quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O que é o Anarquismo

“Ninguém se deslustra com ser anarquista; são-no algumas das maiores individualidades da atualidade; H. Spencer, Kropotkine, Eliseu Reclus, Tolstoi, Ibsen. isto é, o maior sociólogo, o maior apóstolo da liberdade, o maior geógrafo, o maior cristão, o maior dramaturgo. De maneira que: ou o anarquismo é uma utopia formidável ou uma fatalidade social”. (Dr. Silva Mendes – tese de doutoramento na Universidade de Coimbra).
O anarquismo é antes de tudo uma idéia, uma doutrina, uma filosofia de vida, sem fronteiras, universal, que teve e tem entre os seus adeptos-defensores algumas das mais ilustradas e brilhantes figuras no campo da ciência, das artes, da literatura, da filosofia, da sociologia e firma-se principalmente nos princípios naturais e básicos da razão, da liberdade total e consciente, na Igualdade de direitos e de deveres, na Paz e no Amor fraterno, na solidariedade humana Universal~
É humanista toda a sua filosofia de vida, sua doutrina, porque coloca o Homem como o Centro do Universo, como a célula mais importante de tudo que existe para desenvolver e preservar!
O desenvolvimento e o bem estar, no seu mais amplo sentido, é o maior cavalo de batalha dos anarquistas que não aceitam fronteiras para o saber; não distinguem raças, cores, idades e partem da firme convicção de que se pode e deve conseguir o máximo de bem-estar, de conhecimentos para todos de forma a permitir ao indivíduo, ser ele mesmo, cidadão livre, em terra livre.
Para ele, é fundamental o saber e a busca da cultura, em todos os campos, a fim de confrontar idéias, corrigi-las, numa evolução constante, no caminho da conquista dos meios de coexistência racionais, igualitários, em comunhão de bens sociais, onde não mais se levante a mão do forte para castigar o fraco; onde o jovem não ria do velho, do inválido; o branco do negro; o mais lúcido e hábil do menos capaz.
Partem sempre do simples para o composto, da unidade para o grupo, da base para cima, no sentido de alcançar a felicidade total e coletiva para a Humanidade.
Suas normas básicas são de mais liberdade, menos opressão; mais autodeterminação, menos mandatários; mais autogestão, menos chefes; mais cultura racionalista; menos ensino convencional; mais autoridade racional, menos autoridade irracional; mais realidade terra-à-terra, menos fantasia, (nos setores religiosos, políticos, nos convencionalismos personalistas burgueses, nacionalistas, sanitário e literário); mais solidariedade humana, menos filantropia-esmola!
O anarquismo é uma idéia e uma filosofia bem antiga. Lao Tsé, Confúcio, Mo Ti e tantos outros filósofos antecederam a Cristo 500 anos e já então pregavam a Igualdade entre os homens, a conscientização como força motora da conduta, a devoção ao trabalho, como condição de bem estar social e, mais do que isso, advogavam a renúncia a violência, à exploração do homem pelo seu semelhante.
Nesse sentido manifestou-se Moro, Campanella e tantos outros pensadores cujas idéias romperam até ao nosso século. Lao Tsé negou mesmo a validade do Estado, expressões que S. Clemente, S. Jerônimo e Santo Ambrósio haveriam de perfilhar muitos anos depois, não só no que se refere ao Estado, mas também no que toca à propriedade privada e ao acumulo de fortunas de uns poucos às custas do trabalho de muitos.
No Brasil, o anarquismo também marcou época a teve seus apóstolos, seus pregadores. Desenvolveu sua trajetória por meio de movimentos humanitaristas de solidariedade humana e apoio, chegando a participar nas lutas de classe vendo tombar seus mártires. Marginalizados seus princípios e doutrinas, não é demais estudá-los no instante em que todas as correntes políticas e ideológicas se perdem num galopante desejo de desforra, quando a violência toma lugar do bom senso, da solidariedade.

Amapá pode entrar na rota da exportação de soja a partir de 2015

Grãos do Centro-Oeste poderão ser exportados para a Europa através do AP.
Docas de Santana diz que produção local também será escoada.



O Amapá poderá ser rota para o escoamento de soja produzida na região Centro-Oeste do Brasil, a partir de 2015. Um projeto da Companhia Docas de Santana pretende incluir o porto do município de Santana, distante 17 quilômetros de Macapá, no trajeto dos grãos que são exportados para a Europa.

Segundo a diretoria da Companhia, os estudos iniciaram há 12 anos. A ideia é transportar a soja através da BR-163 e fazer uma interligação fluvial até o município de Itaituba, no Pará, e posteriormente, aos grandes portos da região da bacia amazônica.
Os grãos chegariam ao estado através de barcaças para transportar o produto até o Porto de Santana. Três silos estão sendo construídos no local e terão capacidade para armazenar até 57 mil toneladas de grãos.

“Essa estrutura vai comportar soja e também ração que chegarão ao Amapá pelo município de Miritituba para posterior exportação”, disse o presidente das Docas de Santana, Edval Tork.

Atualmente, a exportação de grãos da região Centro-Oeste do país para a Europa é feita pelo Porto de Santos, em São Paulo e pelo Porto de Paranaguá, no Paraná.

Produção Local
A soja que é produzida no Amapá também será incluída na rota de exportação, segundo a companhia. A estimativa de produção do grão em 2014 é de 12 mil toneladas, mas com aumento da safra, o número poderá passar de 40 mil toneladas em 2015.
“A tendência é que o nosso porto ainda suporte por um ou dois anos a produção local e a que virá do Centro-Oeste, mas posteriormente, teremos a necessidade de ampliar o espaço colocando mais píeres para realizar a exportação”, concluiu o presidente da companhia.
Fonte: G1 Amapá

sábado, 9 de agosto de 2014

Um pouco de Fenomenologia

A redução Fenomenológica

A fenomenologia é o estudo da consciência e dos objetos da consciência. A redução fenomenológica, "epoche", é o processo pelo qual tudo que é informado pelos sentidos é mudado em uma experiência de consciência, em um fenômeno que consiste em se estar consciente de algo. Coisas, imagens, fantasias, atos, relações, pensamentos, eventos, memórias, sentimentos, etc. constituem nossas experiências de consciência.
Husserl propôs que no estudo das nossas vivências, dos nossos estados de consciência, dos objetos ideais, desse fenômeno que é estar consciente de algo, não devemos nos preocupar se ele corresponde ou não a objetos do mundo externo à nossa mente. O interesse para a Fenomenologia não é o mundo que existe, mas sim o modo como o conhecimento do mundo se realiza para cada pessoa. A redução fenomenológica requer a suspensão das atitudes, crenças, teorias, e colocar em suspenso o conhecimento das coisas do mundo exterior a fim de concentrar-se a pessoa exclusivamente na experiência em foco, porque esta é a realidade para ela.
Noesis é o ato de perceber e o Noema é o objeto da percepção – esses são os dois pólos da experiência. A coisa como fenômeno de consciência (noema) é a coisa que importa, e refere-se à conclamação "às coisas em si mesmas" que fizera Husserl. "Redução fenomenológica" significa, portanto, restringir o conhecimento ao fenômeno da experiência de consciência, desconsiderar o mundo real, colocá-lo "entre parênteses", o que no jargão fenomenológico não quer dizer que o filósofo deva duvidar da existência do mundo como os idealistas radicais duvidam, mas se preocupar com o conhecimento do mundo na forma que se realiza e na visão do mundo que o indivíduo tem.

Consciência e Intencionalidade

Vivência (Erlebnis) é todo o ato psíquico; a Fenomenologia, ao envolver o estudo de todas as vivências, tem que englobar o estudo dos objetos das vivências, porque as vivências são intencionais e é nelas essencial a referência a um objeto. A consciência é caracterizada pela intencionalidade, porque ela é sempre a consciência de alguma coisa. Essa intencionalidade é a essência da consciência que é representada pelo significado, o nome pelo qual a consciência se dirige a cada objeto.
Em “A Psicologia de um ponto de vista empírico"- 1874 - Franz Brentano afirma: "Podemos assim definir os fenômenos psíquicos dizendo que eles são aqueles fenômenos os quais, precisamente por serem intencionais, contêm neles próprios um objeto". Isto equivale afirmar, como Husserl, que os objetos dos fenômenos psíquicos independem da existência de sua réplica exata no mundo real porque contêm o próprio objeto. A descrição de atos mentais, assim, envolve a descrição de seus objetos, mas somente como fenômenos e sem assumir ou afirmar sua existência no mundo empírico. O objeto não precisa de fato existir. Foi um uso novo do termo "intencionalidade" que antes se aplicava apenas ao direcionamento da vontade.

A Redução Eidética

Reconhecido o objeto ideal, o noema, o passo seguinte é sua “redução eidética”, redução à ideia. Consiste na análise do noema para encontrar sua essência. Isto porque não podemos nos livrar da subjetividade e ver as coisas em si mesmas, pois em toda experiência de consciência estão envolvidos o que é informado pelos sentidos e o modo como a mente enfoca aquilo que é informado. Portanto, dando-se conta dos objetos ideais, uma realidade criada na consciência, não é suficiente - ao contrário: os vários atos da consciência precisam ser conhecidos nas suas essências, aquelas essências que a experiência de consciência de um indivíduo deverá ter em comum com experiências semelhantes nos outros.
A redução eidética é necessária para que a filosofia preencha os requisitos de uma ciência genuinamente rigorosa de claridade apodítica, a certeza absolutamente transparente e sem ambigüidade - requisitos antes mencionados por Descartes. Os objetos da ciência rigorosa têm que ser essências atemporais, cuja atemporalidade é garantida por sua idealidade, fora do mundo cambiável e transiente da ciência empírica.
Por exemplo, "um triângulo". Posso observar um triângulo maior, outro menor, outro de lados iguais, ou desiguais. Esses detalhes da observação - elementos empíricos - precisam ser deixados de lado a fim de encontrar a essência da ideia de triângulo - do objeto ideal que é o triângulo -, que é tratar-se de uma figura de três lados no mesmo plano. Essa redução à essência, ao triângulo como um objeto ideal, é a redução eidética.

A Intuição do Invariante

Não importa para a Fenomenologia como os sentidos são afetados pelo mundo real. Husserl distingue entre percepção e intuição. Alguém pode perceber e estar consciente de algo, porém sem intuir o seu significado. A intuição eidética é essencial para a redução eidética. Ela é o dar-se conta da essência, do significado do que foi percebido. O modo de apreender a essência, Wesensschau, é a intuição das essências e das estruturas essenciais. De comum, o homem forma uma multiplicidade de variações do que é dado. Porém, enquanto mantém a multiplicidade, o homem pode focalizar sua atenção naquilo que permanece imutável na multiplicidade, a essência - esse algo idêntico que continuamente se mantém durante o processo de variação, e que Husserl chamou "o Invariante".
No exemplo do triângulo, o "Invariante" do triângulo é aquilo que estará em todos os triângulos, e não vai variar de um triângulo para outro. A figura que tiver unicamente três lados em um mesmo plano, não será outra coisa, será um triângulo. Não podemos acreditar cegamente naquilo que o mundo nos oferece. No mundo, as essências estão acrescidas de acidentes enganosos. Por isso, é preciso fazer variar imaginariamente os pontos de vista sobre a essência para fazer aparecer o invariante.
O que importa não é a coisa existir ou não ou como ela existe no mundo, mas a maneira pela qual o conhecimento do mundo acontece como intuição, o ato pelo qual a pessoa apreende imediatamente o conhecimento de alguma coisa com que se depara – que também é um ato primordialmente dado sobre o qual todo o resto é para ser fundado. Husserl definiu a Fenomenologia em termos de um retorno à intuição, Anschauung, e a percepção da essência. Além do mais, a ênfase de Husserl sobre a intuição precisa ser entendida como uma refutação de qualquer abordagem meramente especulativa da filosofia. Sua abordagem é “concreta”, trata do fenômeno dos vários modos de consciência.
A Fenomenologia não restringe seus dados à faixa das experiências sensíveis, pois admite dados não sensíveis (categoriais) como as relações de valor, desde que se apresentem intuitivamente.

Redução Transcendental

Embora tenha trabalhado até o final de sua vida na definição do que chamou Redução Transcendental, Husserl não chegou a uma conclusão clara. Basicamente seria a redução fenomenológica aplicada ao próprio sujeito, que então se vê não como um ser real, empírico, mas como consciência pura, transcendental, geradora de todo significado.
Para o fenomenólogo, a função das palavras não é nomear tudo que nós vemos ou ouvimos, mas salientar os padrões recorrentes em nossa experiência. Identificam nossos dados dos sentidos atuais como sendo do mesmo grupo que outros que já tenhamos registrado antes. Uma palavra não descreve uma única experiência, mas um grupo ou um tipo de experiências; a palavra "mesa" descreve todos os vários dados dos sentidos que nós consultamos normalmente quanto às aparências ou às sensações de "mesa". Assim, tudo que o homem pensa, quer, ama ou teme, é intencional, isto é, refere-se a um desses universais (que são significados e, como tal, são fenômenos da consciência). E por sua vez, o conjunto dos fenômenos, o conjunto das significações, tem um significado maior, que abrange todos os outros, é o que a palavra "Mundo" significa.
Na "Crise", Husserl descreve metodicamente duas vias para a redução transcendental, sendo uma por meio da reconsideração do "mundo-da-vida" já dado1 , e outra pela "psicologia".

Fenomenologia e Fenomenalismo

A fenomenologia não pode ser confundida com o Fenomenalismo, pois este não leva em conta a complexidade da estrutura intencional da consciência que o homem tem dos fenômenos. A Fenomenologia examina a relação entre a consciência e o Ser. Para o Fenomenalismo, tudo que existe são as sensações ou possibilidades permanentes de sensações, que é aquilo a que chamam fenômeno. O fenomenólogo, diferentemente do fenomenalista, precisa prestar atenção cuidadosa ao que ocorre nos atos da consciência, que são o que ele chama fenômeno.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fenomenologia

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Por que os Anarquistas não votam?

 Por Élisée Reclus

Tudo o que pode ser dito a respeito do sufrágio pode ser resumido em uma frase: Votar significa abrir mão do próprio poder.
     Eleger um senhor, ou muitos senhores, seja por longo ou curto prazo, significa entregar a uma outra pessoa a própria liberdade.
     Chamado monarca absoluto, rei constitucional ou simplesmente primeiro ministro, o candidato que levamos ao trono, ao gabinete ou ao parlamento sempre será o nosso senhor. São pessoas que colocamos “acima” de todas as leis, já que são elas que as fazem, cabendo-lhes, nesta condição, a tarefa de verificar se estão sendo obedecidas.
      Votar é uma idiotice.
     É tão tolo quanto acreditar que os homens comuns como nós, sejam capazes, de uma hora para outra, num piscar de olhos, de adquirir todo o conhecimento e a compreensão a respeito de tudo. E é exatamente isso que acontece. As pessoas que elegemos são obrigadas a legislar a respeito de tudo o que se passa na face da terra: como uma caixa de fósforos deve ou não ser feita, ou mesmo se o país deve ou não guerrear; como melhorar a agricultura, ou qual deve ser a melhor maneira para matar alguns árabes ou negros. É muito provável que se acredite que a inteligência destas pessoas cresça na mesma proporção em que aumenta a variedade dos assuntos com os quais elas são obrigadas a tratar.
     Porém, a história e a experiência mostram-nos o contrário.
   O poder exerce uma influência enlouquecedora sobre quem o detém e os parlamentos só disseminam a infelicidade.
   Nas assembléias acaba sempre prevalecendo a vontade daqueles que estão, moral e intelectualmente, abaixo da média.
     Votar significa formar traidores, fomentar o pior tipo de deslealdade.
     Certamente os eleitores acreditam na honestidade dos candidatos e isto perdura enquanto durar o fervor e a paixão pela disputa.
     Todo dia tem seu amanhã. Da mesma forma que as condições se modificam, o homem também se modifica. Hoje seu candidato se curva à sua presença; amanhã ele o esnoba. Aquele que vivia pedindo votos, transforma-se em seu senhor.
     Como pode um trabalhador, que você colocou na classe dirigente, ser o mesmo que era antes já que agora ele fala de igual para igual com os opressores? Repare na subserviência tão evidente em cada um deles depois que visitam um importante industrial, ou mesmo o Rei em sua ante-sala na corte!
    A atmosfera do governo não é de harmonia, mas de corrupção. Se um de nós for enviado para um lugar tão sujo, não será surpreendente regressarmos em condições deploráveis.
     Por isso, não abandone sua liberdade.
     Não vote!
    Em vez de incumbir os outros pela defesa de seus próprios interesses, decida-se. Em vez de tentar escolher mentores que guiem suas ações futuras, seja seu próprio condutor. E faça isso agora! Homens convictos não esperam muito por uma oportunidade.
    Colocar nos ombros dos outros a responsabilidade pelas suas ações é covardia.
    Não vote! Vote Nulo!