sábado, 28 de janeiro de 2012

Lábia Universal

Poucos lugares do planeta fornecem terra mais fértil para uma mensagem de cura e prosperidade do que Moçambique. Com 90% da população tentando sobreviver com menos de dois dólares por dia, com metade das crianças sofrendo com desnutrição crônica, o país africano tornou-se um poderoso centro de captação de adeptos para a Igreja Universal do Reino de Deus, a Iurd.
Um exemplo do poder que a neopentecostal brasileira adquiriu em Moçambique ocorreu numa manhã de setembro de 2011. A Iurd promoveu o chamado “Dia de Decisões” (ou “Dia D”), um megaculto realizado no Estádio Nacional de Maputo, capital moçambicana. Teve como objetivo promover curas e demonstrações de fé e, claro, atrair novos fiéis. A igreja reuniu 42 mil pessoas no local e ainda viu outras 30 mil se aglomerarem do lado de fora, acompanhando via telão. As pessoas carregavam rosas nas mãos, símbolo do evento. A compor a massa estavam, entre ou-tros desesperados, jovens vítimas de poliomielite com suas bengalas, camponeses idosos descalços e vendedores ambulantes a sonhar com uma recompensa maior.
O megaculto marcou um ano lucrativo para a Iurd em Moçambique. O canal de televisão da igreja, a TV Miramar, ratificou-se como a líder de audiência. O seu apóstolo, Edir Macedo, foi recebido pelo presidente, Armando Guebuza. O chamado “Cenáculo da Fé”, um megatemplo para cultos, foi inaugurado em Maputo. E, por último, a concentração de populares no Dia D, que contou com a presença do primeiro-ministro Aires Ali e da ministra da Justiça, Benvinda Levy, entre outros figurões da política local.


Durante 20 anos de existência em Moçambique, a Iurd cresceu sempre além das expectativas e apesar das vozes contrárias de seus críticos. Nos primeiros anos da expansão, a Iurd enfrentou o então ministro de Cultura e Desporto, Mateus Katupha, que criticou o uso de instalações esportivas para eventos religiosos (enquanto seu atual sucessor presenciou o Dia D in loco). Em meados dos anos 1990, o falecido Carlos Cardoso, estrela do jornalismo moçambicano, publicou uma série de editoriais dizendo que a Iurd constituía uma empresa, ao invés de uma igreja, e como tal, deveria ser sujeita a impostos. -Concorrentes do canal Miramar – a TIM e a STV – têm feito reportagens sobre ex-fiéis da Iurd que entregaram as suas casas à igreja, na esperança de recompensas divinas.
Até hoje, epítetos como “Pastores Ladrões” e a “Igreja de Burla” (fraude), em homenagem à Universal, ecoam nos transportes públicos em Maputo. Descontentes com a igreja de Edir Macedo existem aos borbotões.
Num grupo de coral de outra igreja, a reportagem encontrou três personagens que lamentam ter participado dos quadros da Iurd. Graça entregou um crédito bancário no altar da Iurd para resolver um conflito com seu marido. Selma, que procurou seu filho durante 20 dias na Suazilândia e, aconselhada por um pastor, doou 1,2 mil dólares à igreja antes de tomar conhecimento do seu assassinato. E Felicidade, que interrompeu a construção da sua casa e deixou 25 sacos de cimento no quintal da igreja para se beneficiar de uma bênção anônima.
As três senhoras recordavam as exortações, entrevistas individuais e visitas à casa feitas pelos pastores da Universal, prática posteriormente considerada pelas três como mecanis-mo de manipulação.
Apesar das críticas, a Iurd estabeleceu-se como um ancoradouro na corrente principal da sociedade moçambicana. Nenhuma das queixas-crimes apresentadas contra a Iurd já logrou uma decisão judicial. A TIM e a STV cobram alto pelo enquadramento dos spots da Iurd em suas programações. A imprensa independente, apesar dos comentários ocasionalmente mordazes contra ela, deixa-se subsidiar pela propaganda. Um anúncio recente mostra um grupo de fiéis levantando retratos do presidente Guebuza durante uma “oração pela paz” da Iurd.
Tensões antigas com membros do gover-no foram resolvidas por meio de uma sutil simbiose com a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), o partido no poder. “Certo, há muitos críticos”, assentiu José Guerra, fundador e presidente da Iurd em Moçambique. “Mas a Igreja fica mais cheia todos os dias.”
Para o Dia D, a estratégia de coerção da Universal assumiu o estilo das campanhas eleitorais. Caminhões com alto-falantes percorreram de forma constante os bairros de Maputo durante dois meses, tocando uma quizomba (música típica) sob encomenda.
A base da publicidade era um pôster, onipresente nas paredes e nos esgotos de Maputo, demonstrando o poder cura-tivo da fé: um par de pés coberto de repugnantes lesões (“Antes”) e, do outro lado, outro par, saudável e sem mancha nenhuma (“Depois”). “Meu nome é Armando”, anunciava o cartaz. “Sofri com feridas nos pés durante muito tempo. Mas, no dia em que tomei a decisão de participar de uma concentração de fé, fui curado e hoje estou livre.”
A Iurd foi a primeira igreja evangélica a se implantar em Moçambique, depois da longa e devastadora “Guerra de Desestabilização” (1976-1992).
A memória da antipatia marxista à religião, durante os primeiros anos da independência e do catolicismo paternalista do estado colonial, permitiu que a Iurd encontrasse um povo aberto a uma nova forma de expressão religiosa. Ganhou adeptos com o mesmo discurso existente no Brasil: a flexibilidade das suas orações, a ausência de regras fixas para os fiéis e, acima de tudo, pela grandeza da sua promessa de transformação pessoal.
Para cativar os fiéis, a Universal utiliza-se das mesmas mandingas e talismãs típicos das religiões afro de Moçambique, justamente as que tanto criticam por, na visão da própria Iurd, promoverem “feitiçaria”. A utilização de um óleo abençoado e um tratamento espiritual à base de envelopes com dicas a seguir (e pedidos de donativos) são de praxe. “Eles entendem de feitiçaria e tradição africana muito bem. Dão incensos, pulseiras e todas as coisas que um curandeiro dá”, afirma o Pastor Claudio Mulungo, da concorrente Igreja Maná.
A Igreja Universal, como a própria admite, tem a ousadia de prometer milagres a quem tiver a ousadia de pedi-los com convicção – muitos deles ambíguos e presenciados pela reportagem.
E todos os “milagres” do Dia D tenderam ao “infalível” frente às câmeras do Miramar. Um idoso com dores crônicas nas pernas conseguiu correr e tornou-se, nas palavras do pastor acompanhante, um paraplégico curado. Quando voltou a sentar, o senhor me confiou, em voz baixa, que seus pés recomeçaram a doer. Na lógica da Iurd, não “ser abençoado” ou não se beneficiar de um milagre qualquer significa um sacrifício insincero, uma fé insuficiente por parte do fiel. Os milagres malogrados (como o de um rapaz em cadeira de rodas, acorrentado a um cateter, a quem o testemunho público nem foi proposto, apesar do esforço feito para se levantar) não são divulgados. O mais importante é mostrar o sentimento do possível, de acreditar numa inversão da pers-pectiva calvinista: quem for um crente perfeito terá recompensa sem limite.
Dois dias antes do Dia D, Alice Mabota, presidente da Liga Moçambicana de Direitos Humanos (LDH), folheou o Código Penal, detendo-se no crime de burla – obtenção dos bens de outrem por meios fraudulentos.
A aplicação da lei a donativos religiosos poderia estabelecer um prece-dente polêmico: os partidários da Iurd defendem-se de acusações de burla por invocarem a livre e espontânea vontade dos doadores. Porém, existem casos na Iurd, afirma Mabota, que se aproximam de contratos verbais.
O escritório de serviços paralegais da Liga em Maputo recebe, com regularidade, reclamações de burla contra a Iurd, mas os queixosos sempre desistem antes de levar os seus casos à Procuradoria. Algumas disputas laborais da Iurd (por dispensas ilícitas, dívidas à segurança social, discriminação entre moçambicanos e brasileiros) foram resolvidas por acordos de indenização em favor de ex-funcionários da igreja, que já gastou mais de 100 mil dólares com isso. Várias grandes empresas estrangeiras em Moçambique já foram penalizadas dessa forma. Porém, os poucos processos de crime já iniciados contra a Iurd, segundo Mabota, são reféns de uma instrução opaca por parte da Procuradoria.
“Em um Estado normal, (esses casos) receberiam uma decisão. Mas aqui, não. É por causa do poder de influência da igreja através do medo.” As atividades da igreja de Edir Macedo em Moçambique não parecem ter suscitado o menor interesse das autoridades tributárias. “Aqui, em Moçambique”, disse Felicidade, antiga integrante da Universal, “eles (a Iurd) fazem e desfazem, porque o nosso governo aceita.”
Alice Mabota enumerou vários membros influentes do governo adeptos da igreja de Macedo. “Por que nossos dirigentes a frequentam?”, interrogou-se.
“Para mim, é o governo a cuidar de si mesmo. Quando chega a hora de votar, eles vão mobilizar todo o povo da Igreja Universal para votar neles.”
Ela vê um padrão de exploração no discurso de esperança ilimitada e sacrifício material promovido pela Universal. “O que é que vão decidir no Dia D?”, perguntou-me, dias antes do evento: “Vão decidir ter marido, vão decidir ter emprego, vão decidir serem ricos. Acha que é verdade? Mas como dizer a uma pessoa que não tem instrução para não acreditar nisso se deseja tanto acreditar?”.
No Dia D, após a “hora dos milagres”, a multidão foi instruída para voltar para casa com as suas rosas, que atrairiam todo o ruim, todo o mal no ambiente, para depois as levarem a uma Igreja Universal no domingo seguinte, a fim de serem incineradas. “As coisas mudam pouco a pouco”, concluiu Amélia, uma fiel que esperava para partir na boleia de um caminhão.
“Não vale a pena mudar de igreja só por não ver um milagre todos os dias. O Dia me mostrou que Deus existe”, insistiu. Mas eu liguei dias depois para Amélia e, até hoje, sua rosa ficou em casa.

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Vale vence prêmio de pior empresa do mundo

Após 21 dias de acirrada disputa, a mineradora brasileira Vale foi eleita, nestaquinta, 26, a pior corporação do mundo no Public Eye Awards, conhecido como o “Nobel” da vergonha corporativa mundial. Criado em 2000, o Public Eye é concedido anualmente à empresa vencedora, escolhida por voto popular em função de problemas ambientais, sociais e trabalhistas, durante o Fórum Econômico Mundial, na cidade suíça de Davos.
 
Este ano, a Vale concorreu com as empresas Barclays, Freeport, Samsung, Syngenta e  Tepco. Nos últimos dias da votação, a Vale e a japonesa Tepco, responsável pelo desastre nuclear de Fukushima, se revesaram no primeiro lugar da disputa, vencida com 25.041 votos pela mineradora brasileira.
De acordo com as entidades que indicaram a Vale para o Public Eye Award 2012 – a Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale (International Network of People Affected by Vale), representada pela organização brasileira Rede Justiça nos Trilhos, e as ONGs Amazon Watch e International Rivers, parceiras do Movimento Xingu Vivo para Sempre, que luta contra a usina de Belo Monte -, o fato de a Vale ser uma multinacional presente em 38 países e com impactos espalhados pelo mundo, ampliou o número de votantes. Já para os organizadores do prêmio, Greenpeace Suíça e Declaração de Berna, a entrada da empresa, em meados de 2010, no Consórcio Norte Energia SA, empreendimento responsável pela construção de Belo Monte, foi um fator determinante para a sua inclusão na lista das seis finalistas do Public Eye deste ano.
A vitória da Vale foi comemorada no Brasil por dezenas de organizações que atuam em regiões afetadas pela Vale. “Para as milhares de pessoas, no Brasil e no mundo, que sofrem com os desmandos desta multinacional, que foram desalojadas, perderam casas e terras, que tiveram amigos e parentes mortos nos trilhos da ferrovia Carajás, que sofreram perseguição política, que foram ameaçadas por capangas e pistoleiros, que ficaram doentes, tiveram filhos e filhas explorados/as, foram demitidas, sofrem com péssimas condições de trabalho e remuneração, e tantos outros impactos, conceder à Vale o titulo de pior corporação do mundo é muito mais que vencer um premio. É a chance de expor aos olhos do planeta seus sofrimentos, e trazer centenas de novos atores e forças para a luta pelos seus direitos e contra os desmandos cometidos pela empresa”, afirmaram as entidades que encabeçaram a campanha contra a mineradora. Em um hotsite (http://xinguvivo.org.br/votevale/) criado para divulgar a candidatura da Vale, forma listados alguns dos principais problemas de empreendimentos da empresa no Brasil e no exterior.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Em São Paulo, pobre não pode morar no centro

Moradores do Moinho irão conhecer área prometida para a moradia na Ponte dos Remédios
16/01/2011

Aline Scarso
Joana Tavares
da Redação,
  

Os moradores da comunidade do Moinho, no bairro Campos Elíseos, centro de São Paulo, realizaram nesta sexta-feira (13) uma assembleia para discutir nova proposta apresentada pela Prefeitura voltada para as 365 famílias que tiveram suas casas destruídas por um incêndio no dia 22 de dezembro. Segundo Neide Aparecida Campos, da associação dos moradores, a proposta contempla o pagamento de uma bolsa aluguel por 10 meses e depois eles seriam transferidos para uma moradia social na Ponte dos Remédios, na zona oeste da cidade. Caso as obras não fiquem pronta a tempo, a bolsa seria prorrogada.
As pessoas que tiveram suas casas destruídas e se interessaram pela proposta deram seus nomes e irão conhecer a região no fim de semana. Para as outras 500 famílias que moram na comunidade, a prefeitura prometeu realizar uma outra conversa, marcada para os próximos quatro meses, em que se definirá a construção de moradias no próprio centro. “Voltamos felizes [da reunião], porque precisava de uma proposta mais concreta para o pessoal que ficou sem nada. Mas vamos só ver se a prefeitura vai mesmo cumprir a promessa de conversar com a gente até o meio do ano, porque depois começa a política das eleições, aí já viu, né?”, questiona Neide.
Na semana passada, os moradores rejeitaram a proposta que colocava que todos seriam transferidos da comunidade. A intenção deles é lutar por seu direito à moradia na própria região, onde trabalham e constituíram suas vidas.
O mecânico Paulo Rodrigues Silva perdeu os documentos, um cachorro e tudo o que tinha depois que o barraco que ocupava junto com a mulher Ana Paula Ferreira pegou fogo no dia 22 de dezembro, junto com os outros barracos do prédio do Moinho, uma fábrica abandonada no bairro Campos Elíseos, região central de São Paulo.
Com o boletim de ocorrência registrado no 77º Departamento de Polícia em mãos, Silva lista os bens que perdeu e fala sobre o trabalho que terá para reconstruir a vida, organizar a sua casa e comprar novos eletrodomésticos e móveis. “Será muito difícil e a gente sabe que a prefeitura não quer que a gente fique aqui. Estão fazendo uma cachorrada com a gente, tentando nos colocar para fora do terreno”, afirma.
O sentimento de insegurança da comunidade em permanecer no local é geral. Desde que o incêndio ocorreu, expulsando do prédio do Moinho 365 famílias, a Prefeitura tenta negociar a retirada de todos os moradores que vivem no terreno de terra batida sob o viaduto Engenheiro Orlando Murgel, ao lado de uma linha de trem da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
Junto às 365 famílias se somam outras 500, constituídas basicamente por trabalhadores de baixa renda que sobrevivem, apertados, em barracas e casebres improvisados, servidos de energia elétrica, água e esgoto. A maioria trabalha no centro como pedreiros, faxineiras, catadores e camelôs, e seus filhos estudam em escolas da região.
“O [prefeito Gilberto] Kassab (PSD) promete nos dar essa área há um tempão,outros prefeitos também já prometeram. Agora vamos ver o que vai resolver”, destaca o pedreiro. Ele faz parte de uma centena de pessoas que, desabrigadas pelo incêndio, preferiram morar perto da comunidade que seguir para os albergues disponibilizados pela Prefeitura. Como justifi cativa, dizem que têm medo de serem esquecidos nesses espaços e que preferem lutar para conquistar o direito de permanecerem na área ocupada há cerca de 30 anos.
Outras 116 pessoas foram alojadas em albergue cedido pelo poder municipal. Apenas duas semanas depois, dois outros locais foram abertos para receber os atingidos. A Aliança Misericórdia, que atua no Moinho desde 2004, critica que a alimentação foi fornecida apenas para a minoria que optou sair da comunidade, e que o restante teve que se virar com o apoio dos outros moradores e de doadores externos.
“Recolhemos dois galpões lotados de doações. Além da Aliança, Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, emitiu uma carta que foi para todas as paróquias, por isso recebemos tanta coisa. Há desde alimentos não perecíveis, até roupas, brinquedos”, explica Leandro Rafael, da Associação Aliança Misericórdia.
Ele diz que a campanha de doações foi encerrada, e que agora recebem contribuição em dinheiro, para fazer a aquisição e reforma de um galpão onde vai funcionar uma creche, demanda antiga dos moradores, já que a prefeitura não construiu nenhuma para as 900 crianças que moram no Moinho.
O bairro Campos Elíseos, onde fica a comunidade, é vizinho aos bairros da Luz e Santa Ifigênia que, de acordo com a Prefeitura, serão reurbanizados com novos empreendimentos imobiliários. Para isso, somente na região da Santa Ifi gênia, a remodelação urbana prevista no projeto Nova Luz causará a desapropriação e demolição de 30% da região. Para os moradores do Moinho, está claro que a Prefeitura pretende retirá-los do centro de São Paulo para continuar com os projetos de “embelezamento do centro”.

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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Internet tem efeito similar ao de drogas ou álcool no cérebro, diz pesquisa

Viciados em internet têm alterações similares no cérebro àqueles que usam drogas e álcool em excesso, de acordo com uma pesquisa chinesa.
Cientistas estudaram os cérebros de 17 jovens viciados em internet e descobriram diferenças na massa branca - parte do cérebro que contém fibras nervosas - dos viciados na rede em comparação a pessoas não-viciadas.
A análise de exames de ressonância magnética revelou alterações nas partes do cérebro relacionadas a emoções, tomada de decisão e autocontrole.
"Os resultados também indicam que o vício em internet pode partilhar mecanismos psicológicos e neurológicos com outros tipos de vício e distúrbios de controle de impulso", disse o líder do estudo Hao Lei, da Academia de Ciências da China.

Computadores

A pesquisa analisou o cérebro de 35 homens e mulheres entre 14 e 21 anos. Entre eles, 17 foram classificados como tendo Desordem de Dependência da Internet, após responder perguntas como "Você fez repetidas tentativas mal-sucedidas de controlar, diminuir ou suspender o uso da internet?"
Os resultados então descritos na publicação científica Plos One, que poderiam levar a novos tratamentos para vícios, foram similares aos encontrados em estudos com viciados em jogos eletrônicos.
"Pela primeira vez, dois estudos mostram mudanças nas conexões neurais entre áreas do cérebro, assim como mudanças na função cerebral, de pessoas que usam a internet ou jogos eletrônicos com frequência", disse Gunter Schumann, do Instituto de Psiquiatria do King's College, em Londres.
O estudo chinês também foi classificado de "revolucionário" pela professora de psiquiatria do Imperial College London Henrietta Bowden-Jones.
"Finalmente ouvimos o que os médicos já suspeitavam havia algum tempo, que anormalidade na massa branca no córtex orbitofrontal e outras áreas importantes do cérebro está presente não apenas em vícios nas quais substâncias estão envolvidas, mas também nos comportamentais, como a dependência de internet."

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Quase 90% dos aglomerados subnormais ficam em locais com mais de um milhão de habitantes

A localização e distribuição dos aglomerados subnormais estão associadas ao papel das cidades na rede urbana do país.
Dos 6.329 aglomerados subnormais identificados em 323 municípios do país, 88,2 % deles ficam em regiões metropolitanas com mais de 1 milhão de habitantes.


De acordo com o relatório do IBGE, "na Região Norte, grande parte dos municípios, os aglomerados subnormais se formaram em áreas ribeirinhas sujeitas a inundações periódicas. Na Região Nordeste, eles se concentravam nas Regiões Metropolitanas.
Nas regiões Sul e Sudeste, cerca da metade dos municípios com aglomerados estava em Regiões Metropolitanas e, o restante, em municípios do interior dos estados. Na Região Centro-Oeste havia somente municípios com aglomerados subnormai sem Regiões Metropolitanas e no Distrito Federal.

O que são aglomerados subnormais?

Favela, invasão, grota, baixada, comunidade, vila, ressaca, mocambo, palafita são diferentes tipos de ocupação irregular existentes no país.
O IBGE considera aglomerado subnormal todo "conjunto constituído de, no mínimo, 51 unidades habitacionais (casas, barracos, palafitas etc.) carentes, em sua maioria, de serviços públicos essenciais (abastecimento de água, disponibilidade de energia elétrica, destino do lixo e esgotamento sanitário" ocupando ou tendo ocupado, até período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou particular) e estando dispostas, em geral, de forma desordenada e densa.

 
Em 2010, 11.425.644 pessoas, ou 6% da população brasileira, moravam em aglomerados subnormais existentes em 323 municípios. Elas estavam distribuídas em 3.224.529 domicílios, concentrados na Regiâo Sudeste (49,8%). O número de pessoas vivendo nas referidas áreas irregulares subiu 75% entre 2000 e 2010.