando em entraves à fluidez do tráfego viário.
III. ausência de instrumentos legais de planejamento urbano, impedindo o processo de metropolização.

Está correto o que se afirma em

a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

Letra B

09. (Fatec) Considere as afirmações sobre a urbanização brasileira.

I. Embora os números referentes ao processo de urbanização possam conter algumas distorções,
resultantes das metodologias utilizadas, é inegável l que entre as décadas de 1950 até 1980 o Brasil
passou de forma intensa por esse processo.
II. No início da ocupação do território brasileiro, houve grande concentração de cidades na região
Sudeste. Esse fenômeno está associado ao processo industrial, que teve seu maior desenvolvimento
nessa região.
III. Num mundo cada vez mais globalizado, há um reforço do papel de comando de algumas cidades
globais na rede urbana mundial, como é o caso de São Paulo, importante centro de serviços
especializados.

Está correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) II e III, apenas.
c) II, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, II e III.

Letra D

10. (Puc-mg) Observe atentamente o gráfico e, a seguir, assinale a afirmativa INCORRETA.



a) O maior equilíbrio entre população rural e urbana verificou-se no final dos anos 60.
b) O declínio da população rural acentuou-se significativamente a partir de meados dos anos 70.
c) O ritmo de crescimento da população rural e urbana promoveu um desequilíbrio cada vez mais
acentuado entre elas, a partir da década de 70.
d) O ritmo de crescimento da população total tornou-se superior ao da população urbana a partir de
meados da década de 90.

Letra D

11. (Uft) Dentre vários aspectos, pode-se dizer que a urbanização brasileira ocorreu em níveis de intensidade e rapidez significativos, que se diferenciam regionalmente.

Quanto ao processo de urbanização no Brasil é CORRETO afirmar que:

a) No Nordeste a rede urbana apresenta maior densidade na zona litorânea.
b) A cidade de São Paulo sempre comandou a rede urbana brasileira.
c) A megalópole brasileira é constituída por São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
d) A porção centro-ocidental do país iniciou os primeiros passos de uma acelerada urbanização, inclusive com grande densidade demográfica.

Letra A

12. (Unifal) Leia as afirmativas a seguir.

I - O êxodo rural é uma das causas da urbanização acelerada que acarreta, entre outros problemas, o aumento do desemprego e crescimento do setor informal das cidades nos países de industrialização tardia.
II - O crescimento da taxa de urbanização implica uma acentuada melhoria nas condições de vida da população dos países subdesenvolvidos.
III - O aumento das favelas, dos loteamentos clandestinos e da população sem-teto pode ser apontado como conseqüência do êxodo rural e da crescente urbanização.

Com base nessas afirmativas sobre urbanização, marque a alternativa correta.

a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas I e III estão corretas.
c) Todas as alternativas estão corretas.
d) Apenas III está correta.

Letra B

13. (Facig) Sobre a urbanização brasileira, é incorreto afirmar.

a) O processo de urbanização brasileira apoiou-se essencialmente, no êxodo rural, ou seja, na
transferência de populações do meio rural para as cidades.
b) A violência urbana nas metrópoles brasileiras está relacionada a uma série de fatores sociais e
econômicos, como: o subemprego, o crescimento de favelas.
c) O processo de urbanização da população brasileira é uniforme. Os estados do país apresentam uma
urbanização de pouco contraste na distribuição da população rural e urbana.
d) A recente transformação do Brasil em sociedade urbana deixa para trás as estruturas econômicas e
os comportamentos reprodutivos típicos do meio rural.
e) A hierarquização do espaço brasileiro do ponto de vista urbano, apresenta grande concentração de
indústria e serviços na metrópole nacional, representada por São Paulo.

Letra C

14. (Ufla) Analise a letra da música abaixo.

Minha Alma (A paz que eu não quero)

A minha alma está armada
e apontada para a cara
do sossego
pois paz sem voz
não é paz é medo [...]
As grades do condomínio
são para trazer proteção
mas também trazem a dúvida
se não é você que está nessa prisão
me abrace e me dê um beijo
faça um filho comigo
mas não me deixe sentar
na poltrona no dia de domingo
procurando novas drogas
de aluguel nesse vídeo
coagido pela paz
que eu não quero
seguir admitindo

http://o-rappa.musicas.mus.br/letras/28945

Assinale a alternativa que indica o problema central destacado na letra da música.

a) A formação da chamada cidade informal das regiões metropolitanas.
b) A falta de infra-estrutura básica nos subúrbios das metrópoles.
c) O aprofundamento da pobreza nas grandes cidades brasileiras.
d) A violência criminal que atormenta os moradores dos grandes centros urbanos.

Letra D
15. (Umtm) Considere as afirmações a seguir sobre a rede urbana brasileira.

I. O processo de urbanização, acelerado na década de 1990, produziu uma nova categoria de cidades, as cidades globais, cuja concentração maior está na região Sudeste, pois é a região mais integrada ao mercado mundial.
II. A região Norte ainda não apresenta cidades com características de metrópoles regionais. A grande dimensão territorial e a fraca integração econômica fazem com que as cidades da região tenham mais relações com as metrópoles regionais do Nordeste e Centro-Oeste.
III. Cada vez mais, São Paulo centraliza as funções de metrópole nacional e global, pois é o “nó” de vários fluxos que integram a economia nacional à global: capitais, mercadorias, informações etc.
IV. Na atualidade, a idéia de uma rede urbana hierárquica está ultrapassada, pois cada centro urbano, independente de seu tamanho populacional consegue manter relações econômicas, políticas e sociais com outros centros.

Está correto somente o que se afirma em

a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.

Letra E

16. (Unisc) Em Geografia, as metrópoles são definidas por uma série de características. Com base nessas características, poucas das cidades brasileiras são consideradas metrópoles. Considerando as metrópoles brasileiras, é incorreto afirmar que elas

a) exercem influência sobre vasta área geográfica, quase sempre mais ampla que o território dos seus
Estados.
b) têm equipamentos urbanos numerosos e variados, capazes de suprir a quase totalidade das necessidades da sua população.
c) apresentam uma área central, cujo fluxo de veículos, em geral intenso, varia consideravelmente ao longo do dia.
d) formam uma mancha urbana de densidade demográfica homogênea, que se estende, de forma
contínua, pelos municípios da região metropolitana.
e) nenhuma das alternativas anteriores.

Letra D

17. (Ufrn) A transferência da capital do Brasil da região Sudeste para a região Centro-Oeste é vista como uma das maiores realizações de Juscelino Kubitschek. Explique a importância dessa transferência para o crescimento econômico da região Centro-Oeste.

Resposta:

Do ponto de vista econômico, a transferência da capital do Brasil do Rio de Janeiro para a região Centro-Oeste, com a construção de Brasília, promoveu uma maior integração do território nacional. Daí ocorreu uma dinamização das atividades econômicas no âmbito da construção civil, gerando inúmeros empregos para as populações, em especial os migrantes nordestinos. Além disso, a transferência da capital para a porção central do Brasil promoveu o crescimento de cidades no entorno de Brasília e de outras cidades já existentes, dinamizando os setores da economia urbana (comércio e serviços). Na
agricultura, verificou-se a expansão da fronteira agrícola, transformando a região do cerrado em importante área produtiva da economia nacional, em virtude da emergência de atividades agropecuárias modernas, que estavam articuladas à expansão do capital.

18. (Ufv) Leia o texto abaixo, extraído do romance O cortiço, que revela um grave e histórico problema habitacional dos centros urbanos brasileiros.

Um cortiço! Exclamava ele, possesso. Um cortiço! Maldito seja aquele vendeiro de todos os diabos! Fazer-me um cortiço debaixo das janelas!... Estragou-me a casa, o malvado!
[...] Noventa e cinco casinhas comportou a imensa estalagem. [...]
[...] E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro, e multiplicar-se como larvas no esterco. Durante dois anos o cortiço prosperou de dia para dia, ganhando forças, socando-se de gente.

(AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. 3. ed. São Paulo: Ática, 1975. p. 20-21.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a realidade urbana brasileira, assinale a afirmativa
CORRETA:

a) Devido ao pouco investimento em políticas habitacionais para as classes mais pobres, as moradias
inadequadas são problemas que persistem no Brasil há mais de um século.
b) O problema relatado no texto é característico apenas em pequenos centros urbanos, uma vez que o
governo federal aplica parcos recursos para construção de moradias.
c) O texto revela uma opção de grande parte da população brasileira, que por motivos culturais prefere viver nos cortiços.
d) Os cortiços não apresentam riscos à saúde nem à vida dos moradores, pois são construídos com padrões técnicos e arquitetônicos adequados.
e) As formas de habitação relatadas no texto se mantiveram ao longo do tempo, mesmo havendo uma
elevação significativa da renda recebida pela população mais pobre.

Letra A

19. (Ufrj) A rede urbana constitui um conjunto de cidades articuladas entre si que formam uma hierarquia de graus de comandos estabelecida pelo tamanho e pela oferta de bens e serviços de cada cidade.
Apresente três fatores que estão alterando a hierarquia da rede urbana brasileira.

Resposta:

Entre os fatores que estão alterando a hierarquia da rede urbana no Brasil estão: as mudanças na infra-estrutura de transporte e telecomunicação; a mudança na distribuição geográfica dos investimentos; o surgimento de novos setores produtivos; a logística empresarial; o processo de desmetropolização e o crescimento das cidades de porte médio, as mudanças nos hábitos de vida; mudança nos fluxos migratórios e a redistribuição da população.

20. (Ufmg) Analise este trecho de música, em que se retratam condições socioambientais das grandes cidades brasileiras:

A Cidade

A cidade se apresenta centro das ambições
Para mendigos ou ricos e outras armações
Coletivos, automóveis, motos e metrôs
Trabalhadores, patrões, policiais e camelôs
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce
Chico Science, “A Cidade”.

A partir dessa análise, é INCORRETO afirmar que, nesse trecho de música, o autor

a) considera a exclusão social como uma característica marcante das sociedades urbanas, que tem aumentado à medida que se intensifica a concentração de renda.
b) denuncia a pequena mobilidade econômica das classes sociais, decorrente da intensificação da divisão do trabalho que acompanha o processo de urbanização.
c) exalta o modo de vida urbano ao alegar que, nas cidades, a posse de bens duráveis – como automóveis e motocicletas – é traço característico de seus habitantes.
d) inclui o contingente populacional urbano inserido no mercado de trabalho informal, comumente ligado à expansão do subemprego e do desemprego estrutural.

Letra C

21. (Ufg) A polarização que os centros urbanos exercem uns sobre os outros determina a hierarquia urbana, em escala nacional. Nessa perspectiva, a concepção de metrópole regional abrange
a) extensas regiões, com influências que ultrapassam o limite estadual.
b) cidades menores e vilas dentro de um limite determinado pelo centro regional.
c) distritos, povoados, comunidades rurais e áreas vizinhas, no limite municipal.
d) todo o território nacional, direcionando a vida econômica e social.
e) centros regionais menores, com raio de ação inferior à esfera estadual.

Letra A

22. (Pucpr) Há poucos anos, foi estabelecida uma série de novas regiões metropolitanas no território brasileiro, estendendo para mais de 20 a sua quantidade. No Paraná, a novidade fica por conta das duas regiões metropolitanas do interior do estado, Londrina e Maringá, pois até então a única região metropolitana paranaense era a de Curitiba. Londrina e Maringá são atualmente as sedes de
regiões metropolitanas em virtude de:

a) Representarem pólos regionais de referência no norte do Estado, sendo que já se constata o
fenômeno da conurbação tanto na região de Londrina, como também em torno de Maringá.
b) Ambas são atualmente “cidades milionárias”, ou seja, as populações dos municípios de Londrina
e de Maringá já ultrapassaram a quantia de um milhão de habitantes.
c) Essas cidades desbancaram Curitiba em importância demográfica, industrial e de diversidades de serviços.
d) Ambas terem largado totalmente sua economia de origem agrícola, recebendo recursos
exclusivamente dos setores industriais e do comércio e serviços.
e) Representarem o principal eixo industrial do Estado e concentrarem as maiores populações do Estado em torno de seus municípios.

Letra A

23. (Unesp) Uma parcela da população que trabalha na metrópole de São Paulo tem preferido, nos últimos anos, morar em cidades próximas à região metropolitana, ou mesmo no meio rural, geralmente em condomínios fechados de alto padrão. Com base nessa tendência, analise as afirmações e aponte qual alternativa reúne as dinâmicas sócio-espaciais que se alteram.

I. Aumenta o fluxo de pessoas e veículos diariamente no sentido interior-metrópole-interior.
II. Novos espaços de lazer e consumo são criados nas cidades e regiões que recebem estes novos moradores.
III. Diminui a migração pendular.
IV. Essa opção de onde morar expande-se para toda população, independente da classe social.
V. A paisagem do campo é alterada pela presença dos condomínios.
VI. O local de residência não altera a qualidade de vida.
VII. Diminui significativamente a poluição na metrópole.

a) I, II e V.
b) I, III e V.
c) II, III e IV.
d) II, IV e VI.
e) III, IV e VII.

24. (Unesp) A reestruturação produtiva no Brasil, e mais especificamente no estado de São Paulo, ocorre juntamente com uma nova lógica de localização industrial. Analise as afirmações seguintes.

I. Nessa dinâmica ocorre a extensão da região industrial de São Paulo para um raio aproximado de 150 quilômetros e, com essa ampliação da área metropolitana, São Paulo passa a ser designada de cidade-região.
II. Com a forte migração da indústria para o interior paulista, ocorre a desindustrialização da cidade de São Paulo.
III. Aumenta ainda mais o status da metrópole de São Paulo, pois esta passa a comandar os fluxos materiais e imateriais por intermédio de redes informacionais.
IV. Com a migração da indústria, a metrópole de São Paulo passa a concorrer com as novas regiões paulistas mais dinâmicas e perde, conseqüentemente, seu status.
V. Juntamente com a indústria, migra, também, a gerência das grandes empresas, seguindo o mesmo fluxo da nova dinâmica locacional.

Estão corretas as afirmações

a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) II e V.
e) IV e V.

Letra B

25. (Ufrrj) Sobre as atuais tendências do processo de urbanização brasileira, analise as afirmativas a seguir.

I - A periferia das áreas metropolitanas tem sofrido um processo de esvaziamento devido ao desemprego e às dificuldades de expansão dos espaços construídos.
II – O crescimento das médias cidades é explicado pela reorganização de diversos setores da economia que fogem das desvantagens da aglomeração das áreas metropolitanas.
III - A oferta de isenções fiscais tem estimulado o crescimento de cidades médias, como Juazeiro do
Norte e Sobral, no Ceará, para onde se deslocaram indústrias têxteis e de calçados do sul do país.
IV - As metrópoles brasileiras continuam apresentando um acelerado crescimento demográfico devido aos fluxos migratórios campo-cidade e ao elevado crescimento vegetativo.

Assinale:

a) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.
b) se apenas as afirmativas III e IV estiverem corretas.
c) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.
d) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
e) se apenas as afirmativas I e IV estiverem corretas.

Letra D

26. (Pucamp) Considere o texto abaixo.

Quando alguém compra uma casa, está comprando também as oportunidades de acesso aos serviços coletivos, equipamentos e infraestrutura.Está comprando a localização da moradia, além do imóvel propriamente dito.
(Ermínia Maricato)

De acordo com o texto, a idéia de localização na cidade

a) não tem grande importância, já que os meios de circulação modernos e a rede de telecomunicações tornam o espaço urbano homogêneo.
b) depende do tamanho da cidade, pois isto é o que vai definir a disponibilidade de infra-estrutura e serviços urbanos para os seus habitantes.
c) está vinculada à aquisição de um imóvel, pois só dessa forma o cidadão passa a ter acesso aos serviços urbanos como escolas e hospitais públicos.
d) é uma das formas do exercício da cidadania, já que os cidadãos mais conscientes buscam imóveis com acesso aos serviços urbanos básicos.
e) é relativa, posto que é condicionada ao acesso à infra-estrutura e serviços urbanos, como o transporte coletivo e coleta de lixo.

Letra E

27. (Puccamp)
Condições de moradia do operário industrial
À medida que as novas cidades industriais envelheciam, multiplicavam-se os problemas de abastecimento de água, saneamento, superpopulação, além dos gerados pelo uso de casas para serviços industriais, culminando com as estarrecedoras condições reveladas pelas investigações sobre moradia e condições sanitárias, na década de 1840. Essas condições, nas vilas rurais ou nas aldeias têxteis, eram, muito precárias, mas a dimensão do problema era certamente maior nas grandes cidades, pela facilidade de proliferação de epidemias.
(...) Os habitantes das cidades industriais tinham freqüentemente de suportar o mau cheiro do lixo industrial e dos esgotos a céu aberto, enquanto seus filhos brincavam entre detritos e montes de esterco. Na verdade, alguns desses fatos persistem ainda hoje (década de
1960), no panorama industrial do norte e da região central da Inglaterra. (...)
(Adaptado de: E. P. Thompson. A formação da classe operária inglesa. In: Alceu Pazzinato e Maria Helena Senise. História moderna e contemporânea. São Paulo: Ática, 2003. p. 102)

Em São Paulo, um grande surto de desenvolvimento econômico, que levou à formação de parques industriais e ao aumento da população nordestina, vivendo em condições não muito diferentes das descritas no texto, ocorreu nos anos

a) 20, com acúmulo de capital decorrente da produção cafeeira.
b) 30, com o incentivo às indústrias de bens de consumo promovido pelo Estado Novo.
c) 50, com a execução do Plano de Metas e da política desenvolvimentista.
d) 60, com a implementação das Reformas de Base por João Goulart.
e) 80, com a aplicação de planos econômicos pelo governo Sarney.

Letra C

28. (Ufpr) Na Geografia, o termo “polarizar” significa atrair, influenciar, fazer convergir para si. Assim, para que uma determinada área possa exercer as funções de pólo, precisará concentrar um número considerável de atividades e recursos capazes de influenciar processos que ocorrem em outras áreas. Com base no texto acima e nos conhecimentos de Geografia, assinale a alternativa INCORRETA.

a) A polarização faz com que a população de alta renda empregada na indústria e nos serviços resida nas metrópoles, enquanto que a pobreza se localize nas pequenas e médias cidades não metropolitanas.
b) O poder de polarização de uma cidade está associado ao tamanho de sua população.
c) A implantação de indústrias numa cidade pode ampliar o poder polarizador dela ao atrair novos investimentos industriais e criar encadeamentos produtivos com indústrias de outras cidades.
d) No contexto da globalização, o poder polarizador das grandes metrópoles faz com que elas assumam a função de elos privilegiados entre as economias nacionais e o exterior.
e) A presença de cidades com forte capacidade de polarização é essencial para a articulação da rede urbana, motivo pelo qual essa rede é menos estruturada nas regiões pouco desenvolvidas.

Letra A

29. (Ufg) A urbanização dos países subdesenvolvidos constitui um fenômeno marcante da segunda metade do século XX. As características desse fenômeno, na América Latina, expressas na paisagem urbana das metrópoles, são decorrentes da

a) instalação de indústrias de bens de produção nos arredores das pequenas cidades e próximas às fontes de matéria-prima.
b) industrialização tardia e da modernização das atividades agrícolas, conjugadas à concentração de pessoas nas grandes cidades.
c) aglomeração humana e do aumento do poder aquisitivo da população, favorecidos pela expansão do capital financeiro na economia.
d) inovação tecnológica e do aumento da produtividade das indústrias de bens de consumo, para suprirem as necessidades da vida urbana.
e) implementação de parque industrial e da regulação, por meio do planejamento governamental, de deslocamentos populacionais para as cidades.

Letra B

30. (Uec) Em muitos países da periferia capitalista, como o Brasil, a urbanização e a industrialização não reduziram o problema da pobreza urbana nas grandes metrópoles. Nestes casos, as causas da pobreza urbana estão associadas a:

a) Industrialização realizada na fase monopolista do capital, incorporação de tecnologias poupadoras de mão-de-obra no setor moderno da economia, reduzido tamanho do mercado de trabalho formal e expansão do mercado informal urbano;
b) Industrialização realizada na fase concorrencial do capital, incorporação de tecnologias poupadoras de mão-de-obra no setor moderno da economia, reduzido mercado informal de trabalho e expansão do mercado formal urbano;
c) Industrialização realizada na fase monopolista do capital, incorporação de políticas do Estado do Bem-Estar Social e expansão do mercado formal urbano;
d) Industrialização realizada na fase concorrencial do capital, incorporação de tecnologias intensivas em mão-de-obra no setor moderno da economia, reduzido mercado informal de trabalho e expansão do mercado formal urbano;

Letra A

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Vestibular - O Brasil no mundo globalizado

01. (UFPEL) Observe a figura a seguir.


A figura é alusiva ao recente cataclismo no centro financeiro do capitalismo mundial, que gerou uma intervenção sem precedentes do governo estadunidense no mercado para sanear o capitalismo financeiro. Essa crise inevitavelmente atingirá a todos.
Nesses momentos de crise financeira, cresce em importância, na economia mundial, a consideração do risco país, um conceito que orienta os investidores internacionais sobre as melhores escolhas.

Leia as afirmativas a seguir. O risco país
I. determina o grau de instabilidade dos países emergentes de primeira linha: Brasil, Rússia, Índia e China, os que são congregados na expressão denominada Bric.
II. indica, quanto maior, menor capacidade de atrair investimentos estrangeiros. Para tornar o investimento atraente, o país tem de elevar as taxas de juros que remuneram os títulos representativos da dívida.
III. é calculado por agências de classificação de risco e por bancos de investimento. Países como
Rússia, Bulgária, Marrocos, Filipinas, Polônia e outros não são considerados como dados comparativos no cálculo dos índices.
IV. não é influenciado pela contração do crédito externo, ou pela queda do preço das ações e oscilações do dólar no cenário interno de um país, uma vez que depende do relacionamento com o mercado internacional.
V. é um conceito que funciona como um termômetro psicológico do mercado internacional de investimentos, uma avaliação do grau de credibilidade econômica que determinado país inspira a quem estuda a possibilidade de nele aplicar o seu capital.

Estão corretas, apenas,
a) II e V.
b) I e III.
c) III, IV e V.
d) IV e V.
e) I, II e III.
f) I.R.

Letra A

02. (UESPI) O conceito de globalização reúne um conjunto vasto de prescrições ancoradas no consenso hegemônico conhecido por “Consenso de Washington”. Sobre esse assunto, assinale a alternativa incorreta.
a) O Consenso de Washington foi subscrito pelos Estados Centrais do sistema mundial.
b) Esse consenso hegemônico elaborou prescrições acerca do futuro da economia mundial.
c) As políticas de desenvolvimento compõem um dos pilares do consenso de Washington.
d) O papel do Estado na economia está inscrito no receituário desse consenso hegemônico.
e) Esse consenso foi elaborado pelos Estados periféricos do sistema mundial, no início da década de 1970, na Inglaterra.

Letra E

03. (Ufc) A partir de 1989, a América Latina incorpora o neoliberalismo. Este modelo, contestado por diferentes grupos e movimentos sociais, caracterizou-se, neste continente, por

a) atenuar as diferenças sociais e a dependência em relação ao capital internacional, ofertando o pleno emprego.
b) estimular o desenvolvimento do campo social e político e implementar uma sociedade mais justa e igualitária.
c) diminuir o poder da iniciativa privada transnacional, mediante a intervenção do Estado a favor da burguesia nacional.
d) ter uma base econômica formada por empresas públicas que regularam a oferta e a demanda, assim como o mercado de trabalho.
e) instaurar um conjunto de idéias políticas e econômicas capitalistas que defendeu a diminuição da ingerência do Estado na economia.

Letra E

04. (Unimontes) O governo Collor lançou, em 1990, um plano de estabilização econômica que se apoiava nos seguintes pontos, EXCETO

a) Eliminação dos monopólios do Estado em telecomunicações e petróleo e fim da discriminação de capital estrangeiro.
b) Abertura da economia ao ingresso de produtos e serviços importados, por intermédio da redução e/ou eliminação dos impostos de importação.
c) Aumento da participação do Estado no setor produtivo, por intermédio de empresas estatais na
concessão de exploração de infra-estrutura.
d) Confisco, por 18 meses, dos depósitos bancários em dinheiro, tanto em caderneta de poupança quanto em outros tipos de investimentos.

Letra C

05. (Falm) Observe a tabela abaixo e responda:



A tabela acima apresenta a evolução do índice Ibovespa da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), medido em pontos. Com base na tabela e nas notícias recentemente veiculadas na imprensa brasileira, é possível afirmar que:
a) O mercado de ações brasileiro vive uma de suas maiores crises das últimas décadas, crise representada na tabela pelo aumento do índice nominal de aproximadamente 18 mil pontos em 2000 para aproximadamente 50 mil pontos em 2007.
b) O crescimento do índice Ibovespa reflete a perda do poder aquisitivo da população e o aumento do desemprego, verificados desde o Plano Real.
c) O mercado de ações brasileiro vive o melhor momento de sua história, momento representado na tabela pelo aumento do índice nominal de aproximadamente 18 mil pontos em 2000 para aproximadamente 50 mil pontos em 2007.
d) O índice Ibovespa representa o grau de confiança dos investidores externos e das agências de risco na economia brasileira.
e) O crescimento do Ibovespa reflete o movimento inflacionário que leva à perda de poder aquisitivo por parte do trabalhador brasileiro.

Letra D

06. (Puc-mg)



A associação dos dados apresentados pelo gráfico à realidade brasileira contemporânea permite
afirmar:

a) O imposto é a base da arrecadação no Brasil e vai diminuir gradualmente com a extinção da taxa
da CPMF.
b) O povo está cansado de pagar tantos impostos e sempre dá o seu “jeitinho” de fugir ao compromisso
com o governo.
c) O Brasil cobra impostos de país rico, entretanto não oferece os serviços no mesmo padrão dos
países ricos.
d) O Brasil tem má distribuição de renda; no que se refere à cobrança de tributos, paga mais quem
pode pagar mais.

Letra C

07. (Fuvest) Em setembro de 2007, aconteceram passeatas, em diversas cidades do País, como forma de protesto contra a privatização da Vale (Companhia Vale do Rio Doce, antiga CVRD).

a) Caracterize o contexto político-econômico mundial e nacional em que se deu a privatização da Vale.
b) Outros movimentos pró-reestatização de empresas públicas que foram privatizadas têm ocorrido na América Latina. Identifique um país em que isto aconteceu recentemente e explique o fato.

Resposta

a) A CVRD – Companhia Vale do Rio Doce – integrou o conjunto de empresas estatais brasileiras que
foram privatizadas a partir da década de 1990, num contexto internacional caracterizado pela prevalência do pensamento neoliberal, momento de consolidação de uma ordem global capitalista.
Essa Nova Ordem que se estabelecia exigia a abertura da economia. Nos países do Sul, essa liberalização dos mercados somou-se à privatização de setores em que a presença estatal, imprescindível no período inicial da industrialização pós-Segunda Guerra Mundial, tornava-se um obstáculo à modernização, inviabilizando investimentos externos.
Além disso, dentro de outro momento do neoliberalismo, que foi o Consenso de Washington, exigiu-se dos países em desenvolvimento a racionalização das contas estatais com o intuito de saldar dívidas. A
venda de estatais, como a CVRD, entrava nesse contexto.
Os investimentos necessários à modernização do equipamento industrial dos países do Sul dirigiram-se
para setores estratégicos, como a infra-estrutura de transportes, energia e telecomunicações.
O resultado desse processo de privatização do patrimônio outrora estatal permitiu a sua dinamização,
embora atualmente alguns setores sociais contrários a esse processos exijam sua revisão.
No Brasil, esse processo teve início no governo de Fernando Collor de Mello, sendo aprofundado no
governo de Fernando Henrique Cardoso. À época, houve já a mobilização de setores sociais que se
opuseram às privatizações, muitas das quais se manifestaram recentemente em favor da reestatização
da Companhia Vale do Rio Doce.

b) Dentre os exemplos latino-americanos de movimentos contrários à privatização, destacaram-se recentemente: a nacionalização dos hidrocarbonetos na Bolívia, a reestatização do setor elétrico na Venezuela, além do avanço da estatal petrolífera venezuelana, a PDVSA, sobre projetos multinacionais no vale do Rio Orinoco.

08. (Ufpe) É inegável que a economia brasileira avançou em vários aspectos, nos últimos anos. Embora o país conte com um expressivo mercado interno e um parque produtivo diversificado, a competitividade permanece travada por diversos fatores, tais como:

( ) inflação elevada para os padrões latino-americanos.
( ) alta carga tributária
( ) juros elevados
( ) crescimento negativo do PIB
( ) deficiências na infraestrutura

Resposta: FVVFV

09. Observe os gráficos apresentados a seguir.



Com base nas informações anteriores e em seus conhecimentos sobre o comércio exterior brasileiro,
assinale V (VERDADEIRA) e F (FALSA) para cada uma das afirmativas abaixo.

( ) Em 2005, o Brasil apresentou um superávit comercial com os Estados Unidos, a Argentina e a
China mas houve um déficit com a Alemanha. O comércio bilateral brasileiro com a Argélia e com a
Nigéria não é dos maiores, considerando que esses são fortes parceiros exportadores.
( ) Existe uma concentração muito grande de negócios com os Estados Unidos, sendo esse o país para quem mais vendemos e de quem mais compramos. Desse modo, a balança comercial brasileira é
completamente independente daquele mercado.
( ) A estrutura das exportações brasileiras está baseada em produtos que possuem, em geral, baixa
tecnologia e pouco valor agregado, ou seja, vendemos produtos baratos e temos que importar
itens caros de alta tecnologia e muito valor agregado.
( ) As barreiras do comércio internacional e os baixos investimentos internos em pesquisa e tecnologia
dificultam a inserção do Brasil no mercado exportador de produtos de tecnologia intensiva. Como conseqüência, observa-se que as unidades produtivas são de pequeno porte e com fracos
investimentos no exterior.
( ) A política de substituição de importações pela produção industrial local, adotada desde a década
de 1930, foi responsável pela modificação no quadro de extrema dependência externa, uma vez
que o padrão de crescimento econômico adotado voltou-se para o mercado interno.
Indique a opção que apresenta a seqüência correta.

a) F, V, V, F e F.
b) V, V, F, F e V.
c) V, F, V, V, e V.
d) F, F, F, V e F.
e) F, V, F, F, e F.

Letra C

10. (Ufv) Observe a tabela a seguir:



Com base na análise dos dados da tabela e nos conhecimentos sobre comércio exterior brasileiro, assinale a afirmativa CORRETA:

a) As importações cresceram continuamente, em função das importações de produtos agrícolas europeus e de material eletroeletrônico do Mercosul.
b) O crescimento nas exportações deve-se ao desempenho das indústrias brasileiras de produtos de alta tecnologia no mercado africano.
c) O aumento das exportações brasileiras ocorreu porque a Organização Mundial do Comércio (OMC)
reduziu as barreiras comerciais dos países ricos aos produtos oriundos do Mercosul.
d) O superavit na balança comercial deve-se aos esforços políticos do governo federal e ao bom
desempenho dos produtos agropecuários, como a soja, no mercado internacional.
e) O aumento das exportações é conseqüência do processo de globalização, que ampliou trocas comerciais internacionais, reduzindo a desigualdade entre os países ricos e pobres.

Letra D

11. (Uft) A inserção da economia brasileira no movimento de globalização teve início na década de 1990.

É INCORRETO afirmar que essa inserção foi acompanhada pela

a) adoção de processo industrial voltado para a substituição de importações, que reduziu a dependência do mercado interno por produtos manufaturados.
b) consolidação de um modelo econômico estruturado na liberalização comercial e na atração de investimentos estrangeiros diretos.
c) criação de agências de fiscalização das empresas privadas que se tornaram concessionárias de serviços públicos.
d) implantação de um programa de privatização das estruturas produtivas estatais – indústrias siderúrgicas e empresas de telecomunicação, entre outras.

Letra A

12. (Ufpe) “O processo de privatização das indústrias de base, setor de distribuição de energia e de outros setores que praticamente sempre foram controlados pelo Estado brasileiro, foi um fato marcante na década de 1990.”

Sobre esse assunto, analise o que é afirmado abaixo.

0-0) As privatizações ocorridas nesse período foram decorrentes da aplicação de uma política econômica marxista, de caráter “neo-socialista”, posta em prática por setores ligados ao sistema financeiro internacional.
1-1) O sistema TELEBRÁS foi a primeira empresa a ser privatizada na década referida, tendo sido dividido em mais de 10 empresas de telefonia fixa e móvel.
2-2) Um dos argumentos utilizados como justificativa para as privatizações foi o de que as empresas eram ineficientes, pouco competitivas e davam prejuízos. Assim, a venda dessas empresas diminuiria os gastos do governo.
3-3) Antes de serem privatizadas, as empresas estatais que não se mostravam muito rentáveis, economicamente falando, eram, em geral, financeiramente saneadas.
4-4) As privatizações das indústrias de base ocorreram como aplicação de uma ideologia, segundo a qual a participação do Estado na economia tem que ser máxima, sobretudo em setores que não apresentem déficit financeiro.

Resposta: FFVVF

13. (Unesp) Compare o ritmo de crescimento (PIB) e a inflação em alguns países, nos anos de 2004 e 2005.



Assinale a alternativa correta.
a) Dos países da América do Norte, Estados Unidos e México apresentam taxas de crescimento semelhantes e elevados índices de inflação nos dois períodos.
b) Dos países asiáticos, apenas Índia e China apresentam elevadas taxas de crescimento e índices de inflação muito elevados nos dois períodos.
c) Dos países sul-americanos, o Brasil apresenta as menores taxas de crescimento com índices de inflação pouco variáveis, enquanto a Argentina apresenta os maiores índices de crescimento com inflação crescente, próxima dos 10% ao ano.
d) Dentre os países desenvolvidos, Japão e Estados Unidos apresentam elevadas taxas de crescimento, enquanto os índices de inflação, nos dois períodos, estão próximos de zero.
e) Dos países latino-americanos, o Brasil e o México apresentam as maiores taxas de crescimento e os menores índices de inflação, próximos de 2% ao ano.

Letra C

14. (ESPM) Leia a matéria:

Crise já faz governo temer freada no crescimento

Análises de economistas do governo indicam que, se houver recessão nos Estados Unidos, a meta de crescimento de 5% do PIB para o ano que vem ficará comprometida.

(O Estado de São Paulo, 19/08/07)

O impacto da crise financeira internacional, deste segundo semestre de 2007 na economia brasileira, se explica pelo fato de:

a) Não ser o Brasil um global trader e depender exclusivamente do mercado norte-americano para alocar suas exportações.
b) Ser o mercado americano o maior destino das commodities brasileiras e o recuo das exportações pode diminuir os superávits alcançados nos últimos anos.
c) A descapitalização afetar os investimentos estrangeiros no país, gerando um conseqüente superávit nas contas correntes.
d) O Brasil não conseguir manter as médias de crescimento em torno de 5% que obteve nos últimos quatro anos, uma vez que as exportações para o mercado norte-americano contribuem decisivamente para o aumento do PIB nacional.
e) Que o Brasil vem se retirando da globalização, devido ao modelo econômico implementado no atual governo.

Letra B

15. (Ufscar) Os gráficos apresentam os resultados, no Brasil, da Balança Comercial e da Balança de Pagamentos entre os anos de 1970 e 2004.



Com base nos dados, pode-se afirmar que:

a) o superávit comercial assegura superávit na balança de pagamentos, fato que explica a política de incentivo às exportações adotada pelo Brasil desde os anos de 1990.
b) as políticas de privatização e de abertura às importações, realizadas a partir do Governo Collor, geraram déficits sucessivos na balança comercial e de pagamentos.
c) apesar das oscilações, houve predomínio das exportações frente às importações, no período representado nos gráficos.
d) a desvalorização do dólar a partir do segundo semestre de 2004 gerou aumento das exportações, redução dos investimentos estrangeiros no país e déficit na balança de pagamentos.
e) o aumento dos juros da dívida externa, na década de 1970, em decorrência da crise mundial do petróleo, é responsável pelos déficits na balança comercial em 1975 e 1980.

Letra C

16. Com base nos dados, pode-se afirmar que:

a) o superávit comercial assegura superávit na balança de pagamentos, fato que explica a política de incentivo às exportações adotada pelo Brasil desde os anos de 1990.
b) as políticas de privatização e de abertura às importações, realizadas a partir do Governo Collor, geraram déficits sucessivos na balança comercial e de pagamentos.
c) apesar das oscilações, houve predomínio das exportações frente às importações, no período representado nos gráficos.
d) a desvalorização do dólar a partir do segundo semestre de 2004 gerou aumento das exportações, redução dos investimentos estrangeiros no país e déficit na balança de pagamentos.
e) o aumento dos juros da dívida externa, na década de 1970, em decorrência da crise mundial do petróleo, é responsável pelos déficits na balança comercial em 1975 e 1980.

Letra D

17. (Unesp) Observe a tabela e assinale a alternativa que indica a relação entre PIB total e PIB per capita, no período considerado.



a) Os aumentos do PIB total e do PIB per capita não foram proporcionais, indicando acelerado crescimento econômico.
b) Os aumentos do PIB total e do PIB per capita foram proporcionais, indicando elevado crescimento econômico.
c) O PIB total não aumentou ano após ano, ao contrário do PIB per capita, indicando moderado crescimento econômico.
d) O PIB total aumentou pouco e o PIB per capita praticamente duplicou, indicando elevado crescimento econômico.
e) tanto o PIB total como o PIB per capita aumentaram pouco, indicando lento crescimento econômico.

Letra E

18. (Unesp) Observe as tabelas.



Analisando-se os dados, pode-se afirmar:

a) mais da metade das exportações brasileiras destina-se à União Européia e Estados Unidos, enquanto que a América Latina, o Oriente Médio e a África são as regiões com piores resultados no saldo comercial.
b) quase a metade das exportações brasileiras destina-se à União Européia e Estados Unidos, enquanto que a África, a Ásia e o Oriente Médio são as áreas com piores resultados no saldo comercial.
c) União Européia e Mercosul são os destinos da metade das exportações brasileiras, enquanto que América Latina, Ásia e África são as regiões com piores resultados no saldo comercial.
d) mais de 80% das exportações brasileiras destinam-se a apenas três regiões do globo, enquanto que os piores resultados do saldo comercial concentram-se em apenas duas regiões.
e) União Européia e Mercosul absorvem quase a metade das exportações brasileiras, enquanto que África e Ásia são os continentes com piores resultados no saldo comercial.

Letra B

19. (Cefet) O fundamento da nova ordem econômica é a liberdade dos indivíduos. Mas o que se vê é sua destruição: a violência do desemprego, a precariedade da sobrevivência física, o medo da insegurança: o homem passou a temer o futuro. O reinado do mercado implica o reinado do consumidor, o substituto comercial (despolitizado) do cidadão: o bem público é o bem privado, a coisa pública é a coisa privada. Dizem que as fronteiras entre Estados já não funcionam, mas os trabalhadores não têm livretrânsito. Ao livre fluxo de mercadorias (no sentido Norte-Sul) e do capital não corresponde o livre-trânsito de homens; a mão-deobra farta das antigas colônias e os conflitos religiosos, estimulados, alimentam na Europa e em todo o mundo políticas migratórias racistas e discriminatórias. Importam-se empresas e mercadorias; exportam-se empregos e territórios.

E, em nome do mercado e da liberdade, do livre-câmbio e do neoliberalismo, temos o monopólio absoluto ou mais perfeito (e não estamos em face de uma contradição em termos):

O monopólio estatal pelo Estado único.
O monopólio da economia.
O monopólio do mercado.
O monopólio dos valores.
O monopólio da informação e, finalmente, o monopólio da violência e da guerra.
(Roberto Amaral, Civilização e barbárie. Texto editado)

No Brasil, as idéias relacionadas à “nova ordem econômica”, ao “reinado do mercado” e à “exportação de empregos”, às quais o autor do texto se refere, caracterizaram “Planos Econômicos”
nos governos dos presidentes

a) Fernando Collor e de Fernando Henrique Cardoso.
b) Juscelino Kubitschek e Luiz Inácio Lula da Silva.
c) João Batista Figueiredo e Jânio Quadros.
d) João Goulart e Fernando Collor.
e) José Sarney e Itamar Franco

Letra A

20. (Unicap) Sobre a situação econômica brasileira no contexto neoliberal, são feitas as afirmações a seguir.

( ) 0 No início da década de 1990, o Brasil intensificou as barreiras protecionistas, prejudicando, assim, a entrada de investimentos internacionais no País.
( ) A adoção do modelo neoliberal pelo governo brasileiro acarretou uma certa redução de postos de trabalho nos setores Terciário e Secundário da economia.
( ) Muitas indústrias brasileiras não conseguiram competir com as estrangeiras e foram obrigadas a fechar.
( ) A política neoliberal no Brasil advoga uma maior intervenção do Estado na economia, recebendo, por isso, forte oposição das forças de esquerda internacionalistas.
( ) Com a introdução de tecnologias de informação, robótica e automação, os empregos diretos nas indústrias ampliaram-se, contribuindo, dessa maneira, para a diminuição do desemprego, em especial no início deste século.

Resposta

F V V F F

21. (Pucrio) Desde as últimas décadas do século XX, o Brasil, diante das novas exigências do comércio global, vem mantendo ou criando estratégias econômicas com o objetivo de aumentar sua participação na economia mundial. Sobre o comércio exterior brasileiro, hoje, NÃO É CORRETO afirmar que:

a) as exportações de produtos industrializados superam, em valor, as de produtos agrícolas;
b) a valorização do real frente ao dólar aumenta a competitividade das exportações brasileiras;
c) os principais importadores dos produtos industrializados brasileiros são os Estados Unidos e a Argentina;
d) os superávits crescem graças ao aumento das exportações de produtos industrializados e de commodities;
e) as ações políticas mais agressivas aumentaram as relações comerciais com a Índia, a África do Sul, os países do Oriente Médio e a China.

Letra B

22. (Cesgranrio) A década de 90 do século XX será lembrada na história da economia brasileira como o período em que o Brasil entrou para a era da globalização, ao mesmo tempo em que se desmontaram as bases do modelo de substituição das importações, adotado desde a ultima década do século XIX.

Sobre o processo mencionado, pode-se afirmar que:

I – a estruturação de um novo modelo desenvolvimentista no Brasil permitiu o aparecimento de um ritmo de crescimento econômico classificado como um dos mais elevados do mundo;
II – para atingir as suas metas, o governo brasileiro implementou a estabilidade econômica, com a redução dos altos juros inflacionários que prevaleciam antes da adoção do Plano Real;
III – a redução dos gastos públicos e a diminuição do papel do Estado na economia levaram a cortes nos investimentos em infra-estrutura, piorando a oferta de serviços públicos;
IV – a paridade cambial que marcou este período resultou em uma aceleração do consumo e, em conseqüência, no aumento da oferta de emprego e na elevação da qualidade de vida da população.

Estão corretas as afirmativas:

a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) II e IV, apenas.
e) III e IV, apenas.

Letra C

23. (Pucrs) Na Conferência da Organização Mundial do Comércio, realizada em setembro de 2003, em Cancun (México), o Brasil teve uma posição de destaque ao

a) defender uma ampliação da política de livre comércio para as Américas, que beneficiasse também os interesses do Segundo Mundo.
b) liderar um bloco de mais de 20 países visando à revisão da política protecionista dos países ricos de subsídios ao setor agrícola.
c) propor o fim da intervenção americana no Iraque e uma solução pacífica para o conflito entre árabes e israelenses no Oriente Próximo.
d) preconizar a formação de um fundo internacional para a erradicação da fome no mundo, administrado pelo Brasil.
e) defender a proibição internacional do cultivo e da comercialização de produtos geneticamente modificados (transgênicos).

Letra B

24. (Pucsp)

"Se os parceiros (do Mercosul) souberem valorizar-se reciprocamente... será possível promover uma união que leve em conta alguns fatores... é preciso construir um sentido de urgência e premência comparável ao do europeu: se não nos unirmos, seremos devastados pela ALCA".
(Renato Janine Ribeiro em entrevista para "O mundo em português", nZ 29, fev. 2002).

Indique a alternativa que melhor se ajuste a afirmação acima.

a) O ideal seria fazer do Mercosul uma espécie de prolongamento do Nafta, que, assim como a União Européia, é uma associação de países apenas para o livre comércio.
b) Os parceiros do Mercosul devem buscar uma união que ultrapasse apenas o livre comércio, e que promova a cooperação em outros níveis (política, cultura etc) de modo a poder se relacionar com a ALCA com mais força.
c) Mercosul e ALCA são duas realidades excludentes. Aqueles que insistirem em unir-se em torno do Mercosul serão boicotados pela ALCA cuja organização segue o modelo da União Européia.
d) Uma vez inseridos na ALCA, os países que hoje formam o Mercosul se beneficiarão pelo acesso às tecnologias modernas dos EUA e ao seu mercado, o que permitirá um desenvolvimento sem igual a esses países.
e) Tanto NAFTA quanto Mercosul são acordos de livre comércio, assim como outros existentes na América. Na prática, a criação da ALCA busca otimizar todos os acordos do continente, eliminando a divisão desnecessária entre blocos econômicos.

Letra B

25. (Unifesp) Em meio a crises, os países sul-americanos negociam a

a) fusão do Mercosul à União Européia, eliminando taxas para o comércio de produtos agrícolas.
b) implementação da ALCA, sofrendo pressão dos Estados Unidos pela abertura de seus mercados.
c) criação do CARICOM, para instalar bases militares nos países da região, visando combater o terrorismo.
d) ampliação do Pacto Andino, graças ao Plano Colômbia, que visa criar uma infra-estrutura viária comum aos países do bloco.
e) integração dos países do Pacto Amazônico com o NAFTA, propondo o uso sustentável dos recursos genéticos e da água doce.

Letra B

26. (Uurj) "Quem sabe, então, se não seria conveniente, do ponto de vista do interesse nacional, direcionar nossos esforços para a consolidação do Mercosul, como forma de resgatar o velho sonho de integração econômica latino-americana, concebida originariamente - e com surpreendente atualidade nos dias de hoje - em oposição aos mesmos que agora tratam de nos impingir a Alca."
(TAVARES, Maria da Conceição. "Folha de São Paulo", 29/03/98.)

A crítica de economistas brasileiros sobre a formação da Alca, ao mesmo tempo em que defendem a consolidação do Mercosul, justifica-se principalmente porque:

a) o pequeno porte das empresas do setor de serviços nos conduziria a uma situação vantajosa no mercado externo
b) o fim das barreiras comerciais no continente nos colocaria numa situação de falência do setor industrial de capital estrangeiro
c) a estrutura industrial e agrária subordinada aos países centrais nos levaria ao confronto com outras organizações supranacionais
d) a abertura indiscriminada às exportações norte-americanas nos reduziria à condição de produtores de bens primários e de "commodities"

Letra D

27. (Pucrio) "As estruturas estatais no mundo moderno se construíram em torno de um território nacional. Esse foi o parâmetro básico da atuação dos Estados, embora não o único. O Estado desenvolvimentista brasileiro não fugiu a essa regra e delineou o perfil do Brasil atual. Mal ou bem, criou-se por conta da arquitetura estatal um conjunto de interesses nacionais que por vezes se opõem, mesmo que de modo frágil, aos interesses estrangeiros. Na verdade, isso é comum a todas as nações modernas.
Extraído de OLIVA, Jaime. GIANSANTI, Roberto. "Temas da Geografia do Brasil". São Paulo: Atual, 1999.

No Brasil, estamos assistindo ao desmonte desse Estado desenvolvimentista. Dentre os argumentos favoráveis a esse desmonte, podemos citar:

I) O desenvolvimento socioeconômico não pode ser pensado a partir da dimensão nacional devido à crescente globalização da produção.
II) O desenvolvimento encontra-se no mercado e na integração econômica mundial, já que as empresas tomam decisões e operam recursos segundo uma lógica de integração mundial.
III) Para a integração mundial, é necessário remover os obstáculos que dificultam a presença dos interesses da economia global.
IV) O território será mais atraente quanto mais vantagens competitivas apresentar ao capital externo.

Estão corretas as afirmativas:
a) I e III.
b) II e IV.
c) I, II e III.
d) II, III e IV.
e) I, II, III e IV.

Letra E

28. (Ufmg) Considerando-se as questões que envolvem o processo de integração da economia brasileira com a economia mundial globalizada, é INCORRETO afirmar que

a) a abertura da economia aos produtos estrangeiros, por um lado, contribuiu para o aumento da competitividade, mas, por outro, favoreceu o fechamento de postos de trabalho.
b) a persistência da concentração de renda no País acentua a diferença entre o tamanho da população e o tamanho do mercado, desestimulando pequenos e médios empresários, que produzem sobretudo para o consumo interno.
c) a reserva de mercado para o capital nacional, no setor eletroeletrônico, contribuiu para afugentar o capital estrangeiro dos ramos industriais que empregam tecnologia de ponta.
d) o custo/salário da mão-de-obra brasileira vem perdendo importância como fator de atração de investimentos, já que a indústria tem privilegiado o uso intensivo de capital, em detrimento do trabalho.

Letra C

29. (Puccamp) O Mercosul "é uma plataforma de inserção competitiva numa economia mundial que simultaneamente se globaliza e se regionaliza em blocos".
(Celso Lafer, ex-chanceler brasileiro)

Sobre os integrantes desse bloco pode-se afirmar que,

a) o Paraguai tem taxas de mortalidade e analfabetismo semelhantes às da Argentina.
b) a Argentina e o Uruguai têm os melhores indicadores sociais.
c) o Brasil tem a maior esperança de vida e o menor crescimento vegetativo.
d) o Paraguai e o Uruguai têm os mais baixos percentuais de população urbana.
e) o Brasil e a Argentina apresentam volumes de dívida externa semelhantes.

Letra B

30. (Uff) A respeito das relações entre o movimento de entrada e saída de capitais nos "países em desenvolvimento" e a estrutura econômica desses países, entre 1991 e 2000, assegura-se que:

a) O movimento de entrada e saída de capitais nos países em desenvolvimento demonstra o caráter especulativo do dinheiro globalizado que pouco alterou as estruturas econômicas desses países.
b) A fuga de capitais registrada no final da década de 90 decorreu das restrições à livre circulação do capital financeiro estabelecidas pelos países em desenvolvimento.
c) O crescimento econômico dos países em desenvolvimento aumentou sua participação no Mercado Financeiro Internacional, fato evidenciado pela saída de capitais observada no final da década de 90.
d) O intenso movimento de capitais nos países em desenvolvimento sustentou as políticas de fortalecimento das empresas nacionais e proporcionou novos meios de pagamento de suas dívidas externas.
e) O movimento de entrada de capitais nos países em desenvolvimento foi influenciado, especialmente, pelo processo de abertura do mercado e pela privatização de empresas estatais.

Letra E

31. (Ufpi) Com relação a algumas características sócio-econômicas dos países subdesenvolvidos, assinale a alternativa correta.

a) Forte influência de empresas multinacionais que controlam grande parte da economia, além de considerável dívida para com bancos estrangeiros.
b) Nível científico e tecnológico elevado, com altas taxas de escolaridade proporcionando um grande crescimento industrial.
c) Elevado nível de vida da população, com boas condições de alimentação e habitação, além de elevada eficiência na prestação de serviços.
d) Agricultura intensiva com elevados índices de produtividade resultantes do emprego de tecnologia avançada.
e) A população apresenta no seu conjunto elevado nível de vida com baixas taxas de mortalidade infantil e de expectativa de vida.

Letra A

32. (Ufmg) Nos últimos anos, o Brasil experimentou um amplo processo de privatização da economia.
É INCORRETO afirmar que esse processo

a) constituiu uma resposta do Estado brasileiro à necessidade de se tornar mais ágil nas questões que lhe competem e, também, às pressões neoliberais, que acompanham a tendência internacionalmente imposta.
b) aumentou o índice de desemprego no País pelo fechamento de postos de trabalho, uma das exigências do capital privado para se tornar competitivo em nível mundial.
c) fortaleceu a presença do Estado brasileiro dentro das fronteiras políticas nacionais em relação tanto ao capital especulativo quanto ao produtivo, que interferem na economia do País.
d) contribuiu para um expressivo aumento da participação do capital estrangeiro na economia brasileira, no setor produtivo e naqueles de prestação de serviços, anteriormente considerados monopólio do Estado.

Letra C

33. (Pucrs) Responder à questão com base no fenômeno das "ondas" neoliberais que aportaram no Brasil com maior intensidade em 1989, causando modificações políticas, sociais e econômicas.

Apontam-se como fatos relacionados a esta situação:

I. As eleições elevam Fernando Collor de Mello, que defendia a "entrada do Brasil no Primeiro Mundo", à presidência da república em 1989.
II. A diminuição da inflação efetiva-se através do encarecimento do dinheiro, restringindo a circulação e diminuindo investimentos em verbas sociais.
III. A redução do poder de compra provoca o desemprego e o aumento da "economia informal".
IV. Investidores estrangeiros afluem ao país, atraídos por uma economia estável e uma boa infra-estrutura.

Pela análise das afirmativas, conclui-se que estão corretas as da alternativa
a) I e II
b) I, II e III
c) I, III e IV
d) I e IV
e) II, III e IV

Letra B

34. (Pucrs) Responder à questão com base no fenômeno das "ondas" neoliberais que aportaram no Brasil com maior intensidade em 1989, causando modificações políticas, sociais e econômicas.

Apontam-se como fatos relacionados a esta situação:

I. As eleições elevam Fernando Collor de Mello, que defendia a "entrada do Brasil no Primeiro Mundo", à presidência da república em 1989.
II. A diminuição da inflação efetiva-se através do encarecimento do dinheiro, restringindo a circulação e diminuindo investimentos em verbas sociais.
III. A redução do poder de compra provoca o desemprego e o aumento da "economia informal".
IV. Investidores estrangeiros afluem ao país, atraídos por uma economia estável e uma boa infra-estrutura.

Pela análise das afirmativas, conclui-se que estão corretas as da alternativa
a) I e II
b) I, II e III
c) I, III e IV
d) I e IV
e) II, III e IV

Letra E

35. (Pucrio) Na década de 1990, iniciou-se no Brasil o processo de transferência da infra-estrutura territorial e de segmentos importantes do setor produtivo para a iniciativa privada. Indique, na relação a seguir, o setor que NÃO participou desse processo.

a) Ferroviário
b) Siderúrgico
c) Farmacêutico
d) Telecomunicações
e) Mineração

Letra C