A relação entre Estados Unidos e Rússia tende a ser marcada por desconfiança mútua e uma constante guerra retórica, após a ação militar russa em território georgiano, seguida do apoio americano à Geórgia.
É o que pensam analistas internacionais ouvidos pela BBC Brasil. O conflito entre Rússia e Geórgia teve início depois que tropas georgianas invadiram, no último dia 8, a república autônoma da Ossétia do Sul, um enclave de maioria russa situado dentro da Geórgia. A operação gerou uma violenta ação militar por parte da Rússia.
''As crescentes declarações negativas e o uso da mídia por ambas as partes tornarão a atmosfera mais difícil para se chegar a discussões e negociações normais em uma série de temas'', afirma James Collins, diretor do programa de Rússia e Eurásia do instituto de pesquisas Carnegie Endowment for International Peace.
Collins, que foi embaixador americano na Rússia entre 1997 e 2001, acredita que mesmo em meio às tensões entre os dois países, é preciso buscar o diálogo e o consenso em determinados temas.
''A minha carreira dipolmática me ensinou que você não vai muito longe se resolve não falar com quem dicorda de você. É melhor ter um diálogo para descobrir quais os pontos em comum e quais as diferenças'', afirma.
Fim de mandato
Mas o ex-embaixador acredita que o momento não é dos mais propícios, por conta de o governo de George W. Bush estar chegando ao fim e ter pouco poder de fogo.
''Temos de ser realistas. É improvável que muitas iniciativas sejam tomadas por uma administração que está chegando ao fim.''
Para o analista político russo Andrey Piontkovsky, pesquisador do Hudson Institute, de Washington, e diretor-executivo do Centro de Estudos Estratégicos, de Moscou, o governo russo agiu de forma apropriada no início de sua operação militar, mas terminou pecando pelo excesso.
''A percepção por parte da administração americana é de que o governo Putin cruzou o sinal vermelho. Em minha visão, o Kremlin cometeu um sério erro. A Rússia estava certa ao reagir a um ataque inaceitável por parte de Saakashvili (o presidente georgiano Mikhail Saakashvili).''
Naquela ocasião, argumenta o analista, ''nossas forças de paz estavam agindo de forma justa. Quando o governo russo decidiu ampliar a operação para além da Ossétia do Sul e para a Geórgia propriamente, essa percepção de que se estava agindo com justiça foi se esvaindo a cada dia''.
Retórica e ações
Para Gary Schmitt, diretor de programas estratégicos do American Enterprise Institute, os Estados Unidos precisam conciliar a dura retórica com ações da mesma natureza em relação aos russos, já que este tem sido o procedimento por parte de Moscou.
''Nos últimos anos, a retórica vinda de Moscou tem sido bem agressiva e seguida de ações igualmente virulentas. A incapacidade de ter levado essa retórica a sério passou o recado errado aos russos. Por isso, é importante passar a mensagem de que eles cruzaram a linha e precisam recuar.''
Para Schmitt, entre as possíveis ações que as potências ocidentais poderiam tomar contra os russos figuram negar a eles a pretendida adesão à Organização Mundial de Comércio e expulsá-los do G8. Ambas propostas defendidas também pelo virtual candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, John McCain.
Sanções econômicas
O analista acredita que outra medida retaliatória eficaz seria a de adotar sanções contra empresas russas. ''Há inúmeras companhias russas envolvidas em atividades ilícitas e estas poderiam ser almejadas.''
''Este é um regime russo que se gaba de conseguir acumular o máximo possível de dólares e euros. É preciso atingí-lo em seu ponto fraco'', afirma Schmitt.
Para o diretor do American Enterprise Institute, a fim de não ficar refém da Rússia, a Europa, atualmente muito dependente do gás proveniente do país, precisa buscar a autonomia energética.
Caso os europeus se encaminhem nessa direção, a Rússia sofrerá os efeitos, diz ele.
''A Rússia só irá recuar se sofrer um castigo pesado. O governo do país é uma autocracia que só sabe reagir à dor.''
Para Schmitt, a operação militar russa selou de vez a relação de desconfiança que o Ocidente mantinha com Moscou.
''Creio que ninguém no governo americano e seguramente ninguém na Europa vê a Rússia como um aliado, mas sim como um mal necessário.''
É o que pensam analistas internacionais ouvidos pela BBC Brasil. O conflito entre Rússia e Geórgia teve início depois que tropas georgianas invadiram, no último dia 8, a república autônoma da Ossétia do Sul, um enclave de maioria russa situado dentro da Geórgia. A operação gerou uma violenta ação militar por parte da Rússia.
''As crescentes declarações negativas e o uso da mídia por ambas as partes tornarão a atmosfera mais difícil para se chegar a discussões e negociações normais em uma série de temas'', afirma James Collins, diretor do programa de Rússia e Eurásia do instituto de pesquisas Carnegie Endowment for International Peace.
Collins, que foi embaixador americano na Rússia entre 1997 e 2001, acredita que mesmo em meio às tensões entre os dois países, é preciso buscar o diálogo e o consenso em determinados temas.
''A minha carreira dipolmática me ensinou que você não vai muito longe se resolve não falar com quem dicorda de você. É melhor ter um diálogo para descobrir quais os pontos em comum e quais as diferenças'', afirma.
Fim de mandato
Mas o ex-embaixador acredita que o momento não é dos mais propícios, por conta de o governo de George W. Bush estar chegando ao fim e ter pouco poder de fogo.
''Temos de ser realistas. É improvável que muitas iniciativas sejam tomadas por uma administração que está chegando ao fim.''
Para o analista político russo Andrey Piontkovsky, pesquisador do Hudson Institute, de Washington, e diretor-executivo do Centro de Estudos Estratégicos, de Moscou, o governo russo agiu de forma apropriada no início de sua operação militar, mas terminou pecando pelo excesso.
''A percepção por parte da administração americana é de que o governo Putin cruzou o sinal vermelho. Em minha visão, o Kremlin cometeu um sério erro. A Rússia estava certa ao reagir a um ataque inaceitável por parte de Saakashvili (o presidente georgiano Mikhail Saakashvili).''
Naquela ocasião, argumenta o analista, ''nossas forças de paz estavam agindo de forma justa. Quando o governo russo decidiu ampliar a operação para além da Ossétia do Sul e para a Geórgia propriamente, essa percepção de que se estava agindo com justiça foi se esvaindo a cada dia''.
Retórica e ações
Para Gary Schmitt, diretor de programas estratégicos do American Enterprise Institute, os Estados Unidos precisam conciliar a dura retórica com ações da mesma natureza em relação aos russos, já que este tem sido o procedimento por parte de Moscou.
''Nos últimos anos, a retórica vinda de Moscou tem sido bem agressiva e seguida de ações igualmente virulentas. A incapacidade de ter levado essa retórica a sério passou o recado errado aos russos. Por isso, é importante passar a mensagem de que eles cruzaram a linha e precisam recuar.''
Para Schmitt, entre as possíveis ações que as potências ocidentais poderiam tomar contra os russos figuram negar a eles a pretendida adesão à Organização Mundial de Comércio e expulsá-los do G8. Ambas propostas defendidas também pelo virtual candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, John McCain.
Sanções econômicas
O analista acredita que outra medida retaliatória eficaz seria a de adotar sanções contra empresas russas. ''Há inúmeras companhias russas envolvidas em atividades ilícitas e estas poderiam ser almejadas.''
''Este é um regime russo que se gaba de conseguir acumular o máximo possível de dólares e euros. É preciso atingí-lo em seu ponto fraco'', afirma Schmitt.
Para o diretor do American Enterprise Institute, a fim de não ficar refém da Rússia, a Europa, atualmente muito dependente do gás proveniente do país, precisa buscar a autonomia energética.
Caso os europeus se encaminhem nessa direção, a Rússia sofrerá os efeitos, diz ele.
''A Rússia só irá recuar se sofrer um castigo pesado. O governo do país é uma autocracia que só sabe reagir à dor.''
Para Schmitt, a operação militar russa selou de vez a relação de desconfiança que o Ocidente mantinha com Moscou.
''Creio que ninguém no governo americano e seguramente ninguém na Europa vê a Rússia como um aliado, mas sim como um mal necessário.''
Extraído de www.bbcbrasil.com.br
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