segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Apostila - MIGRAÇÕES NO ESPAÇO MUNDIAL E NO BRASIL

Desde o surgimento do homem a milhares de anos no continente africano, a busca por melhores condições de vida sempre foi uma das metas a serem alcançadas. Por conta disso, as primeiras sociedades eram nômades, pois migravam sempre em busca daquilo que havia se esgotado por onde já haviam passado, a sedentarização do homem só vai se dar com a chamada Revolução do Neolítico, quando o homem passa domesticar as plantas e animais, e a partir daí desenvolver a agricultura e a pecuária.
A mobilidade espacial das populações humanas, ou seja, as migrações, são motivadas por vários fatores, que podem ser: políticos, religiosos, naturais, culturais, mas sem sombra de dúvidas o fator que historicamente tem sido predominante é o econômico.
Hoje na chamada era da globalização mais do que nunca as migrações se dão por conta do fator econômico, é a busca por emprego, por melhores salários, por melhores condições de vida, etc. Com isso, verificamos uma ampliação dos fluxos de pessoas em especial, se dirigindo em direção dos países mais desenvolvidos, são principalmente pessoas oriundas de países subdesenvolvidos, o que tem gerado graves problemas políticos que ressurgem no mundo atual, como por exemplo a volta do nazismo na Europa, na figura dos chamados neonazistas, ou as barreiras impostas pela União européia e os EUA para imigrantes.

TIPOS DE MIGRAÇÃO
Entende-se por migração, qualquer mobilidade espacial feita por sociedades humanas.
A migração é um movimento que de um lado se configura em emigração, quando o movimento é de saída de um determinado país; e imigração, quando o movimento é de entrada em um determinado país.
Com isso temos países que são considerados países de emigração (aqueles onde predomina a saída de pessoas), e países de imigração (aqueles onde predomina a entrada de pessoas).
As migrações podem ser de vários tipos.
Se considerarmos o espaço de deslocamento temos:
a) Migração internacional ou externa: aquela que se realiza de um país para outro.
b) Migração nacional ou interna: aquela que se realiza dentro do mesmo país. Essa subdividi-se em :
b.1) Migração inter-regional: aquela que se realiza de uma região para outra.
b.2) Migração intra-regional: aquela que se realiza dentro da mesmo região.
Se levarmos em consideração o tempo de permanência do migrante temos:
a) Migração definitiva: quando a migração se dá sem que o migrante saia mais do local para onde foi, ou que não volte mais para o local de onde saiu.
b) Migração temporária: quando a migração se dá por um tempo que pode ser determinado ou indeterminado.
Se considerarmos a forma como se deu a migração temos:
a) Migração espontânea: quando ela se dá por vontade própria do migrante.
b) Migração forçada: quando ela se dá por uma vontade externa ao interesse do migrante.
c) Migração planejada: quando ela se dá de forma planejada afim de cumprir um determinado objetivo.

ALGUNS TIPOS DE MIGRAÇÕES INTERNAS
Dentre as migrações internas temos os seguintes movimentos:
a) Êxodo rural: tipo de migração que se dá com a transferência de populações rurais para o espaço urbano. Esse tipo de migração em geral tende a ser definitivo. As principais causas dele são: a industrialização, a expansão do setor terciário e a mecanização da agricultura.
O êxodo rural está diretamente ligado ao processo de Urbanização.
b) Êxodo urbano: tipo de migração que se dá com a transferência de populações urbanas para o espaço rural. Hoje em dia é um tipo de migração muito incomum.
c) Migração urbano-urbano: tipo de migração, que se dá com a transferência de populações de uma cidade para outra. Tipo de migração muito comum nos dias atuais.
d) Migração sazonal: tipo de migração que se caracteriza por estar ligada a períodos específicos do ano. É uma migração temporária onde o migrante sai de um determinado local em um determinado período do ano, e posteriormente volta, em outro período do ano, é a chamada transumância. É o que acontece, por exemplo, com os sertanejos do Nordeste brasileiro.
e) Migração diária ou pendular: tipo de migração característico de grandes cidades, no qual milhões de trabalhadores saem todas as manhãs de suas casas em direção do seu trabalho, e retornam no final do dia. Os momentos de maior aglomeração de pessoas são chamados de hora do rush. Isso se dá em virtude da periferização dos trabalhadores que muitas vezes moram a vários quilômetros de distância de seu trabalho, em alguns casos até mesmo em outras cidades que passam a ser chamadas de cidades dormitório. Nesse tipo de migração está incluído o commuting, movimentação diária de pessoas que moram em um país e trabalham ou vão buscar serviços em outro, os chamados transfronteiriços ou commuters.
f) Nomadismo: tipo de migração, que se caracteriza pelo deslocamento constante de populações em busca de alimentos, abrigo, etc. Esse tipo de migração é típico de sociedades primitivas e por conta disso se encontra em extinção.

CONSEQÜÊNCIAS DAS MIGRAÇÕES
Várias são as conseqüências das migrações, segundo COELHO e TERRA (2001), podemos destacar as seguintes:
a) Contribuição e influência no processo de ocupação e povoamento, na distribuição geográfica da população e, é claro, no próprio desenvolvimento econômico;
b) Contribuição no processo de miscigenação étnica e na ampliação e difusão cultural entre povos;
c) Quando a emigração significa perda de mão de obra qualificada (fuga de cérebros), os prejuízos para o país emigratório são enormes, ao passo que para o país imigratório as vantagens são muito grandes.
d) Podem acarretar mudanças de costumes, concorrência à mão de obra local e problemas políticos ideológicos, raciais, etc.
e) Vantagens econômicas para os países que não tem condições de atender as necessidades básicas de suas populações.

MIGRAÇÕES NO BRASIL
No Brasil, os movimentos migratórios sempre foram muito intensos, as primeiras migrações podem ser consideradas as feitas pelos europeus, e negros africanos que foram forçados a virem para cá. De lá para os dias de hoje tivemos muitas migrações de importância fundamental para o país, como, por exemplo, a dos migrantes italianos no século XlX, assim como de espanhóis, eslavos, japoneses, árabes, portugueses, dentre outros.O fundamental nesse processo, além da contribuição dada ao país por esses cidadãos, é o fato do enriquecimento cultural, com a grande variação étnico-cultural com a qual o país passou a conviver. Mas, em alguns casos, formaram-se os chamados "quistos culturais", ou seja, comunidades que preservam seus hábitos costumes e língua, sem se integrarem de forma plena a cultura nacional.
Até meados do século XX, o Brasil era um país típico de imigração, a partir da 2ª Guerra Mundial, passa a haver uma inversão nos fluxos, de imigratório o país torna-se de emigração. Hoje são milhões os brasileiros que vivem fora, principalmente em países como os EUA, Japão, Paraguai, etc. Os principais motivos que contribuem com isso são de ordem sócio econômica, ou seja, a imensa maioria dos brasileiros que daqui saem vão em busca de melhores condições de vida, emprego, salários, etc.; acontece que na maioria das vezes não são bem recebidos onde chegam, e passam a ocupar em geral os postos de trabalho relegados pelas populações dos países para onde imigraram.
As migrações internas também sempre foram muito intensas, como por exemplo, a de habitantes do Nordeste que migraram em massa para o Centro-sul do Brasil com o declínio da cana de açúcar e o desenvolvimento da mineração, ou a de nordestinos que migraram para a Amazônia no chamado "Boom da borracha" no final do século XlX.
Com a industrialização nas décadas de 60 e 70, passamos a viver de forma mais intensa migrações internas no território nacional, como a de nordestinos em direção das grandes metrópoles brasileiras, Rio e S. Paulo, e o intenso êxodo rural, que fez o Brasil se tornar um país predominantemente urbano em um espaço de menos de 30 anos.
Na década de 70 os fluxos migratórios se direcionaram para a Amazônia (terra sem homens, para homens sem terra), fruto da política de ocupação do território nacional imposta pelos militares, chamada "integrar para não entregar".
Atualmente, as antigas metrópoles industriais não são mais os locais preferidos por migrantes, por conta do processo de desconcentração industrial, novas áreas do país passam a ser pólo de atração desses cidadãos, como o interior de S. Paulo, do Paraná, etc. As migrações continuam a ser muito comuns no Brasil, tanto do campo para a cidade, assim como as urbano-urbano.
São comuns também nas grandes metrópoles brasileiras, as migrações pendulares, assim como a migração sazonal em regiões como o Nordeste.

Apostilas do Professor Rodrigo Bandeira

Um comentário:

Anônimo disse...

é bem interessante (: