terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Parabéns SANTANA/AP

Parabéns SANTANA

pelos buracos sem fim,
pela montanha de minérios,
pela lixeira que não apaga,
pelos caminhões da Amcel e Anglo,
pelas eternas obras do Vilelão e outras,
pela violência sem limites,
pela corrupção generalizada,
pelos motoristas embriagados,
pelo porto vergonhoso,
pela população que mora nas pontes,
pela juventude sem alternativas,
pelo tráfico de drogas,
por tudo de ruim que nossa querida cidade tem.

Robson, Nogueira, Giovane, Dr Tadeu, Rosemiro vcs não passam de um bando de bandidos. Parabéns pra vcs tb que tanto contribuíram com as maravilhas de nossa cidade.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Repressão e Criminalização dos Lutadores Populares em Mato Grosso

Mais uma vez presenciamos a demonstração dessa ditadura disfarçada de democracia no Estado de Mato Grosso; dessa vez, especificamente no município de Várzea Grande. No dia 29 de novembro de 2013, foi realizada uma manifestação contra a máfia do transporte, que toma conta tanto na cidade de Cuiabá como em Várzea Grande; em Várzea Grande, a população há anos sofre com o descaso dos ditos “representantes” do povo, com enormes problemas na saúde/educação/transporte/moradia, vivenciando cotidianamente os transtornos das obras da Copa do Pantanal.
A população várzea-grandense, além de não possuírem transporte público de qualidade, receberam um presente de natal antecipado, no qual foi construído uma divisão dentro do terminal rodoviário André Maggi. Essa divisão foi feita com catracas e grades de ferro, que força (forçava) a população a pagar duas passagens para poderem pegar outro ônibus e deslocarem-se para outros pontos da cidade e regiões vizinhas. Pode parecer algo simplório, porém, a população não possui o direito de efetuar integração, sem esquecer dos estudantes que não possuem passe-livre estudantil.
Cansados de todo esse abuso gerado pela máfia do transporte (AGER/MTU/EMPRESÁRIOS/PREFEITURA), foi realizada uma manifestação, no dia já citado anteriormente, na qual a própria população aderiu ao ato e arrancou catracas e retiraram as grades que impossibilitavam e aplicavam o roubo contra os passageiros. Foi uma enorme demonstração do quanto a população está cansada de todos esses desvios escancarados para as obras da Copa do Mundo. Foram 25 presospresos políticos, é claro, boa parte menores e que já foram soltos; no atual momento (30/11/2013), estamos contando com 12 presos políticos.
Nossa maior preocupação agora é a possibilidade de os 12 serem destinados para o presídio Carumbé, caso não paguemos fiança para liberação dos mesmos. O delegado determinou fiança de 8 salários mínimos por militante, que gera o montante de aproximadamente R$ 65.000,00. Estamos atrás de toda solidariedade possível nesse momento, além do suporte jurídico que já está nos acompanhando, estamos precisando de apoio financeiro de todos os companheiros e companheiras que possam contribuir com qualquer valor para que possamos libertar nossos presos políticos.
Não podemos esquecer que isso não passa de uma prática de terrorismo psicológico, que muito foi exercida nos períodos da Ditadura Militar na América Latina como um todo.
NÃO SE INTIMIDAR, NÃO DESMOBILIZAR. NENHUM LUTADOR SOCIAL SEM SOLIDARIEDADE!PROTESTO NÃO É CRIME E NÃO TÁ MORTO QUEM PELEIA!
Rusga Libertária / Resistência Popular–MT / MST / Coordenação Anarquista Brasileira-CAB/SINTECT – MT / Autonomia e Luta /

Pedido de Solidariedade Financeira!

São 11 os presos políticos que já foram encaminhados para os seguintes presídios: Carumbé (masculino) e Ana Maria do Couto (feminino). Foi determinado fiança de R$5.000,00 por militante preso, que gera o montante de R$ 55.000,00. Estamos atrás de toda solidariedade possível nesse momento, além do suporte jurídico que já está nos acompanhando. Estamos precisando de apoio financeiro de todos os companheiros e companheiras, lutadoras e lutadores que possam contribuir com qualquer valor para que possamos libertar nossos presos políticos.
Yan Rocha: AG 0686 OP 013 C/P 15585-6 (Caixa Econômica Federal)
Jelder Pompeu de Cerqueira: AG 1461-3 C/C 53860-4 (Banco Bradesco)
Edzar Allen de M. Santos: AG 1216-5 C/C 73070-X (Banco do Brasil)

Movimentos repudiam criação de efetivo para conter manifestações em SP

29/11/2013
Gisele Brito,
Movimentos sociais declararam repúdio à iniciativa do comando da Polícia Militar do Estado de São Paulo de criar um efetivo para atuar em manifestações de rua. O coronel Benedito Roberto Meira, comandante da instituição, afirmou durante evento organizado ontem (28) pelo jornal O Estado de S. Paulo que o efetivo terá 120 homens jovens, com mais de 1,80 metro e treinados em artes marciais. O grupo irá reforçar as forças de repressão que atuam em manifestações na cidade.
Atualmente, policiais montados em cavalos, pilotando motocicletas, da Tropa de Choque e da Força Tática são destacados para os protestos, além do efetivo de patrulhamento.
Segundo assessoria de comunicação da PM, o efetivo não tem data para começar a atuar. O treinamento nas técnicas de luta é comum a todos os soldados, sargentos e oficiais e amplia as alternativas disponíveis ao profissional de segurança pública, de acordo com a assessoria. Mas, para ativistas, as características da capacitação representam a disposição do Estado de agir com violência.
“A própria seleção já indica isso. E essa não é uma resposta que esperamos. É uma resposta militar”, afirma o advogado do grupo Advogados Ativistas, André Zanardo. “Quem selecionava gente com mais de 1,80 metro era Hitler para a SS. Agora vemos o governador Geraldo Alckmin fazer o mesmo contra a população”, compara.
“É um governo sem compromisso com o povo. Com isso, eu não tenho sombra de dúvida que nós temos que nos preparar para o enfrentamento”, acredita o coordenador da Central de Movimentos Populares, Luiz Gonzaga, o Gegê. “Ano que vem terá muita pancadaria. Isso se não matarem alguém. Porque a tática deles é amedrontar o povo. Mas isso não resolve. O que resolve são políticas sociais”, defende.
Para Mariana Félix, integrante do Movimento Passe Livre, responsável pela organização das manifestações do começo de junho, quando se intensificaram os atos de rua em todo o país, a resposta do governo do estado foi um conjunto de ações para reprimir a articulação da população. Nesse sentido foi aprovada ontem a criação de uma comissão especial mista no Congresso para regulamentar dispositivos constitucionais ainda pendentes de um projeto de lei que tipifica e penaliza atos de terrorismo no Brasil e para proibir máscaras em manifestações. “Não entendemos o porquê de os governos direcionarem tanto dinheiro para reprimir e não para atender às demandas sociais”, diz.
Foto: Midia Ninja

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Com reforço de fronteiras na Europa, imigrantes optam por 'rotas da morte'

Com o reforço da segurança nas fronteiras em toda a Europa e nos Estados Unidos, imigrantes ilegais são cada vez mais obrigados a optar por rotas perigosas para chegar aos seus destinos, aumentando o número de vítimas fatais nessas jornadas.
Segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), já chega a 900 o número de mortos só na travessia do mar Mediterrâneo, rota usada por imigrantes ilegais africanos que tentam chegar às ilhas de Lampedusa, Sicília e Malta, no sul da Europa.
O número é quase o dobro do registrado em 2012 e o triplo de dez anos atrás.
"O número de mortes vem crescendo porque as fronteiras europeias são cada vez mais vigiadas", disse à BBC Brasil Jumbe Omari Jumbe, porta-voz da OIM.
"Há cada vez menos opções para entrar na Europa. Isso leva as pessoas a utilizar alternativas cada vez mais desesperadas e perigosas".
Outra rota amplamente utilizada por imigrantes clandestinos é a da fronteira entre México e Estados Unidos, onde morreram 463 pessoas no ano passado, o maior número desde 2005. Neste ano, apenas em um ponto da fronteira, na região do rio Grande, 70 pessoas perderam a vida.
A travessia via Golfo de Áden, entre a África e o Iêmen e a Árabia Saudita, também é apontada pela OIM como uma rota migratória bastante perigosa. Não há números oficiais, mas as estimativas apontam para entre 100 e 200 mortes anuais nesta rota.

Sírios

O número de imigrantes africanos que tentam entrar na Europa tem se mantido estável de 2007 a 2012, em torno de 20 mil a 30 mil por ano - exceto 2011, quando o conflito da Líbia elevou o número para 63 mil.
A maioria desses imigrantes vem da África subsaariana, de países como Eritreia, Somália, Etiópia, mas também do Sudão, Mali e Gana, além de refugiados de países árabes em conflito.
Neste ano de 2013, o número dos que tentaram a travessia já tinha chegado a 30 mil no início de novembro, graças, em parte, ao número de sírios fugindo do conflito em seu país e que se juntaram aos imigrantes africanos. Estima-se em 8 mil o número de imigrantes sírios que tentaram a travessia do Mediterrâneo neste ano.
Os perigos dessas jornadas vieram à tona mais uma vez com duas tragédias em outubro. Na primeira, um barco com 500 imigrantes africanos naufragou próximo à Lampedusa, causando 360 mortes.
Na segunda, poucos dias depois, outra embarcação também a caminho de Lampedusa, com cerca de 230 passageiros, afundou ao sul de Malta, provocando 87 mortes.


Os dados causam preocupação, pois, apesar de o número de imigrantes em trânsito ser relativamente estável, o total de mortes está aumentando.
"O número de mortes vem crescendo porque as fronteiras europeias são cada vez mais vigiadas", disse à BBC Brasil Jumbe Omari Jumbe, porta-voz da OIM. "Há cada vez menos opções para entrar na Europa. Isso leva as pessoas a utilizar alternativas cada vez mais desesperadas e perigosas".
"As fronteiras terrestres foram reforçadas e o Mediterrâneo se tornou praticamente a única alternativa para entrar na Europa", diz Jumbe, porta-voz da OIM. "No passado, havia várias outras opções, incluindo a Grécia, a Búlgaria e também por avião".
O exemplo mais recente do reforço das fronteiras terrestres na Europa para impedir a entrada de imigrantes é a decisão da Bulgária de iniciar a construção de um muro de 30 quilômetros (e 3 metros de altura) em sua fronteira com a Turquia.
Esse será o terceiro muro na Europa a obstruir o acesso de imigrantes, após o dos enclaves espanhóis de Celta e Melila, no Marrocos, em 1998, e o construído pela Grécia, de 12,5 quilômetros, também na fronteira com a Turquia, finalizado no ano passado.
O porta-voz da OIM afirma ainda que o número de mortes de imigrantes que atravessam o Mediterrâneo para entrar na Europa vem crescendo desde a criação da Agência Europeia para a Gestão da Cooperação Operacional às Fronteiras Externas (Frontex), que acabaou reforçando o controle nas fronteiras europeias.
Segundo dados do OIM, no ano da criação do Frontex, em 2004, foram registradas 296 mortes na rota do Mediterrâneo entre a África e as ilhas de Lampedusa, Sicília e Malta.
Em 2008, esse número havia saltado para 682, mas caiu para 431 em 2009, mesmo assim isso representa um aumento de 45% em relação a 2004.

Números globais

A OIM calcula que 20 mil pessoas morreram desde 1988 na travessia do Mediterrâneo entre a África e o sul da Europa em geral, o que representa uma média de 800 pessoas por ano.
A OIM ressalta que as estatísticas de mortes na rota entre a África e Lampedusa, Sícilia ou Malta, via mar Mediterrâneo, são consideradas, desde 2005, as mais realistas na comparação com rotas migratórias de outras regiões do mundo, onde os dados podem ser subestimados.
Por esse motivo, não há números globais de mortes em rotas migratórias.
A Austrália, que recebeu nos últimos anos milhares de refugiados do Afeganistão e Iraque, também possui números considerados mais precisos: 1.484 imigrantes morreram afogados tentando entrar no país nos últimos 13 anos (incluindo os corpos não encontrados), o que dá uma média de 114 pessoas por ano.
O total de mortes na rota México-Estados Unidos vêm crescendo pela mesma razão observada na Europa: reforço cada vez maior da segurança nas fronteiras, o que leva as pessoas a utilizarem caminhos cada vez mais "isolados, traiçoeiros e perigosos", diz a ONG de direitos humanos Wola.
Para especialistas e ONGS, o controle maior das fronteiras dos países ricos também têm feito com que imigrantes caiam nas mãos de redes de tráfico humano.

Mortes de imigrantes na rota do Mediterrâneo entre a Africa e Lampedusa, Sicilia e Malta

2004 – 296 mortes
2008 – 682 mortes
2009 – 431 mortes
2012 – 500 mortes
2013 – 900 mortes
Fonte: OIM

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Marcos defende anarquistas e critica “moderninhos” e esquerda “bem-comportada

Em comunicado divulgado no dia 3 de novembro, o subcomandante Marcos defendeu anarquistas e black blocs e mandou um recado para os “moderninhos”, com os seus “ismos”, e para a esquerda “bem-comportada”.
No informe intitulado “Más e não tão más notícias”, Marcos se posiciona frente a ofensiva “anti-anarquista que levantam as boas consciências e a 'esquerda bem-comportada', unidas na santa cruzada com a direita ancestral para acusar jovens e velh@s anarquistas por desafiarem o sistema (como se o anarquismo tivesse outra opção)”.
Entre detalhes operacionais de quanto custou a primeira etapa da Escuelita Zapatista, realizada em agosto com 1.281 pessoas de todo o mundo, e ataques às “reformas estruturais” de fachada prometidas pelo governo mexicano, o porta-voz zapatista refez o convite para que outros venham participar da segunda etapa da escuelita, prevista para acontecer no final de dezembro deste ano. Com um detalhe:
“Venham, mas venham para escutar e aprender, porque houve quem veio [na primeira etapa da escuelita] para querer dar aulas de feminismo, vegetarianismo, marxismo e outros 'ismos'. E agora estão desgostosos porque os zapatistas não obedecemos o que nos vieram ensinar: que devemos mudar a lei revolucionária de mulheres como elas dizem e não como decidam as zapatistas; que não entendemos as vantagens da maconha; que não façamos nossas casas de cimento porque é melhor com adobe e palha; que não usemos calçados porque ao andar descalço estaríamos mais em contato com a mãe-Terra. Enfim, que obedeçamos o que nos vem a ordenar... ou seja, que não sejamos zapatistas.”
Quanto à ofensiva contra os anarquistas, a quem acusam “de serem os responsáveis por tudo o que está acontecendo”, Marcos os convidou a escreverem, no momento da inscrição para a segunda escuelita, ao menos uma folha de papel, ou uma palavra, sobre as acusações que lhes estão sendo impostas.
“Compas anarquistas: nós, @s zapatistas, não vamos culpabilizá-los por nossas deficiências […], nem vamos lhes fazer responsáveis pelos nossos erros, nem muito menos, vamos persegui-los por serem quem são. Mais ainda, lhes conto que vários convidados em agosto cancelaram sua vinda porque disseram que não podiam compartilhar a aula com “jovens anarquistas, esfarrapados, punks, cheios de brincos e tatuagens”, que esperavam (os que não são jovens, nem anarquistas, nem esfarrapados, nem punks, nem cheios de brincos e tatuagens) uma desculpa e que se aperfeiçoasse a inscrição. Seguem esperando inutilmente.
O que queremos lhes pedir é que, no momento da inscrição, entreguem um texto, no máximo de uma folha de papel, onde respondam às críticas e acusações que lhes têm feito os meios de comunicação pagos. Este texto será publicado numa seção especial de nossa página eletrônica (enlacezapatista.ezln.org.mx) e em uma revista-fanzine-como-se-diga que está prestes a aparecer no mundo mundialmente mundial, dirigida e escrita por indígenas zapatistas. Será uma honra para nós que em nosso primeiro número esteja sua palavra junto a nossa.
Vale uma folha só com uma palavra que abarque todo o espaço: algo como “Mentem!”. Ou algo mais extenso como “Eu lhes explicaria o que é o anarquismo se pensasse que iam entender”; ou “O anarquismo é incompreensível para os anões do pensamento”; ou “As transformações reais primeiro aparecem na nota vermelha”; ou “Tô cagando com o policiamento do pensamento”; ou a seguinte citação do livro “Golpes e contra-golpes”, de Miguel Amorós: “Todo mundo deveria saber que o Black Bloc não é uma organização, sim uma tática de luta de rua similar à 'kale borroka', que uma constelação de grupos libertários, “autônomos” ou alternativos vinha praticando desde as lutas dos squats (“okupações”) nos anos 80 em várias cidades alemãs' e agregar algo como 'se vão criticar algo, primeiro investiguem bem. A ignorância bem redigida é como uma idiotice bem pronunciada: inútil igual.”

Leia a íntegra em espanhol do comunicado abaixo ou clique aqui:

 MALAS Y NO TAN MALAS NOTICIAS.
 Noviembre del 2013.

A l@s estudiant@s que tomaron o quieren tomar el primer nivel de la Escuelita Zapatista:
A quien corresponda:
Compañeros, compañeras y compañeroas

Pues como ya es costumbre, me han designado a mí para darles las malas noticias.  Así que ahí les van.
PRIMERO.- Las cuentas (ahí les encargo que chequen bien las sumas, restas y divisiones porque las matemáticas no son mi fuerte, quiero decir, tampoco son mi fuerte):
A).- Gastos del primer nivel en Agosto de 2013 para 1281 alumnos:
.- Material de apoyo (4 libros de texto y 2 Dvd´s) para 1281 alumnos: $100,000.00 (cien mil pesos m/n).
.- Transporte y alimentación para 1281 alumnos del CIDECI a la comunidad en que tomaron el curso y de regreso: $ 339,778.27 (trescientos treinta y nueve mil setecientos setenta y ocho pesos con veintisiete centavos), repartidos de la siguiente forma:
Gastos de cada Zona en llevar alumn@s del CIDECI y distribución  en cada pueblo en carros y regresarlos a CIDECI, además de alimentación de niñ@s que trajeron l@s alumn@s.
Realidad ————-  $    64,126.00
Oventik—————- $   46,794.00
Garrucha————–  $ 122,184.77
Morelia—————-  $   36,227.50
Roberto Barrios—-     $   70,446.00
Total general—–        $ 339,778.27
  Nota: Sí, a mí también me llamó la atención eso de “77 centavos”, pero así me pasaron la cuenta.  O sea que no estamos en la onda del redondeo.
.- Transporte de 200 guardianas y guardianes al CIDECI donde impartieron el curso y de regreso: $ 40,000.00 (cuarenta mil pesos).  Su alimentación fue cubierta por l@s compañer@s del CIDECI-Unitierra.  Gracias al Doc Raymundo y a tod@s l@s compas de CIDECI, especialmente a l@s de la cocina (ojo: me deben los tamales).
  Total de gasto de las comunidades zapatistas para el curso de primer nivel en agosto del 2013 para 1281 alumnos: $ 479, 778.27 (cuatrocientos setenta y nueve mil setecientos setenta y ocho pesos con veintisiete centavos).
    Gasto promedio por alumno: $ 374.53 (trescientos setenta y cuatro pesos con cincuenta y tres centavos m/n).
B).- Ingresos de la Escuelita Zapatista:
Ingresos por registro (el bote que estaba en CIDECI): $ 409,955.00 (cuatrocientos nueve mil novecientos cincuenta y cinco pesos m/n).
Moneda nacional: $ 391, 721.00
Dólares: $ 1,160.00
Euros: $ 175.00
                        Ingresos en promedio por pago de registro de cada alumno: $ 320.02 (trescientos veinte pesos con dos centavos).
SEGUNDO.- Resumen y consecuencias:
En promedio, a cada alumno se le apoyó con $54.51 (cincuenta y cuatro pesos con cincuenta y un centavos m/n), mismos que fueron cubiertos gracias a donaciones solidarias.  Es decir, se apoyaron entre alumn@s.
O sea que, como quien dice, no sale la paga, compas.  Fue gracias a que algun@s alumn@s dieron más de los cien pesos obligatorios (algun@s no pusieron nada) y a las donaciones de personas generosas, que apenas pudimos salir a mano.
A l@s que dieron de más y a quienes hicieron esas donaciones extraordinarias, les agradecemos de corazón. Y también deberían agradecerles quienes no pagaron los cien pesos completos o no dieron absolutamente nada.
Pero sabemos bien que es difícil que se repita esto y que algun@s asistentes les paguen el curso a otr@s, así que nos enfrentamos a las siguientes opciones:
a).- Cerramos la escuelita.
b).- Reducimos el cupo a lo que podamos cubrir l@s zapatistas.  Me dice el Subcomandante Insurgente Moisés que serían unos 100 por caracol, 500 en total.
c).- Subimos el costo y lo ponemos obligatorio.
Pensamos que no debemos cerrar la escuelita porque ella nos ha permitido conocer y que nos conozca gente que antes no conocíamos ni nos conocía.
Pensamos que si reducimos el cupo, pues much@s se van a quedar tristes o brav@s porque ya tienen todo preparado para asistir, y qué tal que quedan fuera.  Sobre todo ahora que ya saben que la esencia del curso está en las comunidades y l@s guardian@s.  Y bueno, como a mí tocaría dar la noticia, pues me redundarían las mentadas que no son de menta.
Entonces pues sólo queda pedirles que paguen lo de su transporte-alimentación.  Sabemos que eso, además de que va a molestar a algun@s, puede dejar fuera a vari@s más. Por eso les avisamos con tiempo para que vean la forma de completar su paga y/o la de sus compas que quieren y pueden asistir pero no completan.
El costo será ahora de $ 380.00 (trescientos ochenta pesos m/n) por estudiant@ y deberá ser cubierto en el momento de registrarse en el CIDECI los días señalados.  Si además quieren traer un kilo de frijol y uno de arroz, pues se les agradecería.
Por favor, les suplicamos, les rogamos, les imploramos que aclaren bien con quiénes vienen, cuántos son y edades, porque luego llegan correos que dicen “voy con mis hijos” y ya que llegan olvídate del casting para “The Walking Dead”.  Tod@s l@s que asistan, deben registrarse antes, sean niñ@s, adultos, más mayores, muertos vivientes.
  Y aclaren las fechas en las que asisten.  Hay 2 fechas ahora, una a finales de diciembre y otra a inicios de enero.  Es importante saber a cuál se inscriben porque, como ya saben, hay una familia indígena que se prepara para recibirl@ y atenderl@, un guardián o guardiana que se prepara para orientarl@, un chofer o chofera que alista su vehículo para transportarl@, un pueblo entero que l@ recibe.  Y aclaren también si vienen a comunidad o tomarán el curso en el CIDECI de San Cristóbal de Las Casas, Chiapas.
Ah, y vengan a escuchar y aprender, porque hay quien vino a impartir cátedras de feminismo, vegetarianismo, marxismo y otros “ismos”.  Y ahora están a disgusto porque los zapatistas no obedecemos lo que nos vinieron a enseñar: que debemos cambiar la ley revolucionaria de mujeres como ellas dicen y no como decidan las zapatistas, que no entendemos las ventajas de la mariguana, que no hagamos las casas de cemento porque es mejor con adobe y paja, que no usemos calzado porque al andar descalzos estamos más en contacto con la madre tierra.  En fin, que obedezcamos lo que nos vienen a ordenar… o sea, que no seamos zapatistas.

CASOS ESPECIALES: L@s Anarquistas.
   Vista la campaña Anti Anarquismo que levantan las buenas conciencias y la izquierda bien portada, unidas en santa cruzada con la derecha ancestral para acusar a jóvenes y viej@s anarquistas de desafiar al sistema (como si el anarquismo tuviera otra opción), además de descomponer sus escenografías (¿lo de apagar la luz es para no ver a l@s anarquistas?), y que es llevada al delirio con calificativos como “anarco-halcones”, “anarco-provocadores”, “anarco-porros”, “anarco-etcétera” (por ahí leí el calificativo de “anarco-anarquista”, ¿no es sublime?), las zapatistas, los zapatistas no podemos ignorar el clima de histeria que, con tanta firmeza, demanda y exige que se respeten los cristales (que no muestran sino ocultan lo que pasa justo detrás del mostrador: condiciones laborales esclavistas, nula higiene, mala calidad, bajo nivel nutricional, lavado de dinero, defraudación fiscal, fuga de capitales).
Porque ahora resulta que esas raterías mal disimuladas llamadas “reformas estructurales”, que el despojo laboral al magisterio, que la venta “outlet” del patrimonio de la Nación, que el robo que el gobierno perpetra contra los gobernados con los impuestos, que la asfixia fiscal – que favorece sólo a los grandes monopolios-, que todo es por culpa de los anarquistas.
Que la gente bien ya no sale a las calles a protestar (oiga, pero si ahí están las marchas, los plantones, los bloqueos, las pintas, los volantes. Sí, pero son de maestr@s-transportistas-ambulantes-estudiantes-o-sea-nacos-y-nacas-y-de-provincia, yo digo gente bien-bien-del-df. -Ah, la mítica clase media, tan cortejada y al mismo tiempo despreciada y defraudada por todo el espectro mediático y político-), que la izquierda institucional también despoja los espacios de manifestación, que el “único opositor al régimen” ha sido opacado por los sin nombre una y otra vez, que a la imposición arbitraria se le llama ahora “diálogo y negociación”, que el asesinato de migrantes, de mujeres, de jóvenes, de trabajadores, de niñ@s, que todo es por culpa de los anarquistas.
Para quienes militan y se reivindican como de la “A”, bandera sin nación ni fronteras, y que son parte de la SEXTA, pero que en verdad militen y no sea una moda de vestir o de calendario, tenemos, además de un abrazo compañero, un pedido especial:
Compas Anarquistas: nosotros los zapatistas, nosotras las zapatistas, no les vamos a achacar nuestras deficiencias (incluida la falta de imaginación), ni los vamos a hacer responsables de nuestros errores, ni mucho menos los vamos a perseguir por ser quienes son.  Es más, les cuento que varios invitados en agosto cancelaron porque, dijeron, no podían compartir el aula con “jóvenes anarquistas, andrajosos, punks, aretudos y llenos de tatuajes”, que esperaban (los que no son jóvenes, ni anarquistas, ni andrajosos, ni punks, ni aretudos, ni llenos de tatuajes) una disculpa y que se depurara el registro.  Siguen esperando inútilmente.
Lo que les queremos pedir es que, en el momento del registro, entreguen un texto, máximo de una cuartilla de extensión, donde respondan a las críticas y acusaciones que se les han hecho en los medios de paga.  Dicho texto será publicado en una sección especial de nuestra página electrónica (enlacezapatista.ezln.org.mx) y en una revista-fanzine-como-se-diga próxima a aparecer en el mundo mundialmente mundial, dirigida y escrita por indígenas zapatistas.  Será un honor para nosotr@s que en nuestro primer número esté su palabra junto a la nuestra.
¿Eh?
Sí, sí se vale una cuartilla con una sola palabra que abarque todo el espacio: algo como “¡MIENTEN!”.  O algo más extenso como “Les explicaría lo que es el Anarquismo si pensara que van a entender”, o “El Anarquismo es incomprensible para los enanos de pensamiento”; o “Las transformaciones reales primero aparecen en la nota roja”; o “Me cago en la policía del pensamiento”; o la siguiente cita del libro “Golpes y Contragolpes” de Miguel Amorós: “Todo el mundo debería saber que el Black Bloc no es una organización sino una táctica de lucha callejera similar a la “kale borroka”, que una constelación de grupos libertarios, “autónomos” o alternativos, venía practicando desde las luchas de los squats (“okupaciones”) en los años 80 en varias ciudades alemanas” y agregar algo como “si van a criticar algo, primero investiguen bien. La ignorancia bien redactada es como una idiotez bien pronunciada: igual de inútil”.
En fin, estoy seguro de que no les faltarán ideas.
TERCERO.- Una no tan mala noticia: les recuerdo las fechas y la forma de solicitar su invitación y pedir su registro:
Fecha de segunda vuelta de la escuelita:
Registro el 23 y 24 de diciembre del 2013.
Clases del 25 de diciembre y hasta el 29 de diciembre de este año.  Salen el día 30.
Y los que quieran quedar a la fiesta del 20 aniversario del alzamiento zapatista, para festejar y acordar el amanecer del 1 de enero de 1994, con fiesta el día 31 de diciembre y el 1 de enero.
Fecha de tercera vuelta de la escuelita:
Registro el 1 y 2 de enero del 2014.
Clases del 3 de enero al 7 de enero del 2014.  Salen el día 8 de enero de 2014, regresando cada quien en sus rincones.
Para pedir su invitación y su registro, mandar un correo a:
CUARTO.- Otra no tan mala noticia es que se supone que yo iba a abrir esta etapa con un texto muy otro, saludando a nuestr@s muert@s, al SubPedro, al Tata Juan Chávez, a la Chapis, a los infantes de la guardería ABC, al magisterio en resistencia, y con un cuento de Durito y el Gato-Perro. Pero como me dijeron que urgía lo de las cuentas y la ratificación de las fechas, pues será para otra ocasión.  Está visto: lo urgente no da tiempo para lo importante.  Así que se libraron de leer sobre cosas que no son “trascendentes-para-la-presente-coyuntura”… por ahora.
Vale.  Salud y, créanlo o no, el mundo es más grande que el titular mediático más escandaloso.  Cuestión de ampliar el paso, la mirada, el oído… y el abrazo.
Desde las montañas del Sureste Mexicano.
El SupMarcos.
Conserje de la Escuelita y encargado de dar malas noticias.
México, noviembre del 2013.

"Black Bloc"

Por Lincoln Secco
A imagem de um coronel da PM paulista agredido chocou a imprensa. Deixemos de lado o fato estranho: numa corporação militar não é comum que justamente o oficial de máxima patente fosse deixado sozinho em meio a manifestantes que não costumam ser bem tratados por seus soldados.
A presidente da República, movida pelas pesquisas de opinião, logo se declarou contra os "vândalos". A Folha de S. Paulo já tinha uma pesquisa pronta para revelar que 95% dos paulistanos são contra os Black blocs. Mas o mesmo jornal não explica como a esmagadora maioria da população pode se posicionar sobre aquilo que ninguém sabe o que é!
Afinal, a grande imprensa costuma mostrar o "vandalismo" como um ato irracional. Por que, afinal, alguém ataca caixas de banco? Um articulista da Folha de S. Paulo sugeriu covardemente o uso do exército contra manifestantes! Já o Governador paulista, sempre movido pelo feixe para onde convergem suas ideias, pede que as leis sejam mais duras para agressores de policiais. Ele sequer tem o pejo de violar o artigo 5 da Constituição. Não somos todos iguais perante a lei? Sobre a desmilitarização da polícia nem uma palavra, afinal é uma obra da ditadura tão intocável quanto os torturadores ainda soltos por aí.
Depois dos confrontos do terminal Parque Dom Pedro em São Paulo foram 78 os jovens encarcerados. Segundo relato de um apoiador dos manifestantes, "na delegacia da Mooca havia um advogado do grupo dos ativistas com uma marca de tiro de borracha no abdômen, uma mãe rockeira orgulhosa do filho, pais moradores da Cohab e duas meninas da USP, combativas, e muito gratas pela nossa presença inútil por ali, que era basicamente para afastar os olhares repugnantes dos PMs rodeando no entorno como cães impunes.
Mais surpreendente foi o caso de um garoto que chegou de madrugada procurando o irmão que estava preso por formação de quadrilha. Detalhe: estavam passeando em São Paulo, vieram de Curitiba (portanto formaram a "quadrilha" em poucas horas).
O fato é que jovens sem a cultura política tradicional resolveram deixar a ideologia da espera. Tratados a pão e tijolo, enjaulados em terminais horrendos como o do Parque Dom Pedro, submetidos a infinitas baldeações, eles perderam o medo. Descobriram que não é a esperança que vence o medo. Mas a raiva.
Se algum articulista já esperou de madrugada a saída do 1178 na Praça do Correio; depois chegou ao seu bairro e levou a milésima batida policial, engoliu a seco, chutou tudo o que viu pela frente e foi dormir chorando de raiva, deve só imaginar o que sente a juventude mascarada.
O velho Mao disse certa vez: uma Revolução "não pode ser assim tão refinada, calma e delicada, tão branda, tão afável e cortês, comedida e generosa". Não vivemos nenhuma revolução até porque a ação dos blocos negros está muito longe da violência revolucionária, especialmente num país com as taxas de homicídio do Brasil. Só a PM mata mais gente do que alguns países em guerra declarada.
Excessos? Sem dúvida. Não advogo aqui tudo o que se faz sob a tática dos blocos negros. Acredito que nem eles. Quando uma esquerda revolucionária retomar seu lugar nas ruas, talvez eles voltem para o fundo das periferias de onde saíram e deixem a direita e a esquerda aliviadas.
Para os que têm dúvidas como eu, repetiria o que me disse um colega há muitos anos numa greve: “Eles estão errados, mas se a repressão está do outro lado, eu não tenho dúvida. Estarei sempre do lado de cá.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Por que eu apoio os Black Blocs

Acusados de "sequestrar" os protestos dos professores no Rio de Janeiro na noite de segunda-feira, os Black Blocs, como são conhecidos os manifestantes que usam roupas e máscaras pretas e costumam empregar táticas polêmicas, têm dividido a opinião pública no Brasil.
Os críticos descrevem os membros e simpatizantes do grupo como vândalos e baderneiros que depredam o patrimônio público e privado, incluindo ataques contra agências bancárias e prédios do governo – como a tentativa de incêndio na sede da Câmara Municipal de Vereadores do Rio.
De acordo com as autoridades locais, além dos ataques à Câmara, pelo menos nove agências bancárias foram depredadas, um ônibus foi incendiado e outros dez também foram atingidos. Prédios foram pichados, e outros estabelecimentos comerciais também foram danificados, incluindo o Consulado de Angola.
Mas há também os que defendem o resultado das ações do grupo, argumentando que, embora discutíveis, elas aumentam a pressão sobre as autoridades e chamam a atenção do país e do mundo justamente para as manifestações que são acusados de "sequestrar".
Formado em Rádio e TV, o produtor de vídeo e ativista Rafael Puetter, de 27 anos, é um dos cariocas que saem em defesa do grupo, embora ressalte que, apesar de apoiar os Black Blocs, não recorre à violência quando sai às ruas do Rio.
Para Puetter, é vísivel que o número de manifestantes que aderiram às táticas do grupo vem crescendo nos últimos meses. Leia abaixo o depoimento ao repórter da BBC Brasil Jefferson Puff em que Rafael diz por que apoia os Black Blocs.


"Os Black Blocs no Rio de Janeiro são diferentes de qualquer outro lugar do mundo, e colocam em prática ações diferentes. Há universitários, mas há também pessoas sem-teto e muitos pobres.
Há muitos ali que não têm nada a perder e nem têm noções políticas sobre o que está acontecendo, mas agora todos estão em contato, e há uma interação e uma politização crescente.
Na Câmara dos Vereadores, na segunda-feira, já havia manifestantes dentro do prédio quando os Black Blocs chegaram. Elas pediram para que eles não começassem a depredar, já que a intenção era ocupar. Os Black Blocs nem sabiam que já havia gente ali dentro.
Em um dado momento alguém da ocupação disse 'olha, tem biscoito aqui, podem pegar', e muitos deles ficaram tão empolgados que chegaram a tirar os capuzes para comer, até na frente da polícia. Isso me chamou muito a atenção. Eram pessoas muito jovens e muito simples.
Eu acho que aqueles que não tinham o posicionamento político de um Black Bloc estão agora entrando em contato com outros que são bastante ativos politicamente, adquirindo mais conhecimento.
Há também pessoas mais velhas, mas com certeza a grande maioria é jovem.
É perceptível que eles são um grupo muito maior agora do que há quatro meses, quando começaram os protestos no país. No mínimo dez vezes maior.
Eu, pessoalmente, não uso as táticas dos Black Blocs, embora compartilhe basicamente as mesmas ideias. Eu respeito muito o grupo e tenho amigos pessoais que fazem parte e usam as estratégias deles.
Eu não quebraria nada, e nem atiraria pedras contra a polícia, mas acho que é uma ferramenta muito importante de resistência que acaba trazendo atenção para uma discussão que neste momento é muito maior do que vidraças quebradas.
Se os protestos estão se tornando mais violentos? Eu acho que eles têm sido violentos desde o início, especialmente levando em conta a ação da Polícia Militar.
Para mim, é difícil dizer para onde os protestos estão indo, mas olhando para o presente, é fácil ver que as pessoas não vão desistir. Quem vai para a rua não está desistindo, mesmo diante da violência da polícia.
O que vem por aí? Espero que coisas boas, mas a verdade é que as pessoas estão querendo mudanças, e as pessoas estão prontas para resistir e fazer essas mudanças acontecerem.
Eu acho que a relação das pessoas com os Black Blocs mudou muito nas ruas do Rio de Janeiro, especialmente depois da semana passada, quando os professores foram 'massacrados' pela polícia.
Os próprios professores têm agora defendido os Black Blocs, dizendo que eles ajudaram.
É importante ver também que eles são acusados de atos de 'vandalismo', mas as ações dos Black Blocs são sempre contra o patrimônio público ou privado, ou seja, prédios, e já a Polícia Militar ataca indivíduos, pessoas. É muito clara essa disparidade.
Eu vejo que, quando os Black Blocs agem como resistência contra esse massacre da população, acabam ganhando apoio.
Em junho, havia mais gritos de 'sem violência, sem vandalismo'. Na segunda-feira, a população aplaudiu quando eles chegaram."

terça-feira, 8 de outubro de 2013

“Não há violência no Black Bloc. Há performance”

Quebrar bancos não é violência, é performance. Esta é opinião de um manifestante dos black blocs, tática que vem ganhando adeptos no Brasil. Participante dos protestos em São Paulo na última semana, que resultaram na quebra de bancos e concessionárias, Roberto (nome fictício), de 26 anos, falou com a CartaCapital por e-mail sobre as ações. Ele explicou sua insatisfação com partidos, e os motivos que o leva às ruas para depredar símbolos capitalistas. Leia a entrevista abaixo:

CartaCapital: O que o motiva a fazer parte de um black bloc? São insatisfações com o sistema político, com partidos, com o capitalismo e o tipo de democracia que vivemos? Ou são outras razões mais específicas?
Roberto: O Black Bloc foi uma estratégia nascida em seio anarquista. Portanto, o que nos motiva é uma insatisfação com o sistema político e econômico em que vivemos. Para mim, as duas coisas são indissociáveis e têm problemas com raízes muito mais profundas do que partido X ou partido Y.
CC: De quantos protestos já participou, fazendo black bloc? Qual o primeiro?
Roberto: Fazendo Black Bloc, já foram três protestos. O primeiro foi o ato pela democratização da mídia, do dia 11 de julho. Mas antes já tinha participado de outras ações diretas, sem necessariamente a identificação com o Black Bloc. Por exemplo, os dois últimos atos pela redução da tarifa do transporte público, com a ação de queimar bandeiras do Brasil.
CC: Por que decidiu ir aos protestos e fazer parte do Black Bloc?
Roberto: Decidi ir porque considero a ação direta uma estratégia tão importante quanto a não-direta. Nossa sociedade vive permeada por símbolos, e saber usa-los é essencial em qualquer demanda, seja ela política ou cultural. Participar de um Black Bloc é fazer uso desses símbolos para quebrar pré-conceitos e condicionamentos. Não só do alvo atacado, mas até da própria ideia de vandalismo.
A sociedade tende a considerar a depredação como algo “errado” por natureza. Mas se nós sabemos e admitimos que os alvos atacados, em sua maioria agências bancárias até o momento, não foram realmente prejudicados – ou seja, os danos financeiros são irrisórios – qual é o real dano de uma estratégia Black Bloc? Por que deveria ser considerada errada a priori?
Não há violência no Black Bloc. Há performance.
CC: Não tem medo de ser preso ou de ser violentado pela polícia? Como lida com isso?
Roberto: Claro que tenho medo. Que ótimo que eu tenho medo. Existe o medo que paralisa e existe o medo que impulsiona. Lidamos com nosso medo nos organizando melhor, planejando nossas ações e debatendo cada estratégia.
Lidamos com nosso medo não sendo pegos.
CC: Você não se sente representado pelos movimentos sociais ou partidos? Por quê?
Roberto: Sinto-me “representado” por diversos coletivos ligados a movimentos sociais, como o MPL (Movimento Passe Livre), o DAR (Desentorpecendo A Razão), o CMI (Centro de Mídia Independente), a Marcha das Vadias etc. Existem outros que apoio fortemente, apesar de não poder dizer que me sinto representado porque isso seria hipocrisia: não é o meu perfil que eles querem (e devem) representar. Como exemplo, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto).
Não me sinto representado por nenhum partido político. Veja que a conotação de “representação” aqui é outra. Não me sinto representado por partidos porque não sou a favor de uma democracia representativa, mas sim de uma democracia direta. A forma como os partidos políticos estão configurados atualmente serve apenas dentro da lógica da democracia representativa.
CC: Você lê/estuda sobre anarquismo? Acha importante esse debate no contexto dos black blocs?
Roberto: Sim, estudo tanto autores clássicos quanto os mais recentes. Acho esse debate importantíssimo. Veja, a estratégia Black Bloc é uma estratégia performática antes de tudo. E com alto valor simbólico. Não se trata de depredar pelo simples prazer ou alegria de quebrar ou pichar coisas. Trata-se de atacar o símbolo que existe representado naquele local ou objeto físico. A formação política ajuda a manter esse foco bem-definido. Ajuda a pensarmos quais são os alvos que valem a pena e quais são os que se tornariam puro ataque gratuito.
Além disso, debater teoria política também nos permite reconhecer quem é mais afinado com suas ideias e maneira de pensar, dando oportunidade para outras estratégias, Black Bloc ou não. Todo debate vale a pena, ele cria desdobramentos.
CC: A imprensa vem tentando fazer uma diferenciação entre manifestantes pacíficos e violentos. O que acha dessa tentativa de dividir em duas categorias os que estão nos protestos?
Roberto: Acho ridículo. Primeiro porque essa diferenciação não é fixa. Existem manifestantes, muitos aliás, que transitam entre os ditos “pacíficos” e os “violentos” dependendo das estratégias, do ato, do grupo de afinidade e da situação. Usar de ações direta não é uma invalidação de outras estratégias. Todas são válidas, e é essa multiplicidade que nos confere força.
E segundo porque a noção de “Violência” é completamente deturpada. As ações de vandalismo e depredação não podem ser consideradas violentes simplesmente porque não são ataques contra pessoas, mas sim contra coisas. A palavra “violência” carrega uma ideologia de discurso preconceituosa e irracional e é usada para desqualificar as ações diretas a priori.
CC: Os movimentos sociais e partidos de esquerda costumam tentar o diálogo por vias institucionais. A ação direta nas ruas pode trazer mais mudanças que esses processos? Por quê?
Roberto: As ações diretas não invalidam o diálogo por vias institucionais. Quando atacamos uma agência bancária, por exemplo, não somos loucos ou ingênuos de acreditar que estamos ajudando a falir um banco. Mas nós estamos sim ajudando a tornar evidente o clima de instabilidade política e a insanidade da nossa sociedade capitalista.
As táticas Black Bloc são uma demonstração do poder que já existe nas mãos da população, e esse poder é normalmente desconsiderado pela simples existência das chamadas “vias institucionais”. Quando atuamos com ação direta, queremos também chamar atenção a isso, a essa multiplicidade de caminhos para atender as reivindicações sociais e à ineficiência de se utilizar apenas um, especialmente um que é viciado pelo próprio sistema onde está inserido. Queremos demonstrar que política também se faz com as próprias mãos.
Não queremos afirmar que as ações diretas nas ruas podem trazer mais mudanças que esses processos, mas sim que as ações diretas nas ruas podem trazer mudanças A esses processos. É mais pressão, mais autonomia.
CC: Quais você acha que devem ser os alvos de ações diretas e por quê?
Roberto: Bancos e outras instituições financeiras por simbolizarem o capital; algumas sedes administrativas do poder público, por simbolizarem o Estado; alguns monumentos públicos (a idolatria aos bandeirantes é fascismo histórico e valorização do genocídio, por exemplo); relógios públicos (são suporte para a publicidade e simbolizam a escravidão pelo tempo); concessionárias, por incentivarem nosso modelo falido de transporte e vida em sociedade.
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terça-feira, 1 de outubro de 2013

Drogas ficaram mais puras e baratas nos últimos 20 anos, diz estudo

Uma pesquisa realizada no Canadá revelou que as drogas tornaram-se mais baratas e mais puras ao redor do mundo nos últimos 20 anos, sugerindo um "fracasso" dos esforços para conter a produção, consumo e tráfico de entorpecentes.
O estudo do International Centre for Science in Drug Policy (Centro Internacional para a Ciência em Políticas de Drogas) foi publicado na revista científica British Medical Journal Open e avaliou programas de contenção e vigilância de governos de diferentes países.
De acordo com os responsáveis pela pesquisa, os governos deveriam passar a considerar o uso de drogas um aspecto de saúde pública, e não um assunto para a Justiça.
"Nós deveríamos procurar implementar políticas que colocam a saúde e a segurança no topo das nossas prioridades, e considerar o uso de drogas como um aspecto de saúde pública, ao invés de um problema para a Justiça criminal", diz Evan Wood, um dos responsáveis pelo estudo.
"Com o reconhecimento do improvável sucesso dos esforços para reduzir o fornecimento de drogas há uma necessidade clara para aumentar o tratamento do vício e de outras estratégias para diminuir de forma efetiva os danos relacionados ao uso de drogas", complementa.

Preços, pureza e disponibilidade
De forma geral, os números compilados pelo centro canadense mostram que entre 1990 e 2010 os preços das drogas caíram, enquanto a pureza e a potência aumentaram.
Na região andina (Peru, Bolívia e Colômbia) a apreensão de folhas de coca aumentou em quase 200% entre 1990 e 2007, mas isso não levou a uma grande redução do consumo de cocaína em pó nos Estados Unidos, colocando em xeque as políticas públicas focadas na contenção do fornecimento de entorpecentes.
Na Europa, o preço médio das drogas à base de ópio e da cocaína, reajustados de acordo com a inflação e o grau de pureza, diminuíram em 74% e 51% respectivamente entre 1990 e 2010.
Além disso, as drogas estão mais puras e mais disponíveis ao redor do mundo.
Os números do relatório mostram que houve um aumento significativo em diversos países com relação à apreensão de cocaína, heroína e maconha, conforme os registros governamentais desde 1990.
Para o centro baseado em Vancouver, a análise mostra que o foco baseado na contenção do fornecimento e criminalização tem falhado, e que outras estratégias, como a descriminalização, deveriam ser apreciadas.

Polêmica

A divulgação do estudo ocorre dois dias após um policial britânico de alto escalão ter dito que drogas como cocaína, crack, ecstasy, LSD e metadona deveriam ser descriminalizadas, e que os usuários deveriam receber cuidado e tratamento, ao invés de serem vistos como criminosos.
Para Mike Barton, a descriminalização eliminaria os rendimentos dos traficantes, destruindo seu poder. Outro aspecto positivo seria a criação de um "ambiente controlado", em que medidas para lidar com o assunto poderiam ser mais bem sucedidas.
Em resposta, o governo britânico disse que as drogas eram ilegais por serem perigosas. "Nós devemos ajudar os indivíduos que são dependentes com tratamento, ao mesmo tempo em que devemos garantir que a lei proteja a sociedade através da interrupção do fornecimento e do combate ao crime organizado que está associado ao comércio de drogas".
Entre os especialistas ouvidos pelo International Centre for Science in Drug Policy está o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que nos últimos anos vem defendendo novas estratégias para lidar com o assunto.
"Em resposta a um estudo como este, os governos em geral dizem que ‘as drogas são perigosas e por isso devem ser mantidas ilegais", diz.
"O que eles não consideram é que assim como esta e outras pesquisas já sugeriram, as drogas são mais danosas à sociedade, aos indivíduos e aos contribuintes – precisamente pelo fato de serem ilegais. Alguns países europeus já tomaram passos para descriminalizar várias drogas, e estes tipos de políticas também deveriam ser exploradas na América Latina e na América do Norte", avalia.